Primeiro ensaio Skoda Kamiq 1.0 TSI: um crossover espaçoso e confortável
Fecha-se o circulo sobre a gama SUV da Skoda com um crossover do segmento B, mais pequeno e barato que o Kodiaq e o Karoq.
A gama de SUV da Skoda é semelhante à da Seat e da Volkkswagen: os espanhóis têm o Arona, o Ateca e o Tarraco, os alemães o T-Cross, o T-Roc e o Tiguan. Na casa chega temos, agora, o Kamiq, o Karoq e o Kodiaq. Pode parecer confuso, mas com cada uma das marcas a terem estes três carros com as mesmas plataformas, há enorme poupança de recursos. Ou seja, a mesma fórmula para três marcas.
Interior (muito) espaçoso
No caso do Kamiq, a Skoda decidiu seguir um caminho ligeiramente diferente, pois o Kamiq não é um SUV com todos os predicados, mas sim um “crossover” que mistura uma carrinha com um SUV e um cinco portas, mas com o estilo típico dos SUV Skoda.
Naturalmente que há prós e contras nesta fórmula, não existindo quase nenhuma surpresa quando abrimos a porta do Kamiq.
O habitáculo do novo modelo da Skoda replica aquilo que conhecemos no Karoq e no Kodiaq, ou seja, há várias zonas revestidas por materiais suaves ao toque, nomeadamente, onde as mãos chegam, pois nas outras zonas, os plásticos são de menor valia, nomeadamente nos puxadores das portas, nas zonas dos porta copos, na parte inferior da consola central, enfim, temos de nos recordar que este é um carro do segmento B.
Este modelo pode ter o painel de instrumentos digital que pode ser personalizado de várias formas, enquanto que a ideia de minimalismo do interior do Kamiq leva a que não haja botões para alterar o volume do som, fazer alterações na visualização das informações e mexer no ecrã do sistema de info entretenimento é penoso quando estamos ao volante. Por baixo das saídas de ar do sistema de climatização está o controlo desse mesmo sistema, felizmente feito com botões denrro de uma caixa cromada.
Como sucede habitualmente com a Skoda, espaço é coisa que não falta dentro do Kamiq, com as portas traseiras amplas que oferecem uma excelente acessibilidade. E a verdade é que há espaço para três adultos no banco traseiro, o banco em si é confortável, o que num carro do segmento B é muito interessante e agradável. Arrisco mesmo dizer que o Kamiq é mais que suficiente para uma família com dois filhos ou mesmo três, podendo canibalizar o Karoq.
Não levei fita métrica para esta apresentação do Kamiq, mas pareceu-me que nenhum modelo da concorrência (Hyundai Kauai, Kia Stonic, Opel Crossland ou até o Renault Captur, conseguem chegar ao nível de habitabilidade do Kamiq. E porque a casa checa não deixa créditos por mãos alheias, a bagageira tem 400 litros de capacidade que podem chegar aos 1395 litros com o rebatimento do banco traseiro. Há diversos espaços de arrumação que totalizam 26 litros. E não faltam as coisas típicas do “simply clever” da Skoda: o raspador de gelo colocado na porta do bocal de reabastecimento de combustível, o “clip” para segurar os bilhetes de estacionamento, entre outros detalhes.
Gama simples de motorizações e equipamentos
No que toca às motorizações, o Kamiq é do mais simples que pode ser oferecido, ou seja, não há híbridos de alguma forma ou elétrico, apenas um bloco 1.0 litros a gasolina (com 95 e 116 CV) e um 1.6 litros a gasóleo (116 CV), já que em Portugal não se vende o 1.5 litros a gasolina. Há caixa manual de 5 ou 6 velocidades e a DSG de sete marchas. Também não há mistérios na transmissão: todos os Kamiq são de tração dianteira. Igualmente “simply clever” é a gama portuguesa: Ambition e Style.
O primeiro oferece airbags de cortina e airbags laterais à frente, airbags para condutor e passageiro, airbag de joelhos para o condutor, Front Assist (com sistema de travagem de emergência), controlo de descida em declive, sensor de estacionamento traseiro, apoio de braços dianteiro com “Jumbo Box”, ar condicionado climatronic, bancos dianteiros ajustáveis em altura, com apoio lombar, Bluetooth, chapéu de chuva, cruise control com limitador de velocidade, sensor de luz e chuva, vidros elétricos à frente e atrás, 8 altifalantes com sistema de som Bolero com ecrã de 8,25″, assinatura Care Connect por 1 ano, computador de bordo Maxidot, SmartLink, Start-Stop com recuperação de energia na travagem, volante multifunções em pele, barras
de tejadilho pretas, faróis LED, com função “cornering”, faróis traseiros LED, jantes de liga leve 16″.
No caso do nível Style, acrescentacâmara traseira, “Lane Assist” com indicação de manutenção na faixa de rodagem, sensor de estacionamento dianteiro e traseiro, Bluetooth com controlo de voz, “Easy Start” (fecho central com controlo remoto), controlo automático de máximos, acesso mãos livres “Keyless Go”, assinatura “Care Connect” por 1 ano mais o “Infotainment Online” também por um ano, “Cockpit Virtual”; sistema de Info entretenimento com navegação Amundsen, espelhos retrovisores exteriores elétricos, aquecidos, retráteis, com anti-encandeamento automático, faróis full LED com função “cornering”, faróis de nevoeiro, faróis traseiros full LED com indicadores de mudança de direção dinâmicos e jantes de liga leve 17″ Braga.
Comportamento eficaz
Em primeiro lugar, dizer que a Skoda oferece um chassis Sport que não vale a pena equacionar, pois endurece o carro sem necessidade, pois o Kamiq é eficaz assim como é, confortável e eficaz, sem rasgos ou animação ao volante. Ou seja, é um carro competente e confortável, até porque ao contrário do que se passa com o Karoq, a Skoda resistiu à oferta de rodas demasiado grandes. Talvez ficassem bem no carro, mas acabariam por prejudicar o conforto.
Há controlo razoável do rolamento da carroçaria, a direção tem assistência consistente, mesmo não tendo sensibilidade. Enfim, o Kamiq não fica na memória por ser um carro emocionante de conduzir, mas sim eficaz e sem dificuldades para o condutor. O motor 1.0 litros é simpático de utilizar e com fôlego suficiente para o Kamiq, pelo menos na versão de 116 CV com caixa manual. As relações são um nadinha longas e acredito que numa subida mais íngreme e com o Kamiq carregado, tenha de usar mais a caixa do que era suposto.
Veredicto
O Kamiq é um carro muito interessante para aquele que será o seu mercado, ou seja, mais conservador que gosta de ter os detalhes “simply clever”, um motor económico e capaz e um carro com estilo tradicional da casa checa. Ou seja, poderia a Skoda optar por seguir o caminho da Nissan e fazer um Kamiq ousado, radical e diferente. Não o fez e na minha opinião fez bem. Porque o Kamiq é um bom crossover, muito confortável e, sobretudo, muito espaçoso. Não é particularmente estimulante, mas é proposto a um excelente preço, de 22.348 euros.
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