Mike Manley, CEO da FCA, acredita que o grupo vai sobreviver à era tecnológica
Após meses ao comando da Fiat Chrysler Automobiles (FCA) gerindo o gigante italo-americano exatamente como Sergio Marchionne o tinha feito até à sua morte, eis que surgem os primeiros sinais de disrupção.
Mike Manley, 55 anos, sucessor de Sergio Marchionne como CEO da FCA desde julho de 2018, está muito pressionado para dar a volta á operação deficitária do grupo na Asia e melhorar a situação na Europa, mantendo um elevado nível de investimento no sentido de levar a FCA para a era da mobilidade elétrica e autónoma e para os serviços de mobilidade.
E aqui surge a primeira dissonância com a estratégia de Marchionne que, recordamos, tinha receios da empresa se tornar um fornecedor de serviços e não um construtor automóvel, perdendo a sua identidade e não tendo um futuro risonho. Mike Manley referiu que “estou 100% convencido que seremos capazes de sobreviver a esta nova era tecnológica, pois somos uma casa de marcas.” Estas declarações de Manley foram feitas em Turim ao biografo de Sergio Marchionne, que está a ultimar um livro sobre o mítico CEO da FCA.
Curiosamente, na última entrevista que deu em janeiro de 2018, Sergio Marchionne fez uma previsão. Dizia ele que os construtores têm menos de uma década para se reinventarem, correndo o risco de se tornarem “commodities” no meio de uma mudança radical na forma como os veículos serão motorizados, conduzidos e adquiridos. Para Marchionne, a industria dividir-se-á em dois grupos: de um lado os Premium que vão continuar a embolsar dinheiro de forma tradicional e os meros fazedores de meios de transporte que vão ter de lutar no mesmo espaço com marcas disruptoras como a Tesla ou a Waymo da Google. E para Marchionne, a marca Fiat era a mais exposta a esta situação.
“Não acredito que tenhamos alguma marca que encaixe nessa situação” disse Mike Manley na entrevista ao biografo de Sergio Marchionne. “Acredito que a Fiat é uma marca de futuro” e lembrou o sucesso do 500 que continua a registar recordes de vendas após uma década no mercado. “As nossas marcas têm mostrado que estão prontas para sobreviver!”
A posição de Manley foi corroborada por Pietro Gorlier, o responsável pela operação europeia da FCA, em entrevista feita, também, no âmbito da biografia de Marchionne. Gorlier vê um futuro de sucesso na Europa com a família 500 que inclui o 500X e pelo conceito de mobilidade da FCA.
Recordamos que neste sentido, a FCA apresentou em Genebra o Centoventi, um protótipo elétrico que pode ser totalmente personalizado pelo cliente e que é a resposta da Fiat à mobilidade urbana e às empresas de partilha de veículos.
Para lá desta dissonância, Mike Manley continua a mante o rumo traçado por Sergio Marchionne e procura explorar formas de colaboração ou mesmo fusão com outro grupo. Não são segredo as conversações com o PSA Group, das quais já nasceram novos investimentos conjuntos. E mesmo que Manley não comente essas negociações e o mesmo silêncio se escute do lado de Carlos Tavares, a fusão dos dois grupos é cada vez mais uma forte possibilidade, dando origem a um gigante que pode afrontar os líderes mundiais e dar á PSA a presença nos EUA tão necessária para fugir á dependência do mercado europeu.
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