Mazda3 2.0 E-SKYACTIV G Nagisa – Ensaio Teste
Chega ao mercado nacional edição especial Nagisa para o Mazda 3 hatchback e Mazda CX-30

Primeiro ensaio Mazda 3 2.0 Skyactiv-X; grande carro com um excelente motor

By on 19 Julho, 2019

Só mesmo o departamento de engenharia da Mazda se iria lembrar de cruzar o funcionamento de um motor a gasóleo num bloco alimentado a gasolina. E não é que funciona! Parece que as notícias da morte do motor de combustão interna são manifestamente exageradas. Chega a Portugal em setembro a partir de 30.500 euros.

O Mazda 3 já o conhece bem, já lhe dei a conhecer tudo sobre o carro e pode ler o ensaio a várias versões aqui no seu AUTOMAIS. O que me levou a Frankfurt foi aquilo que está debaixo do capô e que há bastante tempo é aguardado, o motor Skyactiv-X, o tal bloco de 2.0 litros que é alimentado a gasolina, mas funciona como um motor a gasóleo, prometendo enorme eficiência.

Levantado o capô deparei com um mar de plástico, espécie de capsula que numa primeira análise serve para proteger o motor. Diz-me por cima do ombro um engenheiro que o muito plástico que faz o casulo do motor serve para promover um aquecimento mais rápido, logo maior eficiência. E, também, “esconder” o ruídos indesejáveis. Muito bem!

O casulo que protege o motor Skyactiv X…#mazda #skyactivx, #autosport

Gepostet von AutoSport am Donnerstag, 18. Juli 2019

Naturalmente que não desmontei o plástico para ver o motor – mentira! desmontei mesmo a cobertura, vejam o vídeo – recorri aos que estavam expostos, embora o mais importante esteja dentro do propulsor e não cá fora. Falo do sistema Mazda SPCCI, ou “spark controlled compression ignition”. O que é isto? Vamos lá tentar explicar.

O motor Skyactiv X com SPCCI é um bloco de quatro cilindros com 2.0 litros que quando funciona com cargas leves ou em velocidade de cruzeiro sem necessidade de muita aceleração, produz uma mistura ar/gasolina muito pobre que é empurrada para o cilindro com uma compressão enorme, à imagem dos diesel, de 16,3:1. Quando o pistão sobe e comprime a mistura, é esguichada uma micro mistura mais rica em gasolina junto à vela. A faísca desta faz explodir esta pequena mistura, aumenta a pressão e a mistura pobre acaba por se inflamar também, promovendo assim uma queima mais limpa e mais eficiente. Quando precisamos de mais potência e carregamos no acelerador, o bloco Skyactiv-X funciona como um comum motor a gasolina.

Para ajudar a oferecer ainda mais eficiência, a Mazda incluiu neste revolucionário bloco um sistema híbrido suave com tecnologia de 24 volts e que combina um motor de arranque/gerador que recolhe energia quando se desacelera. Esta energia pode ser usada para ajudar o motor na aceleração, por exemplo, no arranque. Ou quando é preciso mais potência.

Contas feitas a tudo isto, são 180 CV debitados às 6000 rpm, sem recurso à sobrealimentação, um binário, pequenino, de 223 Nm obtidos às 3000 rpm, reclamando a Mazda emissões de CO2 de apenas 100 gr/km e consumo de 5,5 l/100 km. Impressionante! Convirá dizer que estas cifras são alcançadas com a caixa manual de seis velocidades e as rodas de 16 polegadas. Caso opte pela caixa automática e pelas belíssimas jantes de 18 polegadas, os valores mudam: as emissões sobem para as 125 gr/km e o consumo aproxima-se dos seis litros de gasolina por cada centena de quilómetros. Ora bem, arrumada a parte técnica, como é que tudo funciona na vida real? É isso que, uma vez mais, lhe vou explicar.

Um motor… normal

Confesso que esperava alguma coisa diferente, mas a verdade é que o motor Skyactiv-X é absolutamente… normal! Carrega-se no botão e o barulho é igual a qualquer outro motor. Normal! Colocado o Mazda3 em andamento e tudo é… normal. A coisa muda de figura quando a agulha do conta rotações passa as 1500 rpm e parece que na faixa ao lado está um carro diesel a acelerar, para votar ao registo normal quando passamos das 4500 rpm. Ou seja, temos uma sinfonia de sons que não são desagradáveis, com o excelente sistema stop/start a funcionar de forma quase impercetível. E na verdade, o motor é bem mais suave e sossegado que um motor diesel. Ou seja, não é um diesel nem um gasolina, fica ali pelo meio e, provavelmente, a Mazda poderá arranjar um sintetizador de som para dar uma sonoridade mais agradável. Sugestão minha, claro!

Em utilização, não esteja á espera de um carácter como nos motores diesel, pois não há subida repentina de rotação, não há picos de binário – até porque ele não é muito – e a verdade é que me pareceu aquilo que é, ou seja, um motor de média capacidade atmosférico e a gasolina. Tendo mesmo uma característica contrária ao que hoje é habitual: os motores diesel e gasolina sobrealimentados têm o pico de binário entre as 1500 e as 2000 rpm, o motor da Mazda só alcança esse pico às 3000 rpm.

Curiosamente, o motor Skyactiv-X consegue chegar ás 7000 rpm, mas depois da potência máxima alcançada ás 6000 rpm, de pouco vale puxar mais pelo bloco. Não há fôlego e o consumo acaba por se ressentir, não acrescentando nada às performances que, diga-se, não são nada más, olhando às características do motor, chegando dos 0-100 km/h em 8,2 segundos. Convirá dizer que pela forma como o motor funciona e pelo seu carácter, é necessário recorrer mais vezes á caixa de velocidades do que o habitual, mas a Mazda, ciente dessa situação, melhorou a unidade manual de seis marchas que é um regalo utilizar.

O resto ficou tudo… igual

O Mazda3 não mudou nada com a aplicação do motor Skyactiv-X. Ou seja, o carro tem uma das melhores direções do segmento, precisa, com o peso certo que rima de forma perfeita com um eixo dianteiro com elevados níveis de aderência (não tanto como num Ford Focus). A carroçaria tem os movimentos muito bem controlados, o que ajuda a direção e o eixo dianteiro a promover um comportamento de excelente qualidade. É verdade que o eixo traseiro não é uma unidade independente, mas isso não influi no excelente comportamento. Porém, o excelente comportamento e o controlo dos movimentos da carroçaria são pagos com um conforto menor. Não é desconfortável, longe disso, mas nas lombas e em piso mais degradado, sente-se perfeitamente.

No interior há uma diferença: o ecrã de 8,8 polegadas tem uma pagina nova que exibe a frequência de utilização do modo SPCCI, que a Mazda reclama ser usado em 80% do tempo de utilização do carro. O resto é uma declaração da Mazda: qualidade impressionante dos materiais, quer percecionada quer real, montagem de enorme qualidade, muitas superfícies com revestimentos suaves ao toque, enfim, um interior Premium. O sistema de infor entretenimento é complicado numa primeira análise, fica mais simples com o hábito e devido á forma da carroçaria, a habitabilidade atrás não é a melhor e o acesso também é dificultado pela forma do tejadilho. A bagageira está abaixo da média do segmento. 

Veredicto

Claro que terei de reservar a minha opinião mais clara quando o carro estiver em Portugal para ensaio, mas se entendo que o Mazda 3 é dos melhores carros do segmento, com o motor Skyactiv-X o carro fica ainda melhor. Não se preocupe com o binário pequenino e alcançado fora daquilo que é habitual, pois o Mazda3 tem a performance correta com um consumo e emissões excelentes. O motor Skyactiv-X correspondeu às expetativas e a beleza e classe da carroçaria do Mazda 3, fazem deste japonês um carro obrigatório nas listas de compras. 

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