Mercado nacional: Mercedes considerada marca de maior confiança, Renault a melhor na relação qualidade / preço
Óleo do motor: Dicas para evitar problemas

Primeiro ensaio Mercedes A35 AMG

By on 5 Dezembro, 2018

Apesar de todo o poderio que o A45 AMG sempre demonstrou, a verdade é que o anterior topo de gama do Classe A não era totalmente brilhante e com o novo Classe A, a cada de Estugarda corrigiu o tiro com esta espécie de “amuse bouche” com 300 CV e um belíssimo chassis.

“O A35 é um carro desportivo que apela aos sentidos e oferece muita diversão na condução”. Quem o diz é Steffan Jastrow, o engenheiro chefe da AMG, que trocou breves palavras comigo após a apresentação do carro. “Claro que ainda não é aquilo que muitos esperam do novo Classe A AMG, mas acredite que depois de andar com este A35 vai ficar com um sorriso nos lábios!” Insisti: não é um Classe A vitaminado e com acabamentos AMG? “Conduza e depois diga-me alguma coisa.” “You wish is my command” ou como quem diz, não digas duas vezes!

Peguei num reluzente A35 AMG azul e lá fui desafiar as estradas montanhosa da ilha de Palma de Maiorca, tendo de acertar o “chip” para outro tipo de condução porque no dia anterior tinha andado com o novo Classe B.

Pode ler, também, o Primeiro Ensaio Mercedes Classe B

Enquanto esperava a bandeira verde, perdão, a autorização para sair do parque de estacionamento e que o meu companheiro de viagem acabasse o cigarrinho, passei em revista como a Mercedes chegou a este A35 AMG. Claro, com o A45 AMG, a tal “bomba” que andava depressa e curvava igualmente depressa, mas sem aquele frisson ou emoção que se espera de um carro com tamanho poderio. Que deu origem ao CLA 45 AMG e ao GLA 45 AMG, multiplicando a oferta que, apesar de ser assim para o carote, acabou por ser um sucesso. Porquê? Porque apesar de caros, eram bem mais baratos que qualquer outro AMG e por isso… Provavelmente, no próximo ano, a AMG vai apresentar o A45 com um motor acima dos 400 CV (olá Audi RS3!) e muito “bling” em termos de aspeto, mas até lá é este A35 AMG que fará as honras da casa, funcionando como o acesso á gama AMG. Claro, só para alguns já que em Portugal, este carrito vai custar 62.500 euros.

Recebida luz verde, perdão, autorização para sair do parque e sentado no lado do pendura – não gosto muito, mas como o companheiro de viagem era dos bons e não costuma prega sustos – tive tempo para passar em revista os aspetos técnicos do A35 AMG.

Os rapazes da AMG remexeram, totalmente, o Classe A de uma forma inédita, mais ainda do que quando a Mercedes lançou o A45 AMG. Sendo muito mais rígido que o anterior, o novo Classe A foi um bombom para os especialistas do chassis, suspensões, enfim, aquilo que faz um carro ser desportivo ou aspirante a desportivo. Mesmo assim, a MAG inseriu um painel de alumínio por baixo do berço do motor para ainda maior rigidez da dianteira do carro, juntou mais alguns apoios na suspensão. Logo aqui foi com seguida uma muito maior rigidez torsional o que teve impacto, imediato na precisão da direção e na forma como a suspensão faz o seu trabalho.

Por baixo do capô, lá está o bloco de quatro cilindros com 2.0 litros de cilindrada, um turbocompressor de geometria variável, enfim, o mesmo do A45 AMG. Mas “descafeinado” e com muitas alterações internas para melhorar o desempenho. São “só” 306 CV e 400 Nm de binário que chegam ás rodas da frente, num primeiro momento, através de uma caixa de dupla embraiagem com sete velocidades, estando o A35 AMG equipado com tração integral 4Matic que faz chegar até 50% das capacidades do motor ao eixo traseiro.

O sistema de tração integral da Mercedes é um nadinha limitado pois não tem vectorização de binário o que impede o carro de ser mais adaptável ás situações enfrentadas. É mau? Muito longe disso e está melhor que o A45 AMG, até porque o ESP também está bem melhor.

Para os adeptos da tecnologia, dizer que no eixo traseiro está uma embraiagem multidiscos com acionamento eletro-mecânico (e não eletro-hidráulico) que se encarrega de levar binário ás rodas traseiras de uma forma muito mais rápida. Além disso, tem capacidade preditivas, ou seja, é capaz de determinar quando é necessário levar binário para as rodas traseiras. Anteriormente, o sistema era passivo, ou seja, apenas quando as rodas da frente perdiam aderência é que o sistema enviava binário para as rodas traseiras.

Desde que se mantenha o ESP ligado, o carro mantém-se no modo “Comfort”, mas quando passamos o ESP para o modo Sport ou desliga o ESP, o carro passa para o modo Sport. O AMG Dynamic Select conta com os programas de condução “Comfort”, “Sport”, “Sport+” e o novo “Slippery”. Este modo foi otimizado para condições de baixa aderência, reduzindo a potência e o binário, achatando a curva de binário para evitar escorregadelas. A caixa trabalha mais suavemente e o sistema stot/start ajuda na condução. Finalmente, pode optar pelo modo “Individual” onde o condutor acerta os parâmetros individualmente.

Mas há mais! O AMG Dynamics é um sistema de controlo em curva integrado no ESP. Em curva, de forma quase impercetível, o AMG Dynamics aplica força de travagem no eixo traseiro, ajudando a curvar de forma mais precisa. O sistema tem o modo “Basic” e o “Advanced”, sendo que o primeiro está ligado aos modos “Comfort” e “Slippery”, privilegiando a estabilidade absoluta, o segundo é ativado com os modos “Sport” e “Sport +”, revelando-se neutral, mas com maior agilidade em curva graças a uma maior intervenção dos travões. No modo “Individual” o condutor pode escolher que modo assume o AMG Dynamics.  Como opcional surge o AMG Ride Control, amortecedores adaptativos que funcionam de forma totalmente automática, de acordo com os modos de condução escolhidos e também o estado da estrada, pois o sistema adapta-se em milésimos de segundo. Para melhorar o comportamento, a AMG montou o eixo traseiro com casquilhos rígidos, substituindo os casquilhos de borracha por unidades rígidas nos triângulos do eixo dianteiro.

Dizer, também, que o escape foi trabalhado e se no arranque não faz muito barulho, no modo Sport é mais vocal e há mesmo alguns “broaapp paww”, “Pawww” á mistura. Discretos, mas audíveis.

Cumprido o período de condução do meu companheiro de viagem, sentei-me ao volante do A35 AMG. À minha frente o mesmo tabliê do Classe A, mas com um grafismo totalmente diferente. As patilhas da caixa também lá estavam.

Cintos apertados lá comecei o meu turno enfrentando, logo, uma série de curvas e zonas sinuosas onde o A35 AMG se mostrou muito ágil e muito divertido, aquilo que faltava ao A45 AMG. Percebe-se o carro rígido, leve e a responder de forma imediata aos impulsos no volante, com uma direção veloz e muito precisa. Não tem grande sensibilidade, mas o A35 AMG faz aquilo que lhe dizemos e o eixo dianteiro mantém-se fiel à trajetória que escolhemos. Depois, os pneus Pirelli PZero agarram-se á estrada de uma forma impressionante, muito por culpa da ajuda dada pela suspensão e pelo chassis do A35 AMG.

Contas feitas, o carro é simpático quando o atiramos para dentro de uma curva, com um ligeiro escorregar quando exageramos um nadinha, e suporta mudanças de direção sem grandes dificuldades. Com pisos ligeiramente húmidos, o A35 AMG exige ser controlado como um tração dianteira, ou seja, sacrificar a velocidade de entrada para uma saída limpa. Seja como for, o eixo dianteiro tem aderência mais que suficiente o que autoriza alguns abusos sem penalização.

Mexendo nos modos de condução, conhecemos vários A35 AMG no mesmo carro, embora haja um traço comum: o conforto não é dos melhores e há rivais que são mais benignos com as costas, até porque o Mercedes parece um cão pisteiro e “fareja” todas as imperfeições da estrada.

Se gosta de dar nas vistas, há um pacote chamado “AMG Aerodynamics” que por generoso quatro mil euros lhe oferece uma asa traseira absolutamente “tuning”, uma lâmina no difusor traseiro que o faz parecer maior e pequenas asinhas á frente das rodas da frente. Não gostei muito, mas cada cabeça sua sentença.

Veredicto

Uma muito agradável surpresa este A35 AMG. Não é tão veloz como o anterior A45 AMG, com uma aceleração 0-100 km/h em 4,7 segundos, mas é bem mais capaz e tem um comportamento entusiasmante, seguro e, em cima disso, oferece a qualidade de um Mercedes. Claro que os 62.500 euros pesam e de que maneira e, ainda por cima, o A35 AMG não chega, em termos de divertimento, aos calcanhares de carros como o Honda Civic Type R, Hyundai i30 N ou o Renault Megane RS. Porém, se olharmos mais acima (Audi RS3, VW Golf R), este A35 AMG será o melhor do segmento. Com o bónus da moça que está dentro do carro, quando dizemos “olá Mercedes”, simpaticamente nos dá as boas vindas e cuida da nossa vida. Ah! e diz sobre os BMW e Audi que “conheço mas vejo-o sempre pelo espelho.” Malandrice…

FICHA TÉCNICA

Mercedes A35 AMG 4Matic

Motor4 cilindros em linha, injeção direta, turbo; Cilindrada (cm3)1991; Diâmetro x curso (mm)nd; Taxa compressão10,0; Potência máxima (cv/rpm)306/5800; Binário máximo (Nm/rpm)400/3000 – 4000;Transmissão e direcçãoTração integral, caixa automática dupla embraiagem de 7 vel.; direção de pinhão e cremalheira, com assistência elétrica;Suspensão(fr/tr)Independente tipo McPherson; independente com 4 braços; Dimensões e pesos(mm)Comp./largura/altura 4436/1797/1405; distância entre eixos 2729; largura de vias (fr/tr) 1573/1570; travões fr/tr. Discos vent.; Peso (kg)1116; Capacidade da bagageira (l)370/1210; Depósito de combustível (l)51; Pneus (fr/tr)235/40 R18; Prestações e consumos aceleração 0-100 km/h (s) 4,7; velocidade máxima (km/h) 250; Consumos Extra-urb./urbano/misto (l/100 km) 6,2/9,5/7,3; emissões de CO2 (g/km) 169; Preço (Euros) 62.250

Ensaios: consulte os testes aos novos carros feitos pelos jornalistas do Auto+ (Clique AQUI)