Regras de emissões de CO2 ameaçam citadinos e utilitários
Alguns observadores e analistas do fenómeno automóvel dizem que as novas regras muito restritivas sobre as emissões de CO2 são uma ameaça aos carros pequenos e modelos como o Renault Clio podem ter os dias contados.
Os políticos e o seu histerismo estão a transformar o panorama automóvel do Velho Continente, com regras estapafúrdias que ameaçam a indústria automóvel europeia e ameaçam tornar-nos naquilo que os europeus menos desejam, em americanos!
Uma clara diferenciação entre os dois lados do lago está nos automóveis que gostamos. Os do lado de lá, os filhos do Tio Sam, adoram carros grandes, espalhafatosos, sem grandes preocupações com a sofisticação tecnológica ou com o comportamento. Os do lado de cá, os guardiões da história secular do continente que deu mundos ao mundo, preferem carros mais pequenos e muito mais sofisticados.
Ora, com estas estapafúrdias regras com limites idiotas e uma caça ao diesel que só piora a situação, já que os modelos a gasóleo promovem o equilíbrio nas emissões, vão os políticos começar a americanizar o povo europeu.
Segundo um analista da empresa Sanford C. Bernstein, o conhecido Max Warburton, “as novas regras de CO2 exigirão que os construtores apliquem tecnologia que custa milhões de euros a carros cuja margem de lucro é diminuta ou inexistente. Se os carros dos segmentos acima têm preços que acomodam o custo dessa tecnologia, os pequenos não.” Pelo que é fácil perceber que os segmentos citadinos e utilitários caminham para a extinção. E já há quem op esteja a fazer.
Como o AUTOMAIS já referiu, a Opel vai acabar com o Karl e o Adam (aqui também conta o insucesso dos modelos), o PSA Group já anunciou que a parceria com a Toyota para fazer o Peugeot 108 e o Citroen C1 dificilmente continuará e a Ford já acabou com a importação do Ka+, vindo da Índia. Até o grupo VW está a preparar o fim do Up com motores de combustão interna, sobrevivendo a versão elétrica, o que arrastará, também, o Skoda Citigo (que já tem, também versão elétrica) e o Seat Mii.
O caso mais flagrante é o da Mercedes, que despejou a Smart para os chineses da Zheijiang Geely Holding, e será na China que vão passar a ser produzidos os citadinos que até á bem pouco tempo eram feitos pela Daimler. Será já em 2022. Fica por saber o que vai fazer a Renault com o Twingo, mas caso a fusão com a FCA avance, o Tqingo terá os dias contados.
Mas as repercussões podem ser ainda maiores e caso as coisas se mantenham neste formato, o Grupo VW pondera o que fazer a modelos como o Audi A1, Skoda Fabia, Seat Ibiza, enfim, todos os utilitários que a marca possui, como o VW Polo, juntando-se a estes o Ford Fiesta, o Renault Clio, enfim, uma série de modelos que podem ter o seu futuro em risco. E atenção áquilo que a BMW terá de fazer para colocar a Mini dentro dos valores limite de 95 gr/km de CO2 na média de toda a frota de modelos de cada marca.
Mas, é assim tão grave a situação?
É grave, pois os citadinos e os utilitários, maioritariamente a gasolina, não conseguem descer das 95 gr/km sem eletrificação ou motorizações diesel. E os construtores têm de baixar dos 120 gr/km com que trabalhavam, para 95 gr/km de CO2 em 2020. Mas a partir de 2021, a coisa é ainda mais ridícula: corte de 15% no limite de emissões de CO2 e de 37,5% em 2025. Ou seja, nessa altura, a média de cada construtor deverá estar abaixo das 66 gr/km de CO2. Isso só será possível com forte eletrificação que permita compensar os outos modelos que vão ser os mais desejados pelos consumidores. No limite, pagar as multas pelo excesso de emissão de CO2 ou comprar créditos ambientais com marcas como a Tesla e outras.
Perante isto, fica evidente que o carro pequeno que compensava as emissões dos carros poderoso, deixam de fazer sentido, pois são um negócio que com estes limites deixa de fazer sentido!
Para piorar a situação, a União Europeia decidiu reduzir de forma drástica a emissão de NOx que entram em vigor em setembro de 2020. Estima-se que o custo de fazer um carro ser compatível com a norma Euro6d Temp irá custar, em média, dois mil euros por carro, seja diesel ou gasolina. E, já agora, a obrigatoriedade de oferecer de série vários equipamentos de segurança, adiciona custos que não são cobertos pelas vendas.
O preço médio de venda ao público de um utilitário, na Europa, rondou os 17.459 euros e 14.152 euros para os citadinos puros. Com estes preços, ter lucros acima de uma mão cheia de euros é complicado e por isso é que a maioria acabará por desaparecer, o segmento vai desaparecer e só falta começar a comprar “pick-up” para sermos iguais aos americanos…
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