SAG vende SIVA à Porsche Holding por 1€ e bancos perdoam parte das dívidas
O negócio andava a ser burilado há vários meses e chegou, agora, a bom porto: a Porsche Holfind Salzburg (PHS) compra à SAG de João Pereira Coutinho a totalidade da SIVA por 1€ e a banca perdoa parte significativa da dívida como imparidades, aproveitando as duas empresas, SAG e SIVA, para acionarem um PER (Plano Extraordinário de Revitalização) que deu conforto à banca para assumirem esses prejuízos.
Em comunicado enviado na terça feira, a Porsche Holding Salzburg tem intenção de assumir a responsabilidade da gestão operacional no quarto trimestre deste ano. “No seguimento da reestruturação, sujeita a escrutínio judicial e aprovação das autoridades da concorrência da UE, a Porsche Holding Salzburg pretende assumir a responsabilidade da gestão operacional e comercial em Portugal, no quarto trimestre de 2019.”
Mais adiante, o comunicado refere palavras do CEO da PHS. Hans Peter Schutzinger, “estamos muito satisfeitos com mais este importante desenvolvimento para a nossa empresa. A médio prazo, Portugal irá ser uma das nossas maiores operações de importação com 30 mil novos veículos por ano e será um complemento ideal para as nossas atividades na região da Europa Ocidental.”
Contas feitas, a PHS rubricou uma cordo para adquirir a SIVA, importadora para Portugal das marcas Volkswagen, Audi, Skoda, Bentley, Lamborghini e VW Veículos Comerciais, à SAG SGPS AS, juntamente com a rede de retalho detida pela SIVA que conta com 11 concessionários em Lisboa e no Porto.
Em declarações á agência Lusa, Pedro de Almeida, administrador executivo da SIVA, salientou o facto de “estarmos muito satisfeitos com o acordo estabelecido com a Porsche Holding Salzburg” sustentando que “a perspetiva da nossa entrada para o maior grupo de distribuição automóvel europeu, permite-nos encarar com grande otimismo o futuro da nossa organização e das marcas que representamos.”
Em comunicado enviado á CMVM (Comissão do Mercado de Valores Mobiliários), a SAG de João Pereira Coutinho informou do acordo estabelecido com a PHS e com as instituições bancárias. Convirá lembrar que a SIVA passa a pertencer, integralmente, à Porsche Holding Salzburg, uma sociedade pertença do Grupo Volkswagen. Na mesma comunicação à CMVM, a SAG refere o acordo com as entidades bancárias que financiam e garantem a operação (Porsche, BCp, BPI, Caixa Geral de Depósitos e Novo Banco).
Os bancos vão assumir um perdão de dívida de 100 milhões de euros face á SIVA e 16 milhões de euros em relação à SAG, assumindo que não vão receber todos os créditos. O BPI, cuja participação no perdão à SIVA não foi quantificada (em relação à SAG serão 466 mil euros), já veio a público, através do seu presidente executivo, Pablo Forero. Citado pelo jornal Expresso, à margem da apresentação dos resultados do banco no primeiro trimestre, o responsável pelo BPI diz que “o banco já reconheceu todas as imparidades com a SAG – Soluções Automóveis Globais” adiantando que “as contas do BPI já refletem o impacto da SAG”. Porém, é entendimento do banco que “o plano de recuperação é razoável e faz sentido. Quando achas que a empresa está a fazer o trabalho de casa, mudas as pessoas que têm de mudar.” Porém, Forero não deixou de avisar que “estaremos muito atentos ao que acontece, porque se tudo correr bem até podemos recuperar parte das imparidades.”
Entretanto, segundo notícia do sítio de economia Eco, João Pereira Coutinho lançou uma Oferta Publica de Aquisição (OPA) sobre a totalidade da SAG para poder retirar da bolsa a empresa, pagando em numerário 0,0615 euros por cada título, um “prémio” curto para um título que esteve cotado na bolsa de Lisboa, na terça feira, a 0,57 euros. Quem vai assistir a esta operação é a Caixa Banco de Investimento e o Banco Comercial Portugal (BCP), sendo condição base de sucesso a recolha de 90% do capital disperso, sendo que João Pereira Coutinho tem uma posição de 88,8610% da empresa, através de participação direta (0,0023%) e indireta através IAMC – Investment and Assets Management (76,7%) e da SGC Investimentos (10,2%), sendo esta detida na totalidade pela IAMC.
Esta saída da bolsa e termino da atividade empresarial no ramo do setor automóvel servem para vender a totalidade da SIVA à PHS pelo referido euro, sendo que a SAG e a SIVA requereram um PER, com o acordo de disponibilização de recursos às empresas em dificuldade por parte do Volkswagen Finance Belgium, Audi Aktiengesellschaft, Skoda Auto e Volkswagen Aktiengesellschaft. Enfim, as empresas subsidiárias do grupo VW a quem a SIVA tem dívidas assinaláveis.
Como referimos acima, os bancos BCP, BPI, Caixa Geral de Depósitos e Novo Banco, aceitaram perdoar 100 dos 253 milhões de euros de dívida da SIVA e 16 milhões de euros de dívida da SAG, valores extintos por remissão através do PER. As empresas financeiras acima referidas, deverão acomodar nos seus balanços o restante da dívida. Os bancos vão assegurar até 31 de dezembro de 2019 as garantias bancárias necessárias para assegurar a importação de veículos e peças.
Contas feitas, segundo o sítio de internet ECO, a SAG de João Pereira Coutinho ficará com 40% do capital da Autolombos, 100% do capital da sociedade SIVA Defleet – Comércio de Automóveis e a totalidade das unidades de participação do Imocar, um fundo de investimento imobiliário fechado gerido pela Norfin, Sociedade Gestora de Investimento Imobiliários SA.
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