Primeiro ensaio Audi Q3: melhoria assinalável
O primeiro Q3 não foi totalmente feliz e a melhor prova disso sou eu que lha dou: quando cheguei ao carro que me tocou em sorte para este primeiro ensaio, não encolhi os ombros como habitualmente sucede quando me apresentam um novo Audi!
Habitualmente, a Audi não mexe muito em fórmula ganhadora e apesar do Q3 ter vendido mais de um milhão de unidades, o carro não era feliz no estilo (desenhado por Julian Hoenig), na habitabilidade, enfim, numa série de coisas. Por isso é que sempre que vou a uma apresentação de um novo Audi encolho os ombros. Desta feita… nem por isso, pois o Q3 chegou á segunda geração depois de ser lançado em 2011 e ter conhecido uma remodelação em 2015.
E a primeira constatação é que o carro é bem mais agradável á vista e, sobretudo, maior. Além dos quase 10 centímetros a mais no comprimento, está mais largo 18 mm e mais baixo 5 mm, com uma distância entre eixos alongada 77 mm. Quer isto dizer, claro, que o carro está mais espaçoso.
Estará a pensar que a marca de Ingolstadt aumentou o Q3 para oferecer maior habitabilidade e corrigir o tiro da primeira geração. E tem razão, mas há outra justificação para que o Q3 tenha crescido tanto: o Q2 tem dimensões muito semelhantes e tem canibalizado as vendas do Q3 (foram comercializados nos primeiros meses de 2019 mais de 12 mil unidades, ficando o Q3 pelas 7500 unidades). Portanto, o novo Q3 teria de ser, obrigatoriamente, maior.
Até porque o segmento dos SUV compacto mudou muito nos últimos nove anos e quando o Q3 nasceu, era um beneficiado pois não existiam muitos dos rivais atuais que foram empurrados para este segmento como o novo Lexus UX, o novo Range Rover Evoque e modelos conhecidos como o BMW X1, Volvo XC40 e o Jaguar E-Pace.
Enfim, era absolutamente inevitável que o Audi Q3 aumentasse de tamanho. Sorte a sua que tem agora um carro mais espaçoso.
A base do Q3 é a conhecida plataforma MQB, exatamente a mesma do VW Tiguan. Sim, o Q3 é igual a um Tiguan, com exceção das rodas que no Audi, como habitualmente, são maiores. E também da posição de condução, mais abaixo 4 centímetros no Q3 que no Tiguan e nos casquilhos que ligam as suspensões (McPherson à frente e eixo multibraços atrás) além das afinações de molas e amortecedores, existindo ainda a versão S-Line que rebaixa o carro.
Quanto aos motores, a Audi continua a não oferecer o bloco 1.6 TDI no Q3, disponibilizando apenas o 2.0 litros TDI com 150 e 190 CV. O primeiro sempre com tração dianteira e caixa automática, o segundo, em Portugal, só com tração quattro e caixa S-Tronic. Depois há um motor a gasolina, o 1.5 TFSI com 150 CV e caixa manual ou S-Tronic, a primeira com seis marchas, a segunda com caixa DSG, com tração dianteira. Mais tarde chegarão outros modelos com destaque para o RSQ3 equipado com o motor 2.5 TFSI com cinco cilindros e 400 CV.
Já agora vou dizer-lhe que os modelos com os motores 2.0 TDI com 150 CV são os 35 TDI e 35 TFSI se for o 1.5 litros a gasolina com 150 CV e que o 2.0 TDI com 190 CV é conhecido como 40 TDI.
Diga lá, percebe porque razão um Audi passa agora a ser denominado por números entre 25 e 70? Percebe porque é que o Q3 com motor 2.0 TDI 190 CV se chama 40 TDI? Pois, a Audi deixou a tabela, mas não explicou como chegou a estes números e porque razão mudou o que funcionava. Quer dizer, disse que era para a gama fazer mais sentido com a introdução dos modelos híbridos e elétricos. Confesso que só me baralha. Pelo sim, pelo não, veja aqui a tabela
Estilo moderno
Em termos de estilo, o Q3 está forrado com o estilo atual da Audi, nomeadamente, a grelha dianteira octogonal, os faróis LED, os guarda lamas dianteiros musculados e as ilhargas traseiras, igualmente, alargadas. As jantes são grandes entre 17 e 20 polegadas, o que lhe confere um belíssimo aspeto. Enfim, um carro muito mais agradável à vista e com um aspeto musculado semelhante aos dos últimos modelos da gama Q da Audi.
Como lhe disse, com as majoradas dimensões do novo modelo, o Q3 tem um novo interior. Que além de oferecer mais espaço em largura e, sobretudo, para as pernas nos bancos traseiros, melhorou a dotação de equipamento.
Interior diferente
O painel de instrumentos passa a ser, sempre, digital com duas versões do “Virtual Cockpit” sempre de série. O ecrã do sistema de info entretenimento pode ter duas dimensões, consoante o nível de equipamento. Inexplicavelmente, o Q3 não tem “head up display” nem como opcional. O novo desenho do tabliê integra numa asa enorme em plástico o ecrã do sistema de info entretenimento, o botão dos faróis automáticos e empurrou para cima as saídas de ar do sistema de climatização. Por baixo da referida asa, estão os controlos do ar condicionado e mais uma mão cheia de comandos.
Não sei se já deu por isso, mas com a oferta do ecrã sensível ao toque, acabou com o comando rotativo do MMI. Ou seja, agora que estava perto da perfeição… está tudo dentro do ecrã do sistema de info entretenimento. O ecrã tem uma resolução fantástica, mas os botões são pequenos e muitas vezes custa acertar naquilo que desejamos. Usar o Apple CarPlay e o Android Auto é a melhor solução. O sistema está ligado via internet à “Cloud”, funcionando, também, como “hotspot” para quem segue no carro.
O banco traseiro está dividido na proporção 40/20/40 e move-se longitudinalmente 15 centímetros para oferecer mais espaço para as pernas ou na bagageira. Ou seja, pode usufruir de 530 ou 675 litros de capacidade e um máximo de 1525 litros com os bancos rebatidos.
Tenho de dizer que não consigo perceber bem porque é que quase tudo dentro do Audi está protegido por plástico suave ao toque, mas a asa no meio do tabliê tem um aspeto menos sólido e os puxadores das portas são de plástico duro.
Diesel seguro
Não tomei contacto com o motor a gasolina, utilizei o bloco 2.0 TDI com 150 CV com caixa automática de dupla embraiagem com sete velocidades, uma caixa que não é muito rápida com um comando manual pouco natural e algumas hesitações. Com tração dianteira, o Q3 exibe algum movimento da carroçaria, mas é preciso e o eixo dianteiro tem aderência suficiente. O conforto é aceitável e o refinamento é excelente, mesmo em estradas menos cuidadas e até em pisos de terra, como tive oportunidade de experimentar. Em auto estrada, o Q3 é imperial como seria de esperar.
Veredicto
O Q3 é excelente no que toca à habitabilidade e versatilidade, no equipamento e tecnologia e no comportamento. Não é estimulante ao volante como não é nenhum SUV, mas é ágil o suficiente para ser melhor que alguns rivais. Menos bem o sistema de info entretenimento, a gama de motores e alguns materiais usados. Nestas áreas, a Audi tropeça nos atacadores. O que não impede que diga ser este o melhor Q3 de sempre e um dos melhores do segmento.
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