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Respeito no trânsito: Lisboa, Porto e Setúbal são os distritos com condutores mais rudes

By on 30 Maio, 2024

Respeito no trânsito. Um conceito que por vezes parece utópico, especialmente nas estadas mais movimentadas do país. Foi feito um ranking que categoriza os distritos onde os condutores são mais rudes e o top 3 não surpreende.

Para quem vive em grandes cidades, o trânsito acaba por ser algo que faz parte do seu quotidiano. As repercussões do trânsito fazem-se sentir por quem o enfrenta e por quem enfrenta pessoas que acabaram de perder largos minutos paradas num carro, em ritmo muitas vezes demasiado lento.

As infraestruturas são por vezes desadequadas para a quantidade de veículos que recebem. Isso é parte do problema. A outra parte está relacionada com o civismo, ou a falta dele. Há pessoas que pensam que quando entram num carro, se tornam invencíveis, intocáveis. Há pessoas que quando entram num carro, e estão atrasados, pensam que podem passar à frente de outras pessoas, sem olhar a meios para chegar a tempo ao seu destino. Pessoas que quando se sentam num carro, são possuídas por espíritos que os tornam em pilotos frustrados que apenas mostram o seu “talento” nas estradas onde outras famílias também circulam, sem culpa dos seus instintos suicidas.

Excessos são inevitáveis

Todos nós já cometemos excessos na estrada. Uma velocidade mais elevada, uma manobra mais arriscada, um desrespeito pelo código. Não há inocentes. Mas uma coisa é cometer excessos de forma pontual, por erro, ou por se achar que a circunstância não implicará demasiados riscos. Outra coisa é impor a sua vontade aos outros. Quem circula pelas estradas nacionais sabe bem o que isto é. As faltas de respeito, pelas outras pessoas e pela sua integridade física é muitas vezes chocante. E mesmo quando as velocidades são lentas há comportamentos reprováveis. Há quem vá para o trânsito como quem vai para a guerra… seja ela física ou verbal.

A Preply é uma plataforma online de aprendizagem de idiomas que conecta professores a alunos em 180 países. Fundada nos EUA em 2012, conta com mais de 40.000 tutores que ensinam mais de 50 idiomas. Em maio, 500 portugueses de todas as regiões foram entrevistados online sobre a comunicação no trânsito. As 10 questões abordaram experiências de agressão verbal e física, uso de linguagem obscena e atitudes que desencadeiam conflitos entre condutores e pedestres. As respostas foram organizadas em rankings, mostrando os percentuais de cada alternativa apontada pelos participantes.

Lisboa, Porto e Setúbal com os condutores mais rudes

A pesquisa revela que Lisboa, Porto e Setúbal têm os condutores mais rudes de Portugal, conforme apontam os próprios portugueses. O estudo, que investigou a comunicação entre condutores e pedestres, indica que 8 em cada 10 portugueses já presenciaram agressões verbais no trânsito, e 44% foram vítimas diretas.

Em contraste, Évora, Beja e Aveiro foram considerados os distritos com os condutores mais gentis. O estudo destaca que a impaciência é uma característica comum nas estradas portuguesas, com 78% dos inquiridos a testemunhar agressões verbais e 50% a presenciar agressões físicas, das quais 16% foram vítimas. Será que as pessoas de Lisboa, Porto e Setúbal são muito diferentes das do resto do país? Talvez não. Mas estão sujeitas a mais trânsito e a tudo o que isso provoca.

Os insultos mais usados

Muitos inquiridos reconhecem a importância de manter a paz no trânsito, mas admitem dificuldades na comunicação. Cerca de 67% usam palavrões para expressar irritação, e 3,6% fazem isso diariamente. Responder a insultos com mais insultos é comum, embora 60% evitem confrontos e 19,7% respondam calmamente. Lisboa, Porto e Setúbal são apontados como as regiões com os condutores e pedestres mais rudes, com 44,6%, 28,4%, e 3,6% dos votos, respetivamente.

72% usa insultos diretos (o estudo refere termos como “idiota” ou “imbecil”, mas a riqueza da língua portuguesa é explorada de forma bem mais intensa). Os comentários depreciativos sobre as habilidades de condução correspondem a 62% dos insultos, o típico levantar do dedo médio 58,3% e ofensas às características físicas 20,1%. Os comentários sobre o veículo são apenas 8,8%.

O respeito no trânsito é algo que pode e deve ser trabalhado. É uma característica social. Não significa que os portugueses são rudes. Se assim fosse, talvez não recebêssemos tantos turistas. Mas é preciso mudar atitudes nas estradas nacionais. Os números da sinistralidade mostram isso de forma clara. Todos teriam a ganhar com isso.

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