Peugeot revela e-Legend
Será uma das vedetas do Salão de Paris, recupera o popular 504 Coupé, mas sobretudo mostra que a Peugeot não está distraída.
É conhecido de todos os que acompanham o universo automóvel a menor simpatia de Carlos Tavares, CEO do PSA Group, pela mobilidade elétrica e pela condução autónoma. Porém, sagaz como poucos e brilhante na execução, não se deixou toldar pelas suas preferências e com este Peugeot e-Legend deixa claro que o grupo que preside não está distraído ou adormecido.
E foi exatamente porque quer provar que o PSA Group não está distraído e que, ao contrário do que tem sucedido até agora, os modelos do futuro com mobilidade elétrica e condução autónoma não têm de deixar de ser bonitos, excitantes e sedutores, que é lançado um protótipo que recua 50 anos e recupera um dos modelos mais populares da marca, o 504, na versão mais desportiva, o Coupé.
Criado pela equipa de Gille Vidal, o patrão do estilo da Peugeot, o e-Legend foi pesado para, deliberadamente, contrastar com o que tem sido norma nos modelos de condução autónoma. Algo que já tinha feito com o Instinct. “O Instinct tinha uma orientação futurista, de um carro diferente. Com o e-Legend quisemos ir mais longe e falar sobre um futuro que não tem de ser aborrecido e onde não temos de ter carros lentos que são chatos e minimalistas. Os humanos são emotivos por isso quisemos dar mais emoção ao futuro!”
Por baixo do manto musculado do e-Legend, a Peugeot colocou uma verdadeira montra tecnológica para o futuro. Tem dois motores elétricos, um em cada eixo, que debitam 462 CV e 800 Nm de binário, entregues, naturalmente nas quatro rodas. Chega dos 0-100 km/h em menos de 4 segundos e chega aos 220 km/h. Com uma enorme bateria de 100 kWh colocado no fundo do carro, a autonomia será superior a 600 km.
O modelo tem dois modos de condução: The Legend e Boost. O primeiro exibe ao condutor três ecrãs do tamanho de um telemóvel que replicam o painel de instrumentos do 504 Coupé original. O modo Boost, utiliza apenas um ecrã com toda a informação, projetando as imagens recolhidas pelas câmaras do carro numa superfície digital que cobre todo o tabliê, resultando numa experiência diferente para condutor e passageiros. Os bancos estão forrados num veludo azul, lembrando, de forma clara, os bancos do 504 Coupé há 50 anos.
O e-Legend está equipado com condução autónoma de nível 4 (sem mãos no volante) e por isso mesmo exibe uma versão futurista do i-Cockpit que se recolhe quando a condução autónoma é ligada, passando a oferecer um interior minimalista, mas confortável. O tabliê está forrado com uma barra de som que encima um ecrã enorme, curvo, com 49 polegadas (124 cm) que oferece informação sobre o veículo, transformando-se em tela de cinema quando o e-Legend está em condução autónoma, projetando filmes ou jogos de consola, estando mesmo instalado o jogo Pong, um videojogo desenvolvido há mais ou menos 50 anos. Ou seja, a mesma idade do 504 Coupé.
Apesar da Peugeot insistir que o e-Legend não tem nenhum plano de se tornar um veículo de produção em série, sabe-se que muitos elementos físicos e de estilo, vão ser usados em modelos futuros. Mathias Houssan, o responsável pelo estilo dos protótipos Peugeot e o “pai” do e-Legend, afirmou que “este será, talvez, o protótipo que mais dificuldades me colocou em termos de estilo e demorou algum tempo até ter conseguido o justo equilíbrio entre o nosso ADN e a herança do 504, face aos elementos futurísticos, sem ser demasiado ‘retro design’”.
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