Dieselgate: Milhões de carros na Europa ainda circulam com níveis “extremos” de emissões
Lembram-se do Dieselgate? Os efeitos ainda se fazem sentir e há ainda muito para resolver. Segundo o International Council on Clean Transportation (ICCT- Conselho Internacional para os transportes limpos – tradução literal) há ainda nas estrada da Europa milhões de carros com níveis de emissões “extremas”.
“Dieselgate” é um termo utilizado para se referir a um escândalo que envolveu o fabricante alemão de automóveis Volkswagen (VW), que foi revelado em 2015. A instalação de software nos motores a gasóleo que permitiu que os motores emitissem níveis muito mais baixos de poluentes durante os testes de emissões, algo que não acontecia em condições reais, passando nos testes de emissões.
O escândalo levou a multas, ações judiciais. Em 2016, a VW chegou a um acordo com o governo dos EUA que incluía o pagamento de milhares de milhões de dólares em multas e compensações aos clientes afetados. O escândalo levou também a um maior escrutínio do cumprimento dos regulamentos sobre emissões por parte da indústria automóvel. E nesse escrutínio têm sido encontrados mais casos.
O ICCT revelou agora que cerca de 13 milhões de veículos a gasóleo altamente poluentes vendidos de 2009 a 2019 permanecem nas estradas. Outros 6 milhões têm níveis “suspeitos” de emissões. Os automóveis abrangem 200 modelos diferentes produzidos por todos os principais fabricantes. Segundo o ICCT, os modelos mais vendidos de 2009-2019 na União Europeia e no Reino Unido com emissões “extremas” são versões Euro 5 do VW Passat (2L) e Tiguan (2L), Renault Clio (1.5L), Ford Focus (1.6L) e Nissan Qashqai (1.5L). 700.000 medições em cinco países europeus, mostraram que cerca de 75% dos tipos de motores a gasóleo excedem o nível “extremo” de emissões.
“Passaram mais de sete anos desde do Dieselgate”, disse Michelle Meyer, de ICCT, citada pelo The Guardian. “No entanto, devido às limitadas ações corretivas, estes veículos continuam hoje a operar em toda a Europa, prejudicando a saúde de todos os que estão expostos à poluição atmosférica que estas emissões criam. O Dieselgate ainda não acabou”, disse Tim Dallmann, também de ICCT. “Há uma base muito forte de provas e cabe aos governos e outras partes interessadas tomar medidas. Sem ação, vai continuar a apodrecer. Estes são veículos vendidos ainda em 2019, pelo que vão continuar a operar nas ruas de cidades europeias e britânicas durante muitos anos”.
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