Importação de veículos: 35% acima da pré-pandemia, 20% acima de 2022
É muito interessante olhar para os números de vendas de veículo usados, o que num mercado como o português, é historicamente forte, já que o poder de compra de carros novos é baixo, pelo que o mercado ‘paralelo’ tem sempre força. Os carros usados importados já valem mais de dois terços do mercado automóvel nacional. Em 2022, por cada três automóveis novos comprados, os portugueses foram ao estrangeiro buscar dois veículos em segunda mão. É o que revela a Associação Automóvel de Portugal (ACAP) relativo a 2022.
Em 2022, o rácio do mercado de carros usados sobre os automóveis novos ligeiros de passageiros ascendeu aos 67,1%. No último ano, foram importados 104.908 automóveis em segunda mão provenientes de um país membro da União Europeia, o que compara com os 72.586 registos de 2021, que corresponderam a um rácio de 49,5%. a crise na produção automóvel tem ajudado o mercado de usados e reparações, mas a venda de automóveis não deverá estabilizar até final de 2023.
Seja como for, a dinâmica de mercado continua negativa em abril (-4%) em relação ao mesmo mês de 2022, mas observa-se uma recuperação relativamente ao mês de março (-15%). Adicionalmente, verifica-se um aumento de oferta e procura de carros no mês de abril, face ao período homólogo do ano passado.
O mês de abril mantém uma dinâmica de mercado negativa (-4%) comparativamente com o período homólogo de 2022, ainda assim a demonstrar uma recuperação em relação aos meses anteriores.
A dinâmica de mercado é negativa, face a abril de 2022, sobretudo nos carros acima de 30 mil euros, apesar da procura e da oferta terem aumentado. A dinâmica é positiva (+12%) nos carros abaixo de 15 mil euros, mas sobretudo porque não há oferta.
A transferência de propriedade de ligeiros de passageiros teve um crescimento de +5% em março de 2023, face ao mês homólogo de 2022. Regista ainda um crescimento de +6% em comparação com março de 2019.
No que diz respeito aos veículos importados (ligeiros de passageiros), há um crescimento de +35% em abril, face ao mesmo mês de 2019, e de +17% face a 2022, que se relaciona com a falta de stock nacional.
O preço médio praticado pelos vendedores profissionais, que vinha a subir progressivamente desde agosto de 2021, mantém-se estabilizado desde novembro do ano passado até março de 2023, quando apresenta uma ligeira descida para 23.400€ que se mantém até ao mês de abril. Esta evolução representa, ainda assim, um aumento de cerca de +8% do preço face a abril de 2022, quando o valor médio se fixava em 21.750€.
Nos modelos mais representativos no Standvirtual, com 50 mil quilómetros e a diesel, mantém-se a estabilização dos preços já verificada nos meses anteriores, nomeadamente o Renault Megane Sport Tourer (22.800€), bem como o Mercedes-Benz A180 (31.500€). O Renault Clio (18.000€) e o Nissan Qashqai (24.500€) revelam um ligeiro decréscimo dos preços, em relação ao mês de março.
De acordo com os dados fornecidos pela BCA, os preços mantêm-se estáveis no comércio, mas aumentam ligeiramente no retalho em abril, face ao mês anterior.
Segundo dados da ACAP, em abril verifica-se um aumento de +25,1% no total do mercado automóvel face ao mesmo mês de 2022, mas ainda abaixo do pré-pandemia. No acumulado do ano 2023, há um crescimento de 37,6%. As energias alternativas (veículos eletrificados e híbridos GPL) representaram cerca de 46% do mercado total de ligeiros em abril de 2023.
José Teixeira, Diretor Comercial da BMcar, refere que “neste momento o mercado automóvel encontra-se no caminho para a estabilidade, com os preços a serem reajustados nos veículos usados e novos devido ao aumento da oferta disponível. O futuro da indústria é, sem dúvida, a mobilidade elétrica e todas as vantagens que esta proporciona aos consumidores. Nesse sentido, a rapidez é uma característica fundamental para o sucesso, algo que aprendemos com o desenvolvimento da internet, e as marcas que não estiverem preparadas para esta evolução não vão conseguir sobreviver a longo prazo”.
Rui Melo, CEO da Tribalcar, explica que “com o aumento das viaturas disponíveis no mercado os valores têm baixado nos últimos tempos. No entanto, atualmente é necessário muito mais que apenas bons preços para conseguirmos que o consumidores comprem os nossos veículos.
Cada vez mais é importante uma abordagem pessoal em todo o processo de venda, o consumidor prefere um tratamento único e de acordo com as suas necessidades. Hoje observamos que a aquisição de um carro não é feita da mesma forma leviana como até aqui, um fator que vai afetar o futuro do mercado dos carros importados em Portugal”.
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