Fornecedores automóveis com dificuldades no futuro?
Os fornecedores automóveis passaram por dificuldades por altura da pandemia e pareciam estar a recuperar mas o cenário não parece animador.
Segundo a consultora Bain & Company, o desafio para os fornecedores é que estes estão a sofrer com os custos mais altos de matérias-primas e energia, que podem transferir apenas parcialmente para os fabricantes. Um número crescente de fornecedores enfrenta desafios de liquidez que deverão exigir um apoio especial, inclusive por parte dos fabricantes, para evitar a insolvência.
Nas duas décadas anteriores a 2019, as margens EBIT (indicador que mede os lucros da empresa sem considerar o efeito de juros e impostos) dos fornecedores automóveis (OEM) foram, em média, 1 a 2 pontos percentuais acima das dos fabricantes de equipamentos originais. A partir daí, com a pandemia da Covid-19 e a escassez global de microchips, vieram as grandes disrupções nas cadeias de abastecimento, os preços mais altos das matérias-primas e da energia e, mais recentemente, os custos crescentes nos empréstimos e nos salários devido à inflação. Os fabricantes automóveis conseguiram ultrapassar a escassez de oferta concentrando a sua produção em modelos com maiores margens e subindo os preços, mas os fornecedores não tiveram essas opções estratégicas.
Os OEM tiveram uma margem de lucro média de 8,5% no quarto trimestre, mais de 3 pontos percentuais acima dos fornecedores do setor automóvel. Isto deveu-se principalmente à melhor combinação de produtos dos fabricantes e à redução dos descontos a clientes finais.
A brecha entre as margens de lucro dos fabricantes e fornecedores foi acentuada ao longo de 2021 e 2022, provocada pelos grandes choques na cadeia de abastecimento devido à pandemia, a escassez global de semicondutores, a guerra na Ucrânia e outras disrupções. A diferença de margens aumentou no quarto trimestre, quando os OEM recuperaram os altos níveis de margem do primeiro semestre do ano, enquanto os fornecedores permaneceram estáveis em torno dos 5%.
Apesar da alta rentabilidade dos fabricantes em 2022, a Bain & Company espera ventos contrários significativos nos próximos dois anos. Um agravamento do contexto económico global, que levará à queda da procura, ao aumento dos custos e à queda dos preços, vai pressionar as margens dos fabricantes em 2023. O cenário pode ser assim muito cinzento para os fornecedores e os fabricantes.
0 comentários