Hiroto Saikawa, CEO da Nissan sob forte pressão devido aos lucros em queda livre
O sonho ameaçava esfumar-se, mas a prisão de Carlos Ghosn deu-lhe a liderança da Nissan e a possibilidade de incomodar a Renault. Hiroto Saikawa chegou à sua cadeira de sonho, mas o tiro pode sair-lhe pela culatra, pois os lucros da Nissan despenharam-se e na última reunião de acionistas o CEO foi bombardeado com perguntas, a mais comum, porque não resigna ao seu cargo e assume a responsabilidade da má governança da Nissan.
A queda livre dos lucros da Nissan pode arrastar consigo o CEO da Nissan. Desde que Carlos Ghosn foi preso e depois despedido, a Nissan parece ter entrado numa espiral negativa: acusações de toda a espécie, falsas declarações, vendas nos EUA deram valente trambolhão, modelos já antigos continuam a estar na gama da marca japonesa e o ciclo de produto está dessincronizado, são razões para a Nissan estar pronta para anunciar o seu menor lucro operacional da última década existindo a forte possibilidade de os dividendos serem reduzidos devido a este resultado apurado. E a previsão para o ano fiscal que terminará em março de 2020, será ainda pior.
O afastamento de Carlos Ghosn parece ter sido maldição – ou, como alguns dizem, o destapar da má governança da Nissan, escondida por Ghosn – para Saikawa, que assumiu o lugar do gestor brasileiro e encontra forte oposição interna (consideram que Saikawa não é o homem certo para recuperar a marca japonesa) e, também da Renault, que não vê com bons olhos a continuação de Hiroto Saikawa se este se mantiver, obstinadamente, contra a fusão da Nissan com a Renault, defendida pelo presidente da equipa francesa e diretor da Nissan, Jean Dominique Senard. Aliás, a Renault irá bloquear a continuação de Saikawa se este continuar com a mesma posição.
O teste decisivo para Saikawa surgirá em junho, quando a Nissan adotar novas medidas de governança que obriga a um conselho de administração mais independente. Saikawa diz que há várias formas de assumir a responsabilidade e acredita que a melhor forma de o fazer é ajudar a reconstruir a Nissan, deixando claro que quer ficar. Mas Saikawa precisa dos votos dos 43% da Renault para ser reconduzido, até porque metade da maioria do capital da Nissan esteve contra a sua eleição.
A Nissan avisou os investidores, no mês passado, que os resultados não serão fantásticos com uma expectável redução de 30% nos lucros face a 2017. Seria a primeira vez, em dez anos, que a Nissan vai ganhar menos dinheiro que a Renault.
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