Primeiro ensaio Toyota RAV4: este não é nada aborrecido!
Quando Akio Toyoda, presidente da Toyota, decidiu dar um murro na mesa e disse, alto e bom som que “não quero mais carros aborrecidos”, todos perceberam que havia que arregaçar as mangas e detar mãos ao trabalho. O novo RAV4 é disso exemplo, sendo totalmente diferente do antecessor e, deu para ver neste primeiro ensaio, nada, mesmo nada, aborrecido!
Dizem que nunca se deve julgar ninguém pela aparência, mas no caso do RAV4 até o podemos fazer porque se no primeiro embate fotográfico, ficou aquele torcer de nariz face a tanta linha retilínea e ao afastamento, quase total, daquilo que foi o estilo do anterior RAV4 que, na realidade, não passava de uma carrinha arregaçada. Não será o estilo do novo SUV da Toyota um arrebatador ou ganhador de prémios de beleza, nem sequer terá o impacto que carros como o GT86 ou mais recente Supra desfrutam.
Porém, mea culpa, o RAV4 ao vivo até é engraçado e a Toyota conseguiu, mesmo, arrancar alguns sorrisos e acenos de aprovação.
Não é consensual, mas as linhas angulares, as cavas das rodas parecidas com o que a Jeep costuma fazer e a aparência geral do carro, é agradável com uma frente agressiva do melhor efeito. Talvez a proporção entre a superfície vidrada e o corpo do carro pudessem ser um nadinha diferentes, mas no global a Toyota fez um bom trabalho.
Naturalmente que a nova geração do RAV4 oferece mais alterações: o carro está mais perto do chão 10 mm, a distância entre eixos foi aumentada em 30 mm, a carroçaria e o chassis estão mais rígidos e o centro de gravidade baixou.
Mas a grande novidade é a utilização da nova plataforma TNGA GA-K, sendo o RAV4 o primeiro a desfrutar deste avanço tecnológico juntamente com o Lexus Es, embora este numa versão diferente. Esta nova plataforma – cuja “mãe” é a plataforma usada pelo Prius – utiliza suspensões dianteiras do tipo McPherson, enquanto que atrás são oferecidas rodas independentes com duplo triângulo sobreposto. Não é grande novidade, mas o RAV4 abandonou o motor diesel e só estará disponível com o novo sistema híbrido da Toyoya, também ele renovado para o novo RAV4.
O sistema híbrido do RAV4 assenta no novo bloco 2.5 litros a gasolina com 178 CV que conta, nas versões de duas rodas motrizes, com um motor elétrico com 120 CV, o que combinado perfaz 218 CV. Para as versões 4×4, há mais um motor elétrico colocado no eixo traseiro com um total de 222 CV. No final deste texto encontra um link onde pode ler tudo acerca da técnica do novo modelo.
Interior está muito melhor
Aqui nota-se, ainda mais, a evolução experimentada pelo RAV4. O estilo não é, uma vez mais, arrasador, mas pelo menos a ergonomia está quase perfeita, a posição de condução é facilmente encontrada e o volante já não está tão em baixo como em outros modelos. Tudo onde se toca não tem a sensação de qualidade de outros modelos rivais, mas percebe-se que têm qualidade e são feitos para durar.
Onde a Toyota tem de evoluir, muito e depressa, é no sistema de info entretenimento. O grafismo está desatualizado, o sistema de navegação é lento e confuso e, inexplicavelmente, não oferece a compatibilidade Android Auto e Apple CarPlay, nem sequer como opção. Um ponto negativo para o RAV4, numa altura em que a conectividade é essencial.
Voltemos a coisas favoráveis no RAV4: habitabilidade. Há espaço a rodos no banco traseiro e na bagageira há excelente 580 litros de capacidade, que se podem estender a 733 litros (sem rebater o banco) até aos 1760 litros com o banco traseiro rebatido. E aqui abro um parêntesis, para falar do espelho interior. A Toyota decidiu, pela primeira vez, usar uma câmara localizada por baixo do spoiler traseiro, para transmitir imagens do que se passa atrás do carro. Essa imagem é transmitida no espelho interior que funciona como espelho e como ecrã. As imagens são de qualidade superior, mas a perspetiva não é a melhor e muitas vezes as coisas parecem mais perto do que na realidade estão. Não convirá usar esta função sempre, pois poderá haver algum erro em alguma altura, sendo conveniente optar pelo espelho convencional. Se encher o RAV4 de tralha até ao tejadilho, pois ai a câmara é excelente, oferecendo-lhe visão desimpedida para trás. E não se preocupe com a sujidade, pois a câmara estará sempre limpa pois está bem escondida e o limpa óculo traseiro encarrega-se de deixar a zona sempre limpa.
Comportamento interessante
O mau tempo que circunda a Europa fez das suas e quando nos aproximávamos do local onde iriamos colocar á prova o sistema i-AWD, eis que um nevão, não nuito forte, se abate sobre aquela zona e… adeus teste fora de estrada, olá sobrevivência até à descida para Barcelona. As estradas ficaram cheias de neve fresca e terra, o que criou uma papa que, algumas vezes, deixou-nos em condição menos confortável.
Porém, nos momentos em que a neve deu trégua e onde o piso estava praticamente seco, fiquei agradado com a forma como o carro é suave a rolar, mesmo que alguns ressaltos ou buracos mais pronunciados, perturbem este equilíbrio entre comportamento e conforto.
Nos poucos quilómetros feitos com estrada seca, o RAV4 impressionou com a forma como curva sem grandes mexidas da carroçaria (contributo do baixo centro de gravidade oferecido pela plataforma GA-K), tendo aqui que destacar a excelência dos bancos em nos manter no lugar quando o ritmo é maior. A direção mostra-se leve o suficiente, rápida e com alguma sensibilidade, um conjunto agradável e que contribui decididamente para o bom comportamento do RAV4.
Poderia haver um pouco mais de aderência do eixo dianteiro e o ESp poderia ser menos intrusivo, mas a verdade é que mesmo em pisos molhados e muito escorregadios, o RAV4 comporta-se de forma muito competente e dentro do segmento dos SUV, posso estar enganado, mas parece-me ser dos melhores. E depois, tenho sérias dúvidas que o meu caro leitor vá andar a pensar em corridas com o seu RAV4 e por isso, olhando à utilização que será dada ao Toyota RAV4, este é muito competente.
Infelizmente, a Toyota continua a optar pelo caminho mais fácil que o mais acertado e por isso continuam a usar baterias de hidretos metálicos de níquel e não de iões de lítio e uma caixa de variação continua CVT e não outra opção. No primeiro caso, a bateria esvazia-se facilmente e obriga o motor a carrega-la com o natural consumo de combustível. O RAV4 não tem tecnologia “Plug In”, o modo elétrico serve apenas para o arranque e mais uma mão cheia de quilómetros, e por isso a Toyota deveria pensar em fazer um “Plug In” para o RAV4.
Quanto à caixa CVT, continua o mesmo problema de sempre, ou seja, o barulho que o motor faz não rima com a velocidade mantida e como o novo bloco tende a ser ruidoso perto do regime máximo (5700 rpm), o sistema torna-se irritante e desconfortável. Como resolvemos isto? Bom, utilizar uma forma de condução mais suave, acelerando com menor vigor e isso acabará por mitigar esta situação. O outro lado da moeda é a utilização em cidade. Aqui, o sistema está como peixe na água, sendo suave, silencioso e agradável de utilizar, destacando-se o tal modo elétrico, curto, mas agradável de usar em cidade.
Veredicto
O RAV4 vai estar disponível entre nós com várias versões e preços, não muito simpáticos, mas oferecendo um nível de equipamento muito elevado. Porém, não tem rivais, exceção feita ao CRV Hybrid, que ainda não chegou a Portugal e que não tem melhor aspeto, não anda mais e não consome menos que o RAV4. Portanto, este Toyota é uma espécie de ilha no meio de um mar de modelos a gasóleo, tem muito bom aspeto, espaço interior e uma bagageira generosa. Ou seja, pode ser esta uma boa altura para comprar um SUV híbrido amigo do ambiente.
FICHA TÉCNICA
Toyota RAV4 Hybrid
Motor4 cilindros em linha, injeção direta, VVT-i (escape) e VVT-iE (admissão); Cilindrada (cm3)2487; Diâmetro x curso (mm)87,5 x 103,48; Taxa compressão14,0; Potência máxima (cv/rpm)178/5700; Binário máximo (Nm/rpm)221/3600 – 5200; Transmissão e direçãoTração dianteira, caixa CVT; direção de pinhão e cremalheira, com assistência elétrica; Suspensão(fr/tr)Independente tipo McPherson; independente duplo triângulo; Dimensões e pesos(mm)Comp./largura/altura 4600/1855/1685; distância entre eixos 2690; largura de vias (fr/tr) 1610/1640; travões fr/tr. Discos vent.; Peso (kg)1750; Capacidade da bagageira (l)580/733/1690; Depósito de combustível (l)55; Pneus (fr/tr)235/45 R18; Prestações e consumos aceleração 0-100 km/h (s) 8,4; velocidade máxima (km/h) 180; Consumos Extra-urb./urbano/misto (l/100 km) – / – /5,7; emissões de CO2 (g/km) 128; Preço (Euros)entre 38.790 e os 52.790 euros
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