‘Ter carro, quanto custa?’ Em Portugal, a taxa de esforço é de 141%…
Há muitas razões para os custos cada vez maiores, mas os preços dos carros, tal como aconteceu com os restantes produtos e serviços, não escaparam à inflação. Juntando os efeitos da Covid-19, aos causados pela Guerra na Ucrânia, a inflação crescente tem dificultado a aquisição de novos veículos por parte dos consumidores, que pensam já duas vezes antes de tomarem grandes decisões de investimento.
Em média, o último veículo adquirido pelos portugueses custou 16 mil euros, um valor que fica próximo da média europeia e que mostra bem que carros estamos a comprar…
Ainda assim, 77% dos inquiridos no novo estudo Observador Cetelem Automóvel 2023 – “Ter carro, quanto custa?” – acreditam que continua a ser possível comprar um carro, mas à custa de esforços financeiros. Por fim, 15% já acreditam que compra de carro está reservada apenas a pessoas com capacidade financeira.
O novo estudo Observador Cetelem Automóvel 2023 – “Ter carro, quanto custa?” – conclui isso mesmo, ao constatar que, na maioria dos países onde se realizou o estudo (18 no total), se observa uma diminuição nos volumes de venda dos veículos novos, ao mesmo tempo que o preço das viaturas novas aumentou num ritmo superior ao aumento dos rendimentos das populações.
Mas, afinal, quanto é que os consumidores pagam atualmente por um automóvel?
Tendo em conta os dados do estudo, o preço médio pago pelos condutores portugueses entrevistados quando compraram a última viatura foi de 16.110€, um valor próximo da média europeia (16.712€).
A nível europeu, a Polónia é o país onde o preço médio dos veículos adquiridos é o mais baixo (7.964€). Por outro lado, a Noruega (20.169€) e a Alemanha (20.084€) apresentam os valores mais elevados.
Já a nível mundial, o preço médio é ligeiramente mais baixo (16.181€) do que a média europeia.
Um preço razoável… nas viaturas usadas
Esta evolução constante do preço das viaturas, no entanto, não afetou o valor percecionado pelos consumidores em relação ao preço de um veículo, uma vez que 79% dos condutores consideraram que o preço de compra da sua última viatura foi “razoável”.
Porém, quando são analisados mais detalhadamente estes resultados, os dados revelam a existência de uma divisão acentuada entre os compradores de veículos usados e os de novos. 77% dos que adquiriram veículos usados demonstram maior satisfação com a relação entre o montante despendido e o valor que atribuem ao automóvel, em comparação com apenas 57% dos compradores de veículos novos. Uma clivagem significativa encontrada em todos os países do estudo.
Comprar carro, sim, mas a que custo?
Apesar desta avaliação entre o preço e valor percecionado se manter positiva para a maioria dos inquiridos, tal não significa que perspetivem facilidade na compra, considerando o aumento do custo de vida. De acordo com o Observador Cetelem Automóvel 2023, 77% dos condutores portugueses consideram que continua a ser possível comprar um carro, mas à custa de mais esforços financeiros.
É importante igualmente sublinhar que entre os inquiridos para o estudo, encontramos um sentimento crescente de que o automóvel se encontra reservado a apenas a algumas pessoas. Em Portugal, são já 15% dos cidadãos a acreditar que comprar um veículo se encontra reservado apenas a quem tem capacidade financeira. Importa, ainda, notar que este sentimento se acentua, em geral, entre aqueles que não são proprietários de veículos, com 3 em cada 10 a partilhá-lo.
A comprovar claramente esta perceção dos consumidores, o relatório realizado pela Statista – uma plataforma que consolida dados estatísticos a partir de milhares de fontes internacionais –, que analisou o nível da taxa de esforço medida pela relação entre o preço de uma viatura e o rendimento médio anual, aponta que esta taxa parece estar próxima e acima de 100% em alguns países, o que significa que adquirir uma viatura custa um ano inteiro de rendimentos para alguns indivíduos.
Em Portugal, a taxa de esforço de acordo com este relatório é de 141%.
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