Mercedes SL 63 AMG: Da terra às nuvens em… 4,1 segundos!
O descapotável de dois lugares mais refinado do mundo mantém o requinte de sempre, mas juntou-lhe agora um rasgo de emoção difícil de igualar. Ao volante do SL 63 AMG, um regalo para os olhos e para os sentidos
Poucos modelos se podem orgulhar de uma vida tão preenchida, e de ao longo do tempo terem sabido ‘disfarçar’ as rugas de forma tão polida. Pode não ser o único, mas o Mercedes SL é com certeza um dos sexagenários melhor conservados do mundo, o que não lhe impede, ainda assim, de poder ser julgado por alguém que, devido à idade avançada, já não lhe reconheça tantas capacidades, mesmo que ele não acuse falta de cabelo ou gordurinhas a mais…
O SL é um clássico. E talvez por isso tenhamos interiorizado, antes de o conduzirmos, que seria o carro do costumeiro passeio de domingo pelas marginais deste país. Que seria um automóvel para mostrarmos aos amigos e aos transeuntes que com ele se cruzassem como símbolo de um certo ‘status quo’ ou apenas como um dos grandes exemplos de elegância nas quatro rodas. “É para andar devagarinho, a baixos regimes. Para tirar do guarda-fato o blazer de verão, marcar mesa para dois e fazer uma surpresa à esposa ou namorada”, lia-se no ar, por entre as profundezas do pensamento, com a plena convicção de que o SL é uma daquelas (ricas) prendas que se oferecem aos administradores das grandes empresas na hora da retirada. Um entretém para nos livrar das agruras do quotidiano. Ou simplesmente aquele ‘brinquedo’ que se persegue continuamente enquanto damos à entidade empregadora o melhor de nós, na esperança de, um dia, já refastelados, podermos gozar os últimos anos da nossa passagem terrena de forma sossegada, conscientes de que já não possuímos a agilidade de outrora e que as costas, enrijecidas com o tempo, há muito deixaram de suportar os devaneios de um GTI…
Era assim… até darmos de caras com ele. Piscar de olhos, uma valente esfrega a ver se estávamos acordados: “É lindo!”, gritou-se internamente. E foi ainda a digerir esse conceito e os 585 cv do V8 biturbo que se escondia nas profundezas daquela longa frente que demos início à tradicional vistoria em redor do ‘bicho’.
Lembra-se daquela conversa de que os carros brancos são feios? Esqueça-a! Com o tejadilho negro, e as jantes, ‘laminazinhas’ e defletores pintados na mesma cor, o branco nunca pareceu tão efusivamente ‘ordinário’, com a carroçaria a suplicar-nos doses e doses de atenção redobrada. Quer que olhemos para ela como se tratasse de
um vinho que se saboreia vagarosamente à mesa. Primeiro vislumbra-se o copo, que é como quem diz “namoras-me com jeitinho”. Depois o abanico, ou em sussuro, “abre a porta e senta-te ao volante”. Por fim, o cheiro e a consumação através do palato, ou seja, “liga a ignição e deixa-te levar”. Foi o que fizemos, soltando de imediato um sorriso rasgado.
FABULOSO
Toda esta introdução serviu apenas para lhe dizer uma coisa: o SL pode ter sessenta anos, ser um clássico moderno, e objeto de desejo para muitos entusiastas do seu enorme legado. Mas nesta versão 63 AMG ganhou um cariz emocional como raramente vimos, e o melhor é nem falar do 65, que em vez do V8 biturbo carrega consigo um fabuloso V12. Nunca o guiámos, portanto nem podemos imaginar as enzimas que será capaz de entregar. Mas se for qualquer coisa de semelhante a esta máquina visceral, que pede sistematicamente para trocarmos de relações e carregarmos no acelerador com a capota para baixo, então a diversão está garantida! Afinal, embora ainda se baseie na nona geração, lançada em 2012, existem muitas novidades, como motores mais potentes que consomem menos, mesmo que quem o comprar esteja longe de estar verdadeiramente preocupado com isso. Nós adotámos a mesma postura, e por isso podemos apenas dizer-lhe que entre a sucessão de curvas efetuadas a alta velocidade tirámos nota de qualquer coisa entre os 27 e os 30 litros a um ritmo elevado, e entre 13 e 16 litros em auto-estrada. O Dynamic Select permite ao feliz ocupante do posto de condutor a escolha de cinco modos de viagem (‘Comfort’, ‘Sport’, ‘Sport Plus’, ‘Individual’ e ‘Race’) que alteram a resposta do motor, sensibilidade da direção e a firmeza dos amortecedores, entre outros parâmetros. Há também o bloqueio de série do diferencial traseiro, um sistema de abertura da capota de maior comodidade que pode ser acionada circulando até 40 km/h, e uma renovação estética à frente e atrás (embora na zona dianteira seja mais proeminente, com uma nova grelha do radiador, lábio dianteiro e grupos ópticos, a exemplo dos espelhos, inspirados no igualmente elegante AMG GT) que o tornou, literalmente, irresistível, sobretudo quando adornado com a dupla ponteira de escape e as jantes raiadas de 19 polegadas.
Sim, sente-se o peso da frente, enquanto a agilidade não pode ser comparada a um pequeno hatchback desportivo. Mas o binário estonteante (e completamente lunático quando pensamos na ordem de grandeza) de 900 Nm, em conjunto com a estética e aquele ‘brap-brappp’ que o anuncia sempre que aceleramos ou reduzimos a marcha, são de tal forma soberbos que, no nosso entender, e pese embora os 236 mil euros (!) da versão ensaiada, o SL está até à frente de um tal AMG GT, mesmo que este último esteja noutro patamar a nível dinâmico.
Ficha Técnica
PREÇO BASE: 208 150€
Motor 8 Cil., Gasolina, 5461 cc, Biturbo, Inj. Direta, Intercooler; Potência 585 cv; Binário 900 Nm/2250-3750; RPM Transmissão Traseira , CX. de Velocidades Automática de 7 Velocidades AMG Speedshift; 0-100 Km/H 4,1 S; Suspensão Paralelogramo Deformável Com Molas Helicoidais à Frente e atrás; Travagem DV/DV; Peso 1845 Kg; Mala 504 L (364 Com Capota Aberta) Depósito 75 Vel. Máx. 250 Km/H (limitados Eletronicamente); Consumos 9,8 L /100 Km; 13,7 L (AutoSport); Emissões G/Km- Co2 229
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