Renault redefine estratégia, corta gamas e abandona vários projetos
Para lá da crise do Covid-19, dos 5 mil milhões de euros de injeção de capital que vai receber do acionista Estado francês e dos prejuízos colhidos em 2019, a Renault, debaixo da batuta de Luca de Meo, vai redefinir a sua estratégia.
Foram 141 milhões de euros perdidos em 2019, vendas a recuarem e a Covid-19 a intrometer-se, demasiados problemas para Luca de Meo, o novo CEO da Renault cuidar em tão pouco tempo. Ainda não está ao leme, mas em julho o italiano vai assumir o controlo da casa francesa e a tarefa não parece nada fácil.
A parte financeira estará acautelada com o avanço do Estado francês – o PSA Group está a rentar evitar receber ajudas para não estragar, mais, a fusão com a FCA – fata agora redefinir a estratégia. Para já, a Renault recentrou esforços na China com veículos elétricos e utilitários, deixando de lado os modelos com motor térmico como o Captur, Kadjar e Koleos. E haverá, certamente, o fecho de fábricas, algo que Clotilde Delbos, a CEO interina da Renault, já tinha deixado claro quando disse que não havia tabus no que concerne o fecho de unidades de produção.
Vai ser virada a página Ghons e a Renault entrou na dança das cadeiras entre grupos franceses, na busca dos melhores: Gilles de Borgne saiu da DS para assumir o cargo de responsável pela engenharia e pela qualidade, Beatrice Foucher saiu da Renault para liderar a DS. Tudo para colocar em ordem as contas e o funcionamento da Renault, perfeitamente virado do avesso desde o escândalo Ghosn e a necessidade de salvar a Aliança Renault Nissan Mitsubishi.
Está na hora, também, de economizar e reparar erros inadmissíveis, como por exemplo, o erro informático que durante meses criou disrupções no centro logístico de peças da marca. No lado do corte de custos, a Renault já colocou fim a uma série de contratos, nomeadamente de pesquisa e desenvolvimento.
Como não se cansa de repetir Ali Kassai, o diretor de produto e programação do grupo Renault, “a Renault prepara uma transição para a mobilidade 100% elétrica até 2030.” Nesse sentido, a marca vai insistir nos produtos elétricos e a plataforma CMF-EV será instrumental para isso. Dessa base nascerá um SUV citadino, um SUV compacto equivalente ao Nissan Ariya e um SUV de grandes dimensões que deverá chamar-se… Alpine. A marca de Dieppe passará a ser o topo de gama da Renault, uma espécie de DS, retendo na base a Dacia. A hibridização será decisiva para a Renault e se o sistema E-Tech já está a chegar, a Renault tem mais versões desta tecnologia para lançar no futuro. Recordamos que tem versões híbridas e híbridas Plug In.
Quanto aos projetos abandonados, o Scénic não terá sucessor, ocupando o seu lugar, sem surpresa, um SUV que deverá ser o Kadjar e o Kadjar alongado na sua segunda geração, enquanto o Espace também acabará a sua existência com a atual geração. O projeto do novo Koleos foi colocado na prateleira, o mesmo sucede com o substituto do Talisman. A Renault terá duas gamas paralelas, uma com o Clio, Captur e Kadjar com ofertya de motores a gasolina, gasóleo e híbridos, e outra com produtos 100% elétricos com modelos SUV, compactos e topo de gama, todos feitos sob a mesma plataforma e com as mesmas mecânicas.
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