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Elétrico vs Combustão: A fase de uso contribui para quase 90% da pegada de carbono dos veículos

By on 1 Abril, 2024

Elétrico vs Combustão. Um debate que se mantém tão atual agora como nos primeiros tempos, que é respondida de forma diferente, dependendo das partes interessadas. A Renault fez um estudo sobre a pegada de carbono dos veículos e chegou a conclusões interessantes.

Segundo os dados recolhidos pela Renault, em 2019, 88% das emissões dos carros vieram da fase de uso, sendo que 11% foram emitidos na produção e 1% no fim de vida dos veículos. Ou seja, num carro que tenha uma vida de 15 anos e tenha feito à volta de 200 mil quilómetros, 4.8 Toneladas de CO2eq /veículo são emitidos pelos fornecedores de peças usadas na construção dos carros, 0,5 na fase de construção, 5,2 pelos diferentes tipos de combustíveis usados (extração e transformação), 36,3 pelos gases de escape e 0.6 no processamento de fim de vida dos veículos. Isso faz um total de 47.4 toneladas de CO2eq / Veículo em 2019.

Isto mostra-nos que grande parte da pegada de carbono está nos gases de escape. Até aí nada de espantoso. Mas também nos mostra que se pudermos reduzir a pegada dos gases de escape, os carros tornam-se muito mais amigos do ambiente.

E nisso, os elétricos podem ser uma ajuda chave. Há uma questão, no entanto, que deve ser tida em atenção. As emissões de gases de carbono são muito maiores na produção de veículos elétricos do que nos veículos a combustão. Mas, ainda assim, no fim de vida do carro, a balança pende para os elétricos. Um Megane 1.3 TCe de caixa automática emite 44 Toneladas de CO2eq em 15 anos de vida, 200 mil km percorridos. Um Megane E-Tech 60kWh emite 22 no total da sua vida.

Isto pode ser reduzido para 11, se as fontes de energia usadas para recarregar as baterias forem limpas. No caso português e no francês isso pode ser dito, pois Portugal tem uma boa percentagem de energia produzida por fontes renováveis e a França aposta muito mais no nuclear. Se as fonte de energia para produzir eletricidade forem limpas, estamos a falar de uma redução de 33 Toneladas de CO2eq face ao Megane com motor de combustão interna. E a Renault quer ir mais longe baixando as emissões na produção e no fim de vida, usado métodos melhorados de produção e uma reciclagem cada vez maior de materiais.

A sustentabilidade é um caminho que se percorre de várias formas. E é aqui que a balança pode mudar também. A Renault quer chegar a 2040 com o chamado “net Zero”, ou seja, virtualmente sem emissões de carbono e tem vários planos para o conseguir, estando já a implementar essas medidas. Surge agora uma questão que pode mudar este paradigma. Se os combustíveis sintéticos forem, de facto, uma solução, passamos a ter a opção de ter um carro cuja pegada de carbono inicial (na construção) é baixa, podendo baixar ainda mais usando a reciclagem.

O estudo mostrado pela Renault mostra de forma clara os pontos fortes e fracos da nova mobilidade e mais que isso, mostra-nos números e diferenças claras. A Renault fez o que poucos ainda fizeram. Colocando números concretos, os objetivos colocados para 2035 e 2040 deixam de ser percentagens pouco palpáveis e mostram alvos concretos, além de um caminho já bem planeado, que já está a ser percorrido (falaremos disso em breve). No Automais, temos defendido de forma acérrima que a solução para a mobilidade do futuro está no uso inteligente das várias tecnologias que começam a surgir e que já estão disponíveis. Para um consumidor, o elétrico é a solução ideal, para outro, os combustíveis ainda fazem sentido, há o hidrogénio que começa a ganhar força e os engenheiros trabalham incessantemente para nos dar novas soluções. Os radicalismos nunca fizeram sentido e, neste caso, ainda menos.

Ensaios: consulte os testes aos novos carros feitos pelos jornalistas do Auto+ (Clique AQUI)