Primeiro ensaio Renault Captur e Megane Sport Tourer Hybrid Plug In: excelentes consumos!
Se o Clio se tem de contentar com uma versão híbrida sem carregamento exterior que não lhe autoriza uma autonomia em modo 100% elétrico muito alargada, o Captur e o Megane Sport Tourer têm direito à versão mais desenvolvida do sistema E-Tech.
Não fique a pensar que é algo totalmente diferente porque… não é! O sisteme E-tTech é exatamente o mesmo.
Ou seja, a ideia do E-Tech é manter o motor a funcionar no patamar de rotações e regime de aceleração mais eficiente, o que significa que algumas vezes está a oferecer impulso ao carro, outras vezes isso significa estar a carregar a bateria. Enfim, é este o objetivo de um híbrido, mas a Renault conseguiu isso com um sistema simples e sem os efeitos de elástico típicos de outros híbridos. Não há embraiagem porque o carro arranca, sempre!, em modo 100% elétrico e a marcha atrás é, sempre!, feita pelo motor elétrico (E-Motor), pelo que a caixa não tem marcha atrás. A caixa não é sincronizada e tem dentes direitos como na competição. E aqui, para evitar termos as passagens de caixa à bruta como sucede nos carros de competição, a Renault instalou outro motor elétrico (HSG), mais pequeno, que controla a velocidade do volante do motor e suaviza a engrenagem das mudanças. Este motor elétrico é do género motor de arranque/gerador e está responsável pelo bloco começar a trabalhar. O motor de quatro cilindros com 1.6 litros é muito simples (duas válvulas por cilindro, sem variação do tempo de abertura das válvulas e sem turbo) e no que toca aos acessórios que consomem energia, não há correias pois as bombas de água, óleo, ar condicionado e do servo freio são, todas, elétricas.
O mais curioso do sistema E-Tech é a sua forma de controlar os motores. Quando o nível da bateria está baixo, o sistema encarrega-se de carregá-la e podemos estar a conduzir com o pé ligeiro no acelerador e o bloco acelerar mais para o efeito de carga da bateria. E mais curioso ainda é o facto do sistema colocar em ponto morto a caixa e acelerar o motor (mesmo em andamento) para carregar a bateria, assim que deteta que os níveis de energia estão baixos e pode não ser possível, em caso de paragem, recolocar o motor a funcionar ou assegurar uma marcha atrás. Tudo feito com um nível de ruido baixo que o som do rádio abafa sem problema e sem incomodar o condutor. Dizer, também, que o sistema E-Tech desliga o motor térmico das rodas abaixo dos 15 km/h, passando a utilizar apenas energia elétrica. Mas não se espante se rolar em modo EV e escutar o rumor do motor… este está desligado das rodas, mas está a recarregar a bateria.
Qual é, então, a diferença?
Bom, reside no facto do Captur e do Megane Sport Tourer terem uma bateria de 9,8 kWh (com 400 volts) que oferece 65 km de autonomia (segundo o protocolo WLTP) em utilização urbana e 50 km até uma velocidade máxima de 135 km/h em ciclo extra urbano.
Depois, tem capacidade para carregamento exterior, numa tomada doméstica leva 5 horas a recuperar toda a carga numa “wallbox” de 3,7 ou 7,4 kWh (é indiferente pois o carregador interno não tem capacidade de carga rápida funcionando, sempre, no máximo de 3,6 kWh) são necessárias 3 horas. Tanto o Captur como o Megane Sport Tourer, têm um modo extra “Pure” que força a circulação em modo 100% elétrico, desde que haja carga na bateria.
Finalmente, tanto o SUV como a carrinha Megane têm um motor de combustão interna mais potente (160 CV), reclamando a Renault um consumo de 1.4 l/100 km e emissões de CO2 de 32 gr/km, para o Captur, 1,3 l/100 km e 28 gr/km de CO2 para o Megane Sport Tourer.
E como é ao volante?
Durante o curto ensaio que efetuei consegui encaixar uma ida á autoestrada, uma estrada muito sinuosa e um bom pedaço de cidade. Ou seja, aquilo que é o percurso típico pendular casa-trabalho. Sem me preocupar com os consumos e com uma média de 50,6 km/h para um percurso de 29 km, onde 23,4 km foram feitos em modo elétrico, o consumo registado foi de… 0,6l/100 km, com 17,8 kWh/100 km! Acreditem que é verdade e a imagem está aqui para o comprovar.
Deixado o Captur de lado, peguei no Megane Sport Tourer e fui mais exigente, com mais autoestrada e usando de ainda menor preocupação com os consumos. Percorri, num trajeto diferente, 53,7 km. Tendo menos controlo do acelerador e da velocidade, cumpri 27,9 km do percurso em modo 100% elétrico (a bateria não estava totalmente carregada), a velocidade média foi de 53,9 km/h (por aqui se pode ver que as preocupações com o consumo foram zero) e o consumo final foi de 2,6 l/100 km e 16,1 kWh/100 km de eletricidade.
Utilizando o eixo independente multibraços, o Captur recebe um reforço de competitividade, mantendo um excelente comportamento, um conforto assinalável com uma qualidade acima da média. O Megane continua a ser um valor seguro e como ambos não perdem nada em termos de flexibilidade, versatilidade (o Captur continua com o banco traseiro a deslizar sobre calhas) e utilidade, são propostas muito sedutoras, apesar da diferença de preços face aos modelos com motor térmico. Porém, a poupança a prazo e os incentivos fiscais, acabam por compensar.
Tal como com o Clio Hybrid, preciso de mais quilómetros para vos dar uma opinião final definitiva, mas pelo que experimentei, a Renault saiu.se bem com o E-Tech. Eu gostei muito e espero brevemente ensaiar ambos os carros, pois a primeira impressão é excelente.
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