Fusão FCA/PSA: grupo francês é o comprador no acordo de fusão
Verdadeira “blitzkrieg” esta negociação entre a Fiat Chrysler Automobiles (FCA) e o PSA Group, resolvida num par de dias. Mas nestas coisas, alguém vai ter de pagar.
Sendo a matemática uma ciência exata, não demorou muito tempo até alguns começarem a fazer as contas. É verdade que a FCA e a PSA fizeram o possível e o impossível para tornar o negócio o mais justo e equilibrado possível. Eliminaram ativos, pagaram dividendos especiais e distribuíram os assentos no conselho de administração de forma perfeitamente igual. Mas… a matemática é o que é e na alta finança, tudo acaba por se descobrir.
Após o anúncio da fusão igualitária de 50/50 para a FCA e PSA, as ações da primeira em bolsa dispararam 10%, enquanto que o valor em bolsa da segunda caiu praticamente 10%, situação normal para quem é comprado e para quem é o comprador. E aqui o comprador está bem definido.
Os acionistas da FCA vão receber um prémio de quase 5 mil milhões de euros, tendo co o base a cotação da empresa no fecho de negociação antes de serem conhecidos os relatórios das negociações, devido á necessidade de eliminar ativos antes de colocar no mesmo saco todo o património.
Ora, contas feitas, ajustando as diferenças de valor de mercado e o dividendo de 5 mil milhões de euros pago aos acionistas da FCA, o PSA Group está a pagar 32% de prémio para assumir o controlo da FCA, sendo que os acionistas da PSA estão a assumir mais riscos de mercado.
Recordamos que o valor de mercado da PSA é de 22,6 mil milhões de euros e que antes da fusão com a FCA, vai entregar aos acionistas a participação na Faurecia avaliada em 3 mil milhões de euros. Ou seja, o PSA Group vai entrar na fusão com 19,6 mil milhões de euros. A FCA tem um valor de mercado de 20 mil milhões de euros, mas dará aos acionistas 5 mil milhões de euros de dividendos e mais a participação na Comau, fabricante de robots para a indústria, avaliada em 250 milhões de euros.
Quem mais vai beneficiar desta operação é a família Agnelli que dos 5,75 mil milhões de euros de dividendos, recolherá quase mil milhões. Como? A holding familiar dos Agnelli, a Exor, é o maior acionista da FCA e por isso receberá 1,65 mil milhões de euros. Como os Agnellisão donos de pouco mais de metade da holding, receberão qualquer coisa como 900 milhões de euros.
Na nova empresa, os Agnelli vão continuar a ter muito poder, pois John Elkann vai ser o presidente da empresa resultante da fusão e a Exor continuará a ter cerca de 14% das ações da nova companhia. A nova empresa terá sede fiscal na Holanda, um conselho de administração com 11 elementos, dos quais seis são da PSA e cinco da FCA. Carlos Tavares será o CEO do novo gigante europeu durante cinco anos.
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