Regras de emissões sob o protocolo WLTP vão acabar com os citadinos?
A Volkswagen diz que sim, pois com tamanhas restrições às emissões poluentes e com os complicados e onerosos testes do novo protocolo WLTP, modelos como o Up deixam de fazer sentido em termos de negócio, pois não haverá lucro para recolher.
Jurgen Stackmann, o patrão do marketing e das vendas da VW, falou durante o Salão de Genebra sobre este tema, deixando claro que a proposta da União Europeia de cortar as emissões de CO2 em 37,5% em todos os carros em 2030, partindo dos níveis impostos em 2021, vai acabar com muitas gamas.
No próximo ano, todos os construtores terão de exibir uma média de emissões de CO2 de 95 gr/km. Por exemplo, um Up a gasolina ou a gasóleo, novo, emite mais que isso, debaixo do novo protocolo WLTP, o mesmo pelo qual todos vão ser aferidos daqui por diante.
Ora, a VW terá de vender o Up acima da média de emissões de CO2 regulamentar, obrigando que outras gamas tenham de ser vendidas abaixo das 95 gr/km para compensar. Sabendo-se que as margens de lucro das primeiras gerações dos modelos elétricos são curtíssimas devido ao investimento fortíssimo na plataforma MEB e que os citadinos libertam lucros ainda mais pequenos, não faz sentido em termos de negócio perder dinheiro para ter uma gama de citadinos.
“São veículos demasiado pequenos para a nova tecnologia e o motor nunca conseguirá cumprir os objetivos de CO2. Para vender um citadino, temos de vender um modelo puramente elétrico” lembrou Stackmann em Genebra.
Ou seja, a crença que a mobilidade elétrica estava instalada e que seria o paraíso para salvar os ursos polares, o planeta e a indústria, é uma falácia. Pelo visto, governos, ambientalistas e defensores sem quartel, da mobilidade elétrica estão demasiado focados numa explosão tecnológica que espalhará estilhaços por todo o lado e tornar a mobilidade privilégio de alguns e não de todos.
“A vida dos pequenos veículos citadinos e acessíveis será muito dura, pois se a União Europeia continua a insistir nestes níveis de emissões, não há possibilidade de ter um plano financeiro que justifique modelos como o Up” continua Stackmann, lembrando que “os políticos ainda não se aperceberam deste problema e fica a pergunta: o que vamos comprar no futuro se não pudermos comprar um carro novo?” Pois, é a pergunta que também nós fazemos.
O responsável pelo marketing e pelas vendas da Volkswagen referiu aos jornalistas que “iremos fazer tudo para tornar o e-Up o mais acessível possível”, mas sabemos todos que por muito esforço que seja feito, um Up elétrico nunca será barato como um Up a gasolina e as performances e autonomia serão, sempre, pobres.
Por isso, como dizemos acima, esta sanha persecutória sobre o automóvel com a vontade de ser mais papista que o papa, vai conduzir a maiores desigualdades e, como disse acima, a mobilidade elétrica irá conduzir muitos á compra de veículos antigos, mais poluentes e que vão piorar o ambiente. Porque a mobilidade sustentável será reservada a alguns e não a todos.
O erro dos políticos e dos ambientalistas é simples: olham a árvore, esquecem a floresta e com isso criam desigualdades e não resolvem o problema da poluição. Seria muito mais avisado e inteligente, manter os níveis de emissões como estão, resolver o problema dos carros velhos (não clássicos ou históricos) com mais de 10 anos, através de incentivos e ajudas ao abate, e só depois encontrar forma de democratizar o veículo elétrico, lado a lado com o motor de combustão interna que continua a se desenvolver e a ficar cada vez mais limpo. Construir a casa pelo telhado tem sempre um enorme problema: quando fica pronto acabará, inevitavelmente, por cair devido á falta de sustentação das fundações e das paredes.
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