Lucro da BMW afunda com provisão de 1.4 mil milhões de euros para multa da UE
Reconhecendo a forte possibilidade da Comissão Europeia aplicar pesada multa devido a alegado comportamento de cartel no que toca ao desenvolvimento de novas tecnologias de controlo de emissões poluentes, a BMW aprovisionou 1.4 mil milhões de euros. Situação que originou uma queda de 78% no EBIT do primeiro trimestre de 2019, para 589 milhões de euros face aos 2,707 milhões de 2018.
Outro contribuinte para este resultado do primeiro trimestre, foi o aumento de 36% na despesa, devido a investimentos em propriedades, fábricas e equipamentos. Esta rubrica somou 999 milhões de euros (734 milhões em 2018), justificando-se com a modernização e flexibilização do parque industrial do grupo BMW e a construção da nova fábrica no México.
No que toca ao investimento no departamento de pesquisa e desenvolvimento, a BMW gastou, no primeiro trimestre, 1,396 milhões de euros, mais 8,4% face a igual período de 2018. As taxas de cambio desfavoráveis, os mais elevados custos de produção dos veículos elétricos e a alta dos preços da matéria prima, tiveram um efeito negativo nos ganhos do primeiro trimestre de 2019, a que se junta, agora, os 1,4 mil milhões de euros de provisão reconhecida para salvaguardar eventual multa aplicada pela Comissão Europeia. A BMW aponta, também, a guerra de preços em alguns mercados como razões para a redução sensível dpos lucros.
Tudo isto levou a BMW, pela primeira vez nos últimos dez anos a ter um lucro operacional negativo. Sem contar com o aprovisionamento referido, os proveitos da BMW caíram 42% para 1.1 mil milhões de euros, com uma margem de lucro operacional de 5,6%.
Contas feitas ás vendas, o grupo BMW comercializou nos primeiros três meses de 2019 605 333 unidades da BMW, Mini e Rolls Royce, um aumento de 0,1% face a igual período de 2018. O resultado acabou por ser positivo, mas o início do ano foi complicado, pois a BMW sofreu muito com a pressão dos preços, as guerras comerciais e os muitos problemas colocados pelo protocolo WLTP.
A BMW refere que estes resultados, por via de tudo aquilo que foi apresentado como ventos contrários, eram esperados e por isso mesmo, Harald Kruger e a sua equipa têm em marcha um plano de redução de custos de 14 mil milhões de euros, que veio cortar um terço ao tempo normal de desenvolvimento de um veículo, eliminar modelos não rentáveis e corte de 50% das combinações possíveis de motor e caixa e transmissão, a partir de 2021.
A casa bávara refere que as previsões para o segundo semestre são mais animadoras, depois da entrada no ritmo do novo Série 3 e do novo X7.
Para lá de tudo isto, a BMW anunciou que o EBIT para o segundo trimestre vai encolher uma vez mais para os 4,5%, por culpa das tensões comerciais entre os EUA e a China, que atingem, duramente, os SUV fabricados nos EUA e enviados para a China.
O comunicado da BMW refere, ainda, que reconhecendo a possibilidade de aplicação de uma choruda multa por parte da Comissão Europeia, sobre alegado cartel com as outras marcas alemãs, a casa bávara vai recorrer das alegações com todos os recursos legais à sua disposição.
A BMW diz não concordar com a tentativa de equiparar uma admissível coordenação de posições da indústria em relação ao quadro legislativo de emissões com um cartel, é inadmissível. A Comissão Europeia está a investigar para saber se os construtores alemães cooperaram dentro de grupos de trabalho técnico para restringir a competição, desenvolvimento e implementação de tecnologias de redução de emissões. “Do ponto de vista da BMW, esta situação não pode e não deve ser comparada com investigações de cartel, como por exemplo, a acordos territoriais ou de fixação de preços. Ao invés disso, os engenheiros representantes de todas as marcas presentes, estavam preocupados com a melhoria das tecnologias de limpeza dos gases de escape. Ao contrário de uma situação de cartel, toda a indústria é conhecedora dessas discussões.”
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