Estudo revela que 60% dos portugueses receiam não ter dinheiro para comprar carro
Segundo o mais recente estudo do Observador Cetelem, apesar de ser considerado indispensável, seis em cada dez portugueses receiam não dispor dos meios necessários para adquirir uma viatura, 10% acima da média europeia (61%).
E 39% dos portugueses que não têm carro hoje, já tiveram no passado.
Um número crescente de pessoas considera que é mais difícil ter uma viatura atualmente do que no passado (42% vs. 32%).
São números que não surpreendem, e que ‘chancelam’ o facto de no ano de 2000, 1% dos carros a circular tinham mais de 20 anos e hoje esse número é de 26%.
Sendo apenas um dos indicadores, é algo que mostra bem o estado em que o País está.
É algo que não se estranha tendo em conta que cerca de 1,6 milhões de portugueses vivem abaixo do limiar da pobreza. Neste contexto, não são de admirar os números do estudo…
É verdade que o automóvel continua a ser o meio de transporte privilegiado, apesar de requerer, cada vez mais, um esforço financeiro. Segundo o estudo do Observador Cetelem Automóvel 2023, 73% dos condutores portugueses não se imaginam a viver sem um carro, apesar de estarem conscientes dos sacrifícios que têm de fazer para a sua manutenção.
Sem surpresa, a percentagem de inquiridos que mais valoriza os automóveis é superior nos meios rurais do que nos meios urbanos, no entanto, a diferença é pequena. 77% dos condutores que não se imaginavam sem carro estão nos meios rurais, contra os 70% que vivem em meios urbanos. Também as divergências geracionais são tímidas. 34% das pessoas com menos de 35 anos afirmam que estariam dispostas a deixar de ter uma viatura, contra os 26% das pessoas com mais de 35 anos.
Indispensável hoje, incerto amanhã
Apesar de um bem indispensável, 6 em cada 10 inquiridos portugueses afirmam recear não dispor dos meios necessários para adquirir um carro no futuro.
Quase 4 em cada 10 pessoas que não possuem atualmente um automóvel, já o tiveram no passado, sendo algo muito mais visível nos países europeus e ocidentais.
Países como Espanha (56%), Estados Unidos (55%), Áustria (52%) e Itália (51%) são onde se observa uma maior percentagem de indivíduos que se encontram nesta situação.
Em Portugal, são 39% os portugueses que assumem não ter viatura hoje, apesar de já terem tido no passado.
Os custos associados são as razões mais apontadas para este cenário de “desistência forçada”. 38% dos inquiridos admitem não ter os meios financeiros para serem proprietários de um veículo, 22% revelam que se deve ao elevado custo de uso e 21% apontam o dedo aos custos de aquisição.
Além dos custos, 23% assinalam que a rede de transportes públicos disponibilizada é também hoje uma boa alternativa, com os residentes nas cidades a mostrarem-se mais afirmativos neste ponto do que os residentes em meios rurais.
Já 20% dos entrevistados referem simplesmente que não se justifica serem proprietários de um carro.
Fazendo uma perspetiva relativamente ao passado, vários condutores demonstraram uma certa nostalgia, assumindo que consideram que é mais difícil possuir uma viatura atualmente do que no passado (42vs32%). Em Portugal, quase metade dos inquiridos (46%) concordam com a afirmação de que a dificuldade, hoje, é maior do que era, no entanto, é também o país europeu onde mais inquiridos consideram que atualmente é mais fácil (37% vs 29% da média europeia). Números que também mostram alguma incongruência…
Este cenário de menor circulação de carros (devido essencialmente aos custos e à dificuldade em adquirir um carro nos dias de hoje), é ainda mais preponderante junto da população jovem, com uma diferença de 10% entre os menores de 35 e os maiores de 35 anos (67% vs.57%).
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