“Sergio Marchionne”: a biografia do ex-patrão da FCA desaparecido em 2018
O livro foi publicado hoje pela editora Sperling&Kupfer e trata-se da biografia do mítico ex-CEo da Fiat Chrysler Automobiles, falecido em julho de 2018 devido a complicações após intervenção cirúrgica. A autoria do mesmo é de Tommaso Ebhardt, o jornalista da Bloomberg destacado para cobrir as novidades da FCA há muitos anos.
A biografia do executivo italiano contou com a participação de Mike Manley, atual CEO da FCA e braço direito de Marchionne e do diretor financeiro, Richard Palmer. O livro revela, entre outras coisas, que Manley e Palmer eram os candidatos escolhidos por John Elkann, o presidente da Fiat Chrysler Automobiles, para suceder a Sergio Marchionne, depois de receber a notícia que o seu amigo não regressaria ao ativo após as complicações surgidas na sequência de uma circurgia. Foi na reunião de 21 de julho que John Elkann fez essa proposta.
Porém, nas horas dramáticas que mediaram entre esta reunião e a morte de Marchionne, Richard Palmer colocou-se fora da corrida pela liderança da FCA, deixando via aberta para o CEO da Jeep, a divisão mais rentável da FCA, Mike Manley. Foi assim que John Elkann propôs a subida do britânico aos comandos da FCA, depois de ter feito um excelente trabalho na Jeep. Manley conseguiu que as vendas da Jeep subissem de 300 mil em 2009 para mais de 1,6 milhões em 2018.
Richard Palmer não explica as razões para não concorrer com Mike Manley, evitando falar disso nas suas declarações para a biografia. Porém, Palmer manteve-se na FCA como diretor financeiro, trabalhando próximo de Mike Manley e de John Elkann na definição da estratégia do grupo e fazendo do conselho de administração, tendo a seu cargo a responsabilidade de aquisições e fusões.
No livro “Sergio Marchionne”, Richard Palmer revela que “todos os que trabalharam com o Sergio saíram enriquecidos dessa experiência. Marchionne não pensava nele como um executivo, considerava-se um reparador de problemas. Detestava soluções de longo prazo, ele só queria resolver imediatamente os problemas.” Para o atual diretor financeiro da FCA, o legado de Sergio Marchionne é uma inspiração. “Ele costumava dizer que a liderança é um privilégio e por isso ele sentia a responsabilidade de conseguir fazer funcionar toda a equipa e toda a organização.”
O livro revela, ainda, que John Elkann não foi informado sobre os graves problemas de saúde de Marchionne até bem próximo da morte do executivo italiano. Foi só quando visitou Marchionne no hospital de Zurique e foi impedido de entrar nos cuidados intensivos, percebeu que não teria o seu CEO e amigo de volta. E três dias depois falou com a companheira de Sergio Marchionne, Manuela Battezzato, confirmando que a situação era terminal e que o CEO da FCA não voltaria a Turim.
Morreu no dia 25 de julho de 2018 e o livro conta muitos dos detalhes da herança de Marchionne. “Embora a exata natureza da sua doença nunca tenha sido, oficialmente, revelada, Marchionne sabia que estava muito doente há cerca de um ano. Semanas antes da sua morte, foi levado para um hospital em Zurique, surgindo pálido e muito debilitado, mas mantendo o trabalho através dos seus telefones, gerindo o gigante FCA dessa forma. Mas quando subiu para a cirurgia no dia 28 de junho, tudo ficou em silêncio. Nunca mais aqueles telefones voltaram a funcionar. Apenas Manuela Battezzato e alguns familiares sabiam que tinha sido hospitalizado. Mais ninguém, incluindo Elkann e a administração sabia.”
Mas há mais revelações no livro. Marchionne tentou fundir a operação da VW nos EUA com a FCA, depois do escândalo Dieselgate, em 2015. Chamou-lhe o “Projeto Wulf”. Não aconteceu! Já no tempo do executivo italiano que existiam conversações para uma potencial fusão com a PSA e Marchionne disse a Carlos Tavares que estava interessado em discutir o asunto. Mas o CEO da FCA perdeu o interesse subitamente, com Tavares a negar ter feito alguma proposta.
Mas a grande operação era a fusão com a GM. Chamou-lhe Operação Cylinder. A General Motors rejeitou firmemente essa possibilidade. Mas Marchionne não desistiu.
“Em 2015, Marchionne tentou colocar de pé um sindicato bancário para financiar a operação de compra da General Motors. Eram 60 mil milhões de dólares. Mas rapidamente John Elkann percebeu que as condições não eram as melhores e que tudo era um risco financeiro demasiado alto para a endividada Fiat. Além disso, Barra (Mary Barra, CEO da GM) tinha o apoio dos americanos e dos investidores de topo como Warren Buffet. O “Oracle of Omaha” desencorajou a operação e disse a John Elkann que Mary Barra deveria ter uma oportunidade para gerir a GM.” Refere o livro que Sergio Marchionne ficou frustrado, mas adianta o livro que “foi realista o suficiente para admitir, em privado, que os americanos nunca o deixariam ganhar a batalha para retirar a primeira CEO mulher do maior construtor americano de automóveis.”
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