VW precisa de reformas urgentes para não ter o mesmo destino da Nokia
Quem o diz é o CEO do grupo, Herbert Diess, numa reunião tida com os gestores de topo do grupo VW.
Para Herbert Diess, “o tempo dos construtores de automóveis tradicionais acabou! Precisamos de uma reviravolta radical na nossa orientação.” Tudo isto foi dito pelo CEO do grupo durante uma reunião interna com a gestão do grupo VW.
Diess entende que a empresa deve adotar a tecnologia digital, dando como exemplo a valorização bolsista da Tesla. Para Herbert Diess é a prova que o ambiente competitivo está a mudar. Apesar da VW ter mostrado resiliência e capacidade de dar a volta a situações complicadas durante 2019, o CEO do grupo VW entende que serão precisas medidas adicionais porque a mudança da industria já arrancou. Para ele, a VW tem de acelerar a sua transformação sob pena de lhe acontecer o que sucedeu à Nokia, que perdeu o domínio do mercado dos smartphones para a Apple.
“A questão é esta: estamos a ser rápidos o suficiente? Acho que não e se continuarmos à velocidade atual, vai ser muito, mas mesmo muito duro.”
Ou seja, para Herbert Diess, a VW tem a necessidade de melhorar as suas valência em termos de software e de eletrónica nos seus veículos, bem como incrementar a produção de veículos elétricos e de baterias, para que o grupo possa cumprir com as regras anti poluição.
“Ou seja” diz Diess, “este é, porventura, o mais difícil desafio alguma vez enfrentado pela VW.” E tudo isto mantendo a margem de lucro operacional em 2020 na mesma fasquia de 2019. Para isso terá de reduzir a complexidade da gama, aumentar a produtividade e continuar a cortar nos custos, escolhendo melhor “as guerras” onde participa. Por exemplo, a VW vai reduzir o investimento na pesquisa e desenvolvimento da pilha de combustível, já que os carros elétricos serão, pelo menos nos próximos 10 a 20 anos, mais competitivos, mas também na divisão MOIA, grupo de serviços de mobilidade. “Precisamos de reduzir a nossa dispersão de recursos e estica-los ao limite, até que cheguemos a uma situação de maior rentabilização” refere Diess, indo mais longe ao dizer “temos que nos focar mais no lucro que no volume de vendas.” E deu um exemplo. “Vejam a Bentley. 10 mil carros entregues com uma margem de lucro operacional pouco acima de zero. Eu prefiro vender 5 mil carros e ter uma margem operacional de 20%!”
Para cumprir com esta vontade de Herbert Diess, o grupo VW vai começar a colocar o foco nos seus pontos fortes e deixar de lado o acessório ou aquilo que poderá perturbar a subida da margem de lucro operacional. A venda da Traton, a divisão de pesados foi o primeiro passo, falando-se, agora que o grupo VW procura novos donos para a Renk e no caso da MAN Energy Solutions. Ou seja, Diess está a arrumar a casa.
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