Fórum Nissan da Mobilidade Inteligente: “guerra” pelos minerais e energias renováveis
Vamos ter minerais suficientes para construir as baterias necessárias para A transição para a mobilidade elétrica em 2035? A resposta é “não”!
Desde que se iniciou o processo de eletrificação da mobilidade que a temática da energia, a sua produção e armazenamento, tem sido objeto de variadíssimas questões. E foi precisamente para procurar a resposta a algumas delas que a Nissan reuniu vários especialistas em mais uma edição do Fórum Nissan da Mobilidade Inteligente.
A conclusão mais evidente do Fórum Nissan da Mobilidade Inteligente, realizado no passado dia 9 de maio em Lisboa, é que a mobilidade automóvel do futuro será elétrica. Mas “quando?” é a grande questão… Este e temas como a energia, a sua produção, o seu armazenamento, o seu impacto ambiental, foram precisamente um dos motivos que mais questões levantou ao longo da última década.
Pelo seu pioneirismo na transição para a eletrificação do automóvel a Nissan tem acompanhado esta mudança de muito perto e por isso, o segundo painel da 7ª edição do Fórum Nissan da Mobilidade Inteligente foi intitulado “Energia, Armazenamento, Infraestruturas e Conectividade”.
Os oradores convidados – James W. Mills, Consultor Principal da Benchmark Minerals Intelligence, Ricardo Leite, diretor de Projetos Especiais da GALP e Sérgio Almeida, CEO da Global Charging – apresentaram uma perspetiva completamente diferente do usual sobre o presente e o futuro da produção de energia elétrica.
Um painel totalmente “energético” que se iniciou com uma abordagem muito especial sobre a produção de baterias e que responde às questões: Vamos ter capacidade para produzir as baterias que vão ser precisas? E quem as vai produzir? E a que custos?
James Mills é um especialista no estudo da disponibilidade das matérias-primas necessárias à produção de baterias e nas implicações geoestratégicas das atuais capacidades de mineração e de produção em todo o mundo e começou por relembrar que a procura para baterias deverá crescer 90% até ao final da corrente década.
E se esta quase duplicação da procura não se deve apenas ao setor automóvel (estão incluídas na estatística as baterias para armazenamento estacionário de energia ou para a produção de dispositivos eletrónicos portáteis como, por exemplo, computadores ou telefones), é o setor automóvel que sustenta a maior fatia do crescimento.
James Mills considera que o rápido desenvolvimento tecnológico vai fazer evoluir a procura de minerais críticos, porque aqueles que serão necessários para as futuras gerações de baterias não serão os mesmos que atualmente. E que, por essa via, todos os atores incluindo os fabricantes de automóveis devem fazer uma monitorização permanente de forma a antecipar as futuras necessidades, quer em termos de disponibilidade das matérias-primas, quer na fabricação das baterias.
James Mills afirma: «a Europa, através do Critical Raw Materials Act, e os EUA, através do Inflation Reduction Act, provam que têm consciência do atual défice de ambas as regiões na cadeia de valor das baterias. Há uma verdadeira situação de concorrência entre as regiões, mas o plano dos EUA, por ser mais concreto, parece estar a levar a melhor face à Europa».
Nas suas previsões James Mills mostra que, até ao final da década, os EUA devem eliminar o atual défice de capacidade de produção de baterias e de recurso aos minerais críticos, enquanto a Europa deverá manter um significativo défice de praticamente 50% das suas necessidades, o que provoca uma situação de grande dependência de mercados externos, nomeadamente, da China.
James Mills defende que os fabricantes europeus de automóveis devem, rapidamente, criar parcerias com produtores de matérias-primas de forma a garantir as cadeias de abastecimento no futuro e diversificar as fontes de abastecimento orientando-se para a América do Sul, sul de África e Sudoeste Asiático onde comprovadamente existem depósitos dos minerais raros (níquel, cobre, cobalto, etc..) necessários.
O aumento das capacidades de mineração localizadas no continente europeu não constitui, segundo James Mills, uma solução viável de curto prazo porque «os estudos geológicos e de viabilização económica e a criação da capacidade de exploração de uma nova mina, demoram entre 5 a 15 anos, o que é incompatível com a evolução tecnológica e com a necessidade da Europa de eliminar a sua dependência externa».
Para além da questão do acesso às matérias-primas James Mills aponta ainda «a absoluta necessidade de os construtores europeus de automóveis alargarem este tipo de parcerias à atividade de fabrico de baterias de forma a não deixar a responsabilidade e a cadeia de valor nas mãos dos seus parceiros de outros continentes, minimizando os riscos sobre o futuro da sua atividade».
A manterem-se estas previsões, o mais natural é que a Europa consiga produzir em 2035 apenas metade dos automóveis totalmente elétricos que a regulamentação europeia estabelece, comprometendo assim os objetivos de descarbonização!
Depois deste enunciado de “guerra” do Atlântico sobre as matérias-primas essenciais para o armazenamento de energia, o orador seguinte foi Ricardo Leite, da GALP, que trouxe uma nova perspetiva sobre como será produzida a energia do futuro e como podem os clientes escolher a melhor opção no momento de aquisição de um automóvel elétrico.
Ricardo Leite começou por confirmar o compromisso da Galp com o atingimento da meta da completa neutralidade carbónica em 2050 o que implica um investimento significativo na capacidade de produção de energias renováveis. E a produção fotovoltaica é uma das principais apostas sustentada num plano de investimentos que permitirá passar a atual capacidade de produção de 1,4GW para 12GW em 2030.
Na produção de energia fotovoltaica, a Galp aposta fortemente no desenvolvimento da produção descentralizada (feita por particulares nas suas casas ou por empresas) porque, como afirma Ricardo Leite «a Galp é o maior operador de postos de carregamento para veículos elétricos mas, com o previsível aumento do parque de automóveis elétricos o autoconsumo é, por si só, uma forma de contornar eventuais insuficiências da rede elétrica, ao mesmo tempo que torna o consumo de eletricidade mais eficiente e mais económico».
E é precisamente neste quadro que Ricardo Leite anunciou o estabelecimento de uma parceria exclusiva para os clientes Nissan e que passa pela oferta, em simultâneo com a compra do automóvel, de uma solução de produção de energia fotovoltaica o que reforça, ainda mais, as componentes económica e ambiental, através do consumo de energia 100% renovável, da mobilidade elétrica.
Esta oferta será disponibilizada na Rede de Concessionários Nissan que será devidamente formada para o efeito, o que permitirá que, no momento da aquisição do automóvel, seja proposto ao cliente a simulação da melhor solução de produção própria de energia fotovoltaica através da Galp Solar, que concretiza a proposta final ao cliente. Esta oferta, resultante da parceria entre a Nissan e a Galp estará disponível já no final deste mês de maio.
Depois da temática do armazenamento e da produção de energia, chegou a vez de Sérgio Almeida, CEO da GlobalCharging, abordar o tema da integração e gestão da informação ligada à mobilidade elétrica.
Sérgio Almeida começou por afirmar, «para a mobilidade elétrica os clientes esperam uma experiência similar à que têm com os automóveis a combustão, seja na facilidade e rapidez do abastecimento, na disponibilidade de métodos de pagamento simples e compatíveis e, claro, uma oferta económica e com preços transparentes».
A revolução que representa a mobilidade elétrica é, também, uma revolução na diversidade de soluções e de oferta disponíveis para o carregamento dos veículos. É, por isso, indispensável integrar toda a informação, estabelecer parcerias entre a multiplicidade de atores presentes no processo de carregamento para que os clientes, sejam eles particulares ou empresas, tenham uma relação simples com a mobilidade elétrica e que corresponda à sua expetativa.
Sérgio Almeida salientou que «as empresas têm a necessidade de conhecer e integrar os custos de carregamento da sua frota, sejam eles na rede pública ou privada. Esta descentralização do fornecimento da energia, que é em si mesmo uma boa notícia, causa um problema pela ausência de soluções para o controle desses custos. Como o nosso Oasis Hub é possível fazer isso».
O Oasis Hub da GlobalCharging é uma solução para a integração de todas as soluções de todos os atores, sejam eles operadores de postos de carregamento, comercializadores de energia ou empresas/condomínios com postos próprios.
Graças à tecnologia ERP (Entreprise Resource Planning) e à utilização do protocolo OCPI de ligação entre os comercializadores e os operadores de postos de carregamento, é possível que um cliente do Oasis Hub tenha acesso ao carregamento do seu automóvel em qualquer parte do mundo e qualquer visitante estrangeiro possa carregar, em Portugal, o seu automóvel elétrico.
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