SEAT Leon Cupra ST: Um ‘passeio’ pelo Circuito do Estoril
O convite era irrecusável, e duma só vez poderíamos ter a possibilidade de aumentar a ‘bucketlist motores’, e logo com duas ‘cruzes’ quase ao mesmo tempo. Por um lado, poder andar ao lado de Manuel Gião no SEAT Leon TCR com que corre, ao lado de Ricardo Gomes, no TCR Ibérico, por outro, a possibilidade de guiar a SEAT Leon Cupra ST, com os seus 300 cv oriundos do motor 2.0 TSI, que, como se sabe, é o bloco mais potente na história da gama, a que se junta o sistema de tração integral 4Drive com caixa automática DSG.
Oportunidade única que não desaproveitámos, e como é habitual nestas situações, fica sempre a saber a pouco. Ter a possibilidade de rodar com um carro com este nível de potência em estradas abertas ao público nunca nos permite levar um ensaio aos limites, tal como devia acontecer sempre, e por isso uma pista como a do Estoril permite-nos ir bastante mais longe e a ficar a saber bastante melhor do que é capaz cada carro. Nesse particular, esta Leon Cupra não desiludiu em nada. A única coisa que ficou mesmo a faltar foi mais tempo de pista, pois como sempre sucede nesta situações, a cada volta realizada há sempre a possibilidade de ir um pouco mais além e confesso que os 300 cv desta motorização 2.0 TSI ‘aceitam’ com agrado outro tipo de mãos, pois a sensação que fica é que os limites da pista do Estoril estão longe.
No que foi possível reparar no rápido teste, a posição de condução é ótima, a direção fantástica e bem informativa, o ideal quando se guia depressa um carro de 300 cv. A primeira volta foi de aquecimento para ver bem as trajetórias, mas deu logo para perceber que o carro tem um diferencial eletrónico bem ‘calibrado’, pois tanto se perceciona o Cupra como um tração à frente, como se sente a propulsão, significando aí que a potência foi ‘mandada’ para trás.
Mas não deu para perceber muito mais. A carroçaria adorna q.b e há outro pormenor que se nota com veemência, talvez por esta versão ser a ST, mais longa que o Cupra ‘normal’. No final da reta da meta, já um bom bocado para lá dos 200 km/h, a forte travagem faz abanar bem a traseira. A colocação do carro nas trajetórias certas do traçado do Estoril: primeira curva a tocar por dentro no corretor, tocar na parte de fora à saída, e depois novamente no interior da curva 2, abrir para travar para a curva 3 e ‘fazer’ tudo por dentro novamente por cima do corretor, tudo isto sempre com a Leon Cupra ST ‘despreocupada’, e apesar de ser uma condução muito para além da que se pode fazer em estradas normais, nunca o carro espanhol se queixou do tratamento, percebendo-se que estava longe de começar a ‘gritar’ “cuidado!”.
Portanto, mais do que suficiente para a rapidez possível do “mundo real”. A caixa automática DSG, no modo Sport, faz passagens ‘honestas’, e não nos permite por o “pé em ramo verde” com facilidade. Na saída da curva 3 e na chegada à VIP nota-se que uns ‘cavalitos’ a mais não faziam mal nenhum, mas só naquela situação, pois desde a saída da VIP, novamente por cima do corretor à direita, é “o que der” até à travagem para a parabólica interior, notando-se que, ao contrário do fim da reta da meta, pelo facto da travagem não ser tão forte, já não se nota tanto a ‘soltura’ da traseira. O carro dá confiança para acelerar forte logo a meio da parabólica interior e sente-se o conjunto a puxar para fora, mas a velocidade a que se chega à curva da orelha é significativa e aí a Leon Cupra ST ‘treme’ um pouco mais que noutras zonas, mas ainda assim é possível sair rápido para a variante. Aí nota-se a agilidade do carro, pois a zona mais sinuosa do circuito não cria quaisquer problemas, quer seja no equilíbrio da travagem ou na força necessária para chegar depressa à entrada dos ‘S’. Nesta zona a potência é bem percetível, mas no seu esplendor só mesmo quando é possível acelerar a fundo para lá do meio da parabólica e nem o facto da força centrífuga empurrar bem para o corretor de fora é problema, porque se sente sempre aderência para acelerar o que o motor permitir. O ‘passeio’ foi curto, mas intenso!
Texto: José Luís Abreu
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