Portugal não vai alcançar objetivo de redução da sinistralidade rodoviária para 2020
Portugal foi um dos países com melhor desempenho na União Europeia, de acordo com o novo relatório sobre a sinistralidade europeia desde 2010.
Embora surja em destaque pela redução no número de mortos durante o período de 2010 a 2019, Portugal tem uma realidade ainda preocupante, com os números de vítimas mortais acima da média europeia, mesmo tendo reduzido mais de 30% as vítimas mortais.
A UE e os seus Estados-Membros acordaram a meta de reduzir para metade as mortes nas estradas até 2020. Com ainda um ano até que os dados completos de 2020 estejam disponíveis, a meta quase certamente não será atingida. Este relatório mostra que dois dos líderes tradicionais da Europa em segurança rodoviária: a Holanda e o Reino Unido, embora se mantenham relativamente seguros quando comparados à mortalidade rodoviária, tiveram mais mortes nas estradas em 2019 do que em 2010. França, Suécia e Alemanha também mostraram um dececionante progresso nos últimos nove anos, com reduções modestas nas mortes. A Bulgária e a Roménia mantêm os piores desempenhos da Europa em termos de sinistralidade rodoviária e também apresentaram reduções abaixo da média nos últimos anos.
José Miguel Trigoso, presidente do conselho de direção da PRP, referiu que “relativamente a Portugal, a situação é particularmente grave no que respeita à sinistralidade dentro das localidades, pelo que as prioridades devem ser concentradas nas políticas a implementar direcionadas à redução do risco nas áreas urbanas. Proteção aos utentes mais vulneráveis e gestão das velocidades adequadas às áreas urbanas são condições determinantes para a redução sustentável da sinistralidade.” A PRP defende ainda que “igualmente prioritário deve ser o combate à condução sob a influência do álcool (e outras drogas) bem como à distração proporcionada pela utilização dos “smartphones”.
Já António Avenoso, diretor executivo do Conselho Europeu de Segurança em Transportes, comentou que “embora o progresso na Europa tenha dececionado nos últimos nove anos, alguns países passaram silenciosamente por uma revolução na segurança rodoviária. Temos o prazer de premiar a Estónia este ano pelo seu progresso notável, após a vitória da Irlanda em 2019. No geral, os Estados-Membros da UE precisarão acelerar as novas metas para 2030. Mas a recente resposta à epidemia de Covid-19 pode indicar um caminho a seguir. Uma mudança dramática para as deslocações a pé e de bicicleta nas áreas urbanas, combinada com alterações na infraestrutura e reduções nos limites de velocidade, pode ter um enorme impacto na sinistralidade rodoviária. Mas, se voltarmos ao normal, após a crise, os resultados poderão ser ainda piores do que antes. Já existem sinais de perigo no grande número de contraordenações por excesso de velocidade relatados à medida que os confinamentos são levantados, o que só contribui para a sobrecarga da polícia e serviços de emergência.”
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