Lee Iacocca, o pai do Mustang e salvador da Chrysler, morre aos 94 anos
Um dos homens que mais fez pela indústria automóvel norte americana e mundial, faleceu aos 94 anos.
Lee Iacocca era um visionário cujas raízes italianas lhe davam um carácter latino que o viciaram em charutos, ofereceram-lhe uma resiliência fantástica, uma habilidade enorme para ser vendedor e uma língua afiada. Adepto dos tejadilhos forrados a vinil e das grelhas de generosas dimensões, foi decisivo na Ford Motor Company e salvou, literalmente, a Chrysler.
Na casa da oval azul, Iacocca foi o pai do Mustang, o famoso “pony car” que foi e ainda é um dos sucessos da Ford nos Estados Unidos e não só. Na Chrysler, assumiu a liderança de uma nau Catrineta prestes a naufragar, transformando-a num navio de elevado porte e dando a volta a uma situação que lhe valeu, nos aos 80 do século passado, os elogios de todos.
Com um estilo sempre ousado, Lee Iacocca não tinha filtros e tinha uma língua afiada que lhe deu o papel de porta voz da indústria, dando o peito ás balas e o rosto aos sucessos da indústria automóvel nos EUA. Um desses momentos surgiu num anuncio para televisão feito pela Chrysler nos anos 80. “Creio que os Estados Unidos estão a desenvolver um complexo de inferioridade face ao Japão. Tudo o que vem do Japão é perfeito. Tudo o que é feito nos Estados Unidos da América não presta. Não pode ser, isso tem de parar!”
A revista Newsweek fez um perfil de Iacocca que dizia ser o executivo americano “tão direto e agressivo como o impulso de um motor” e a Playboy chamo-o de “um executivo da velha escola, um tipo que fareja o território e que segue o seu instinto.”
Bem Bidwell, um antigo executivo da Ford e ex-vice-presidente da Chrysler, referiu-se a Iacocca lembrando que “a coisa mais impressionante nele é que nunca desistia! Todos os dias se levantava da cama e todo o santo dia estava ao ataque, sem se cansar. Eramos nós que acabávamos desencorajados tal a energia do Lee. Mas ele nunca, nunca, mas mesmo nunca, desistiu da companhia e menos ainda dos produtos ou de qualquer outra coisa da Chrysler.”
Lee Iacocca surgiu na revista Time e foi saudado com o título de capa “O regresso do rapaz de Detroit” (Detroit’s comeback kid) e dois anos depois, no estudo Gallup de notoriedade, os norte americanos colocaram Iacocca no terceiro lugar em 1985 (atrás de Ronald Reagan e do Papa João Paulo II), subindo para segundo em 1986, tendo ficado á frente do Papa.
Porém, Lee Iacocca tinha uma brecha na armadura: era um excelente executivo em tempos difíceis menos bom quando tudo corria sobre rodas. “Sou assim, que posso fazer?” interrogava-se o executivo norte americano quando em 1992 se reformou e saiu da Chrysler. “Há quem lute melhor com munição verdadeira… nas manobras que eles próprios fazem. Eu sempre gostei de estar na trincheira, de lutar quando as coisas não estavam boas e o desafio era grande. Era isso que fazia subir a adrenalina.”
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