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Toyota bZ4X – Ensaio Teste

Primeiro ensaio Toyota Corolla: o regresso do carro mais vendido do mundo

By on 15 Março, 2019

Arrisco dizer que Corolla é o nome mais conhecido de toda a indústria automóvel mundial e com 45 milhões de unidades vendidas após 53 anos de existência e onze gerações, é o carro mais vendido em todo o Mundo! 

Apesar disso, a Toyota foi ingrata e afastou-o dos grandes palcos para dar espaço à vaidade da casa japonesa que pegou na palavra latina para ouro (aurum) e chamou Auris àquela que seria a décima geração do Corolla. Um erro absurdo que durou demasiado tempo (treze anos!) mas que acaba de ser corrigido com o regresso do Corolla, ainda por cima, agarrado aquele que deverá ser um dos mais interessantes e agradáveis desenhos de toda a história do Corolla.

Nova plataforma, novo estilo, carro novo

O patrão da Toyota, Akio Toyoda, prometeu muitas coisas ao longo da sua prolongada carreira à frente dos destinos da casa japonesa, mas uma das mais sensíveis foi “nunca mais faremos carros aborrecidos”. Pode parecer um mantra, mas a verdade é que a Toyota está diferente no que toca ao estilo e o novo Corolla é disso prova evidente.

Mas além dessa novidade de um estilo agressivo, mas com qualidade e bom gosto, o Corolla oferece mais coisas. Tem com base uma nova plataforma, a TNGA que tem como prioridade, um bom comportamento em estrada e durante o desenvolvimento, os responsáveis pelo projeto tinham como missão fazer um carro desejável. A carrinha, por exemplo, foi mesmo pensada para os gostos europeus!

Partilhando com o C-HR a plataforma, o Corolla foi desenvolvido de forma diferente e por isso recebeu uma nova caixa de direção, mais rápida, uma suspensão traseira de eixo independente multibraços, mais desenvolvida e, evidentemente, um centro de gravidade mais baixo.

Não há diesel, apenas híbridos e gasolina

Como todos já sabem, a Toyota acabou com os motores diesel – afinal só os vendia, praticamente, na Europa… – e no seu lugar temos uma novidade na Toyota: duas motorizações híbridas. A primeira é conhecida e tem como base o bloco 1.8 litros com ciclo Atkinson, o segundo é totalmente novo e conta com um motor de 2.0 litros igualmente com ciclo Atkinson. Também há um bloco 1.2 litros sobrealimentado com 116 CV (0-100 km/h em 10,3 segundos, 200 km/h de velocidade máxima, 6,2 l7100 km e 141 gr/km de CO2), que completa a gama de motorizações. Os primeiros têm uma caixa CVT, o terceiro motor uma caixa manual de seis velocidades.

Os dois blocos híbridos têm responsabilidades diferenciadas, segundo uma nova filosofia da Toyota que, mantendo a filosofia de proteção do ambiente, passa a oferecer nas suas gamas uma versão focada nos baixos consumos e baixas emissões, outra mais virada para a performance. Ou seja, agora pode escolher entre salvar os ursos polares e conduzir um Corolla pacífico, ou ter um Corolla mais entretido.

Nenhum dos motores híbridos tem tecnologia “Plug In” porque a Toyota entende que um híbrido que carrega ele próprio as suas baterias, é mais que suficiente para conseguir, no típico trajeto pendular “casa- trabalho-casa”, fazer muitos quilómetros em modo elétrico e, consequentemente, poupar combustível.

O sistema híbrido com motor 1.8 litros tem uma potência combinada de 122 CV, chega dos 0-100 km/h em 10,9 segundos com uma velocidade máxima de 180 km/h, com consumos segundo o protocolo WLTP de 4,4 l/100 km e emissões de CO2 de 101 gr/km. Já o sistema com bloco 2.0 litros, oferece 190 CV, mantém a velocidade máxima nos 180 km/h, mas acelera dos 0-100 km/h em apenas 7,9 segundos, ou seja, menos três segundos que o 1.8 litros. No que toca aos consumos, 5,2 l/100 km e emissões de 118 gr/km, uma vez mais, cifras homologadas debaixo do protocolo WLTP.

Ambos utilizam a caixa CVT, mas o 2.0 litros oferece patilhas no volante para que possa ter a sensação que anda a passar de caixa. Só a sensação, já que sendo de variação contínua, tudo é apenas simulado.

Outra novidade do Corolla e que só está ao alcance de marcas com algum músculo financeiro, é a oferta, simultânea, de três carroçarias: Sedan com 4 portas, “hatchback” com 5 portas e a carrinha Touring Sports que, na minha opnião, é simplesmente linda.

Em resumo, o novo Corolla, com a aplicação da nova plataforma TNGA (Toyopta New Global Architecture) oferece uma posição de condução melhorada, menos 10 mm no Centro de Gravidade, tem mais 60% de rigidez na carroçaria, menos 40% de fricção nas suspensões e oferece inédita gama de motorizações híbridas com 1.8 e 2.0 litros e um bloco a gasolina com 1.2 litros sobrealimentado.

Interior bem diferente do Auris

A posição de condução dos modelos da Toyota há muito tempo que é estranha, com o volante muito baixo que nos obriga a estar em cima do mesmo. Ora, uma das novidades é que o banco está 25 mm mais baixo que no Auris e que já não temos o volante em cima dos joelhos. Não está perfeito, mas melhorou imenso!

Portanto, não descemos para nos sentar, mas o acesso é fácil a bancos que até parecem desportivos, tal o apoio lombar e da bacia que proporcionam. E um apoio que não se traduz em dureza do banco, antes pelo contrário. 

Olhando para a habitabilidade, à frente é excelente, atrás é um pouco mais acanhado e passageiros de maior gabarito vão ter alguma dificuldade em arrumar as pernas e, especialmente, os pés. É que se baixarmos os bancos da frente na totalidade, praticamente desaparece o espaço para colocar os pés debaixo do banco. Por isso, se a habitabilidade é fundamental para si, deverá optar pela carrinha, não só porque tem uma maior distância entre eixos, mas porque há, realmente, mais espaço. Claro que se compararmos com o Auris, o Corolla tem mais espaço e na carrinha, essa diferença é grande: mais 10 cm na distância entre eixos e mais 5,8 cm de espaço atrás.

Outra novidade é o ecrã de 7 polegadas (o equipamento de entrada não tem este ecrã) que funciona como painel de instrumentos, existindo outro ecrã, desta feita com 8 polegadas (aqui é de série em todos os modelos) onde está o Toyota Touch 2, cujas funções podem ser controladas por botões. Infelizmente, acabou-se a originalidade chegados a esta fase e os botões e o “lettering” que anuncia as funções parece saído de um Corolla de há 20 anos. Bolas, com tanta tecnologia, tanta modernidade, não havia um ecrã sensível ao toque que englobasse estes botões? Já faz lembrar o relógio digital do Auris que alguém se terá esquecido de colocar no desenho original e depois ficou ali perdido no meio do tabliê.

A Toyota oferece, para algumas versões, um “head up display” de generosas dimensões onde surge quase tudo o que se pode ver no painel de instrumentos e no sistema de navegação, com boa qualidade. Depois, nova desilusão: o Toyota Touch 2 não foi atualizado, continua algo confuso e, para cúmulo, não tem Android Auto bem Apple CarPlay. Diz a Toyota que está a caminho, só não sabe quando. Oh valha-me Deus!

Nota final sobre o interior: a bagageira não é igual em todos os modelos. Se optar pelo bloco 1.2 litros turbo ou pelo 1.8 litros híbrido, é-lhe oferecido 361 litros de capacidade, no cinco portas. Se quiser o 2.0 litros híbrido, verá a bagageira diminuir para os 313 litros. Parece pouco, mas não é assim tão pouco e tem a ver com a maior bateria deste. 

Comportamento será melhor diz a Toyota

Infelizmente, o contacto com o Corolla foi muito curto e terei de esperar pelo ensaio ao carro para lhe dar a minha opinião sobre o comportamento do carro, que a Toyota reclama estar muito mais desportivo que o Auris.

Falar de desportivo com uma gama de motores orientada para a economia é um exagero. Certo é que dos quatro carros que experimentei de forma muito breve, o chassis me pareceu bem mais composto e rígido que o Auris. A caixa CVT também me pareceu, finalmente, rimar melhor com o motor, embora não tenha tido a oportunidade de puxar pelos blocos híbridos. Terei de reservar segunda opinião para mais tarde. Nos percursos que fiz em redor de Lisboa, o Corolla mostrou-se melhor insonorizado, suave e agradável de utilizar, embora para conseguir uma boa gestão do sistema híbrido, temos de andar com o pé levezinho e cumprir de forma muito estrita os limites de velocidade. Se o fizer, o Corolla é dos carros mais agradáveis de conduzir. O pior é que nem todos temos essa capacidade “zen” para andar tão devagar e com tantos cuidados com o acelerador.

Gostei da forma filtrada e refinada com que o Corolla enfrenta a estrada mais ou menos esburacada ou mais ou menos pejada de lombas. Quando a lomba é daquelas “quebra molas” sentimos o toque, mas fora desse extremo, o Corolla é dos carros mais confortáveis do segmento. Com o 2.0 litros ainda experimentei um pouco de aceleração e usar as patilhas, mas nem a simulação de passagem de caixa corre bem, nem a caixa reage bem a essa situação. Por isso é melhor mesmo deixar tudo como habitualmente. E volto a dizer, a caixa CVT pareceu-me mais adequada ao motor que anteriormente. O que já acontece no RAV4.

Também conduzi o 1.2 litros turbo com caixa manual de seis velocidade que, esperamos todos nos, tenha direito a uma versão Gazoo Racing e, depois, um Corolla GRMN à imagem do Yaris. Enquanto isso é um sonho meu – e de muitos adeptos da Toyota, creio – o 1.2 turbo é o carro mais divertido. Primeiro, não quer salvar ursos. Depois, tem uma caixa como deve ser, finalmente, pesa menos uma centena de quilos que os híbridos. Não é desportivo (não podia ser com 112 CV) mas sempre chega aos 200 km/h e é interessante de ser conduzido. Mas lá está, não andei o suficiente para perceber como é o comportamento.

Tenho de lhe dizer que a Toyota fez um belíssimo esforço ao equipar todos os carros, de série, com o Toyota Active Sense, um pacote de equipamentos cuja lista é longa: sistema de mitigação de acidente (ativo entre 10 e os 180 km/h), cruise control activo que pode parar o carro se estivermos num engarrafamento, deteção de peões e de ciclistas, aviso de desvio involuntário da faixa de rodagem e manutenção na faixa de rodagem que influi na direção para que o carro não se desvie, seja em linha reta, seja em curva. 

Verdicto

O Corolla, depois do RAV4, está a provar que levou a sério a promessa de Akio Toyoda e deitou para o lixo os carros aborrecidos. O carro tem muito bom aspeto, a carrinha é lindissima e o quatro portas é… um quatro portas. É um carro confortável, bem equipado e preocupado com o ambiente ao oferecer duas versões híbridas, uma mais ecológica, outra mais dinâmica, juntando-lhe um motor a gasolina pequeno que servirá para os que não gostem de complicações. E a Toyota Caetano soube fazer o esforço certo para oferecer o Corolla com preços agradáveis, olhando ao equipamento oferecido. Se é o melhor carro do segmento? Não. Mas é uma excelente proposta para a qual reservo melhor opinião quando puder tê-lo nas mãos mais que um par de quilómetros.

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