Primeiro ensaio Opel Astra 1.2 Turbo: ligeira renovação para maior eficiência
Orgulhosos de terem renovado a gama em meros 12 meses, os homens da Opel tinham a necessidade de fazer alguma coisa ao Astra. Na impossibilidade imediata de fazer o que foi feito com o Corsa, lançaram-se na busca da maior eficiência possível para evitar as multas por excesso de emissões de CO2. É isso que tem de novo o Astra deste primeiro ensaio.
Não lhe vou contar muito do carro, pois este primeiro ensaio dever-se-ia chamar “Curto ensaio”, pois foi na base do vou ali e já venho. Mas tenho algo mais para lhe contar sobre aquilo que muda no Astra e quais foram as preocupações da casa de Russelsheim nas alterações introduzidas naquele que foi o “Carro do Ano 2016” e que em 83 anos de história (Kadett e Astra misturados) e já vendeu mais de 25 milhões de unidades!
Em resumo, o Astra chega a Portugal – inicia as vendas em janeiro de 2020, mas já pode encomendar o seu – com subtis alterações estéticas, novos motores, revestimentos, equipamentos e conectividade. Os novos motores são mesmo a grande novidade. E se está a pensar que são motores da PSA… surpresa!!!
As unidades de três cilindros a gasolina e a gasóleo são produto Opel. Estes blocos todos em alumínio, faziam parte do programa de motores da casa alemã que estava em curso debaixo da gestão da General Motors. Comprada a Opel pelo PSA Group, entendeu o grupo francês não deitar para o lixo um projeto quase acabado. Assim, foi autorizado terminar esta nova gama de motores e aí está ela, montada no Astra, com o 1.2 litros sobrealimentado a ter três versões de potência (110, 130 e 145 CV), o 1.4 litros turbo com 145 CV que está disponível, apenas, com a caixa de 9 velocidades automática, e o 1.5 litros turbodiesel com 122 CV, este disponível com caixa manual de seis velocidades ou a unidade automática do motor a gasolina.
Apesar de um ou outro perder potência para os anteriores propulsores, todos estes cumprem as normas europeias Euro6d e a Opel conseguiu uma redução de CO2 de 21%. Contas feitas, reclama a Opel, o Astra a gasolina emite 99 gr/km de CO2 e o diesel 92 gr/km de CO2. O que são excelentes notícias para a casa alemã, já que em Portugal o carro ficará abaixo do patamar mínimo da contribuição autónoma e os preços beneficiam de uma melhoria face ao anterior modelo.
Com motores mais leves e mais eficazes, o Astra perdeu potência, mas melhorou as performances que, não sendo fantásticas, são suficientes: 10,7 segundos dos 0-100 km/h para o 1.2 Tubo 130 CV e 10,1 segundos para o 1.4 Turbo, enquanto o turbodiesel faz o mesmo exercício em 10,5 segundos (11,1 para a caixa automática). Curiosamente, todas as versões do motor 1.2 litros a gasolina gastam e emitem o mesmo, ou seja, 4,5 l/100 km e 102 gr/km de CO2. O que significa que este bloco com injeção direta, sobrealimentação e tempo de abertura variável das válvulas, tem baixa inércia, reduzida fricção e que as diferenças de potência são fruto de mudanças no software de controlo e não nas especificações do motor. Em Portugal, estão disponíveis o motor 1.2 litros apenas com 130 CV, o 1.4 litros com 145 CV e o 1.5 turbodiesel com 122 CV. O 1.4 litros a gasolina só tem caixa automática CVT, o turbodiesel tem opção pela nova caixa automática de 9 velocidades, os restantes têm apenas caixa manual de seis velocidades.
A gama é composta por apenas três níveis: Business Edition, GS Line e Ultimate, com opção de carroçaria de cinco portas ou carrinha. Os preços vão dos 24.690 euros da versão a gasolina mais barata, passando pelos 33.290 euros do 1.4 Turbo e pelos 28.190 euros do turbodiesel mais acessível, culminando nos 36.290 euros do turbodiesel mais caro. A carrinha acresce 950 euros a estes preços para motores e versões idênticas.
Além dos motores, realmente, a grande novidade deste Astra, a Opel ofereceu ao renovado modelo, molas e amortecedores revistos, novos casquilhos e recalibrou a direção. Tudo no sentido de melhorar o comportamento, oferecendo mais agilidade e suavidade na condução. Há, também, uma série de melhorias na aerodinâmica, nomeadamente, a grelha com função automática de fecho/abertura, redesenho dos para choques e da parte inferior do carro. O Astra manterá a opção pelos faróis Matrix LED IntelliLux.
No interior, há novidades com a adição do novo IntelliLink (igual ao do Corsa) com Adibe CarPlay e Android Auto e com o sistema de topo com ecrã de 8 polegadas (o de série é de 7 polegadas) e controlo por voz, a oferece sistema de navegação. A camara de visão traseira é melhor e a câmara dianteira tem agora capacidade para identificar peões para o sistema de travagem de emergência autónomo. Os bancos são os já conhecidos AGR e têm a opção de massagem e ventilação. O para brisas aquecido também está na lista de opcionais, bem como um carregador do telemóvel “wireless” e uma melhoria geral dos materiais do habitáculo.
Como é o renovado Astra na estrada?
O contacto foi muito curto, mas deu para perceber que o renovado Astra é algo mais que um simples sacudir de pó e retocar a maquilhagem. Não faço a mínima ideia de como será o carro com o motor diesel – o AUTOMAIS/AUTOSPORT não esteve na apresentação internacional – mas o bloco 1.2 litros deixou-me com vontade de experimentar novamente o carro. Pareceu-me um bloco vivaço, sendo leve alivia o peso na frente do carro e é capaz de manter um ritmo fixo sem grandes problemas e com a caixa manual a rimar com o motor, a coisa até é divertida.
A leveza do carro nota-se facilmente, pois a frente tem uma excelente aderência e muda de direção sem queixume, algo que, para mim, foi uma surpresa. A diferença que faz um motor mais moderno – e leve! – mudanças nas molas e amortecedores e nas ligações ao chassis! Temos direito a um Astra como há muitos anos não tínhamos.
Pena que a direção não seja mais rápida e ofereça mais sensibilidade. No anterior carro não teria influência, com esta renovada aptidão a curvar, estes “defeitos” passam a ser evidentes.
Outra coisa surpreendente é o conforto e a forma, digamos, refinada, como o Astra pisa a estrada. Ou seja, tudo está mais duro, mas a Opel encontrou forma de não repercutir isso no interior. Que diferença para o anterior Astra. Sim, estamos a falar do mesmo carro, mas com definições muito diferentes. Como disse acima, não faço a mínima ideia como será a versão diesel, por isso arrisco-me a dizer este será o melhor Astra. Não concordo que o carro esteja mais silencioso que anteriormente, pois quando puxamos o pulmão do três cilindros lá vem o “prrreeeeeee” habitual do desequilibrado bloco e na zona superior do conta rotações, escuta-se muito bem dentro do habitáculo. Se o motor andar a baixas e média rotação, nada a dizer.
Veredicto
Não é um veredicto definitivo, mas neste curto contacto gostei muito do renovado Astra. A Opel conseguiu juntar a um habitáculo espaçoso, confortável, ergonomicamente bem desenhado, mais refinamento, um motor interessante e vivaço e um comportamento inesperado. Tenho de andar novamente com o carro para perceber se entra de forma decisiva na luta entre os melhores do segmento.
Ensaios: consulte os testes aos novos carros feitos pelos jornalistas do Auto+ (Clique AQUI)
0 comentários