Diário de um português em Tóquio com a Nissan: extras
Pois é, caros leitores, a viagem a Tóquio com a Nissan, ia acabando da pior maneira e quase, quase que fiquei preso na cidade japonesa. Preso é uma força de expressão, pois ia perdendo o avião para o Dubai. E porquê? Porque a organização local – a quem a Nissan entregou a organização do evento – não conseguiu perceber que a autoestrada para Narita estava fechada e que havia um monumental engarrafamento.
Tudo começou de manhã bem cedo, ao pequeno almoço, quando soubemos que os ensaios em pista estavam anulados devido ao mau tempo e ficamos com a possibilidade de fazer o ensaio à motorização e-Power. Cumprida a etapa ficava por decidir quando ir para Narita e apanhar um voo que saía às 22 horas locais.
Alvitrei sairmos à hora de almoço, ficar a descansar já em Narita no “lounge” da Emirates sem mais problemas. Pois que não era preciso e que sairíamos entre as 16 e as 17 horas. Felizmente saímos antes, mas como o mau tempo inviabilizava a chegada a horas do autocarro, foi sugerido um trio de Taxi para nos levar ao aeroporto. Começava aqui a tragédia.
Foram cinco horas fechado num carro com um condutor que não falava inglês, muita negociação com o patrão do taxista e, finalmente, a solução: deixar-nos numa estação de comboio para conseguir chegar a Narita. A solução antes desta era simples: “arranjo-lhe um hotel e amanhã seguem viagem”. Olha se fosse para o camandro!
O nosso taxista lá perdeu mais meia hora e após um total de quase 250 euros no taxímetro, lá descemos numa estação onde não foi fácil encontrar forma de comprar o bilhete. Conseguimos e apanhamos o primeiro comboio, sendo enganados por um japonês que nos mandou para o lugar errado. Perdemos a primeira composição que ia para Narita, apanhamos o segundo, mas quando entramos tínhamos a certeza que a perda do avião era inevitável.
Mesmo assim corremos para o termina e qual anjo divino, uma bonita japonesa da Emirates disse que devíamos correr que ainda estava aberta a porta! O quê?!
Acreditem, corri o que nunca corri, andei o que nunca andei até chegar ao “check-in” e deixar a mala. A mala novinha comprada no Centro Comercial… Eram 21.45 horas quando entreguei a bagagem. Faltava só passar pelo controlo de passaportes e chegar à porta.
Apanhei um tipo que estava complicar a questão do passaporte – acabou na polícia a explicar algumas coisas – e quando sai do controlo, eram 21.57. O voo era ás 22 horas. Burro, com a pressa olhei para o cartão de embarque errado e não sabia qual a porta. Esquerda, direita, fui pela esquerda. Não!!!!!! Erro! Parei, ofegante, e vi que tinha o cartão de embarque errado. A porta era a 66. Estava a 10 minutos a andar da porta! Pensei… tanto esforço e fico em terra!!!
Corri. Meu Deus, como corri! Pensei que os pulmões iam sair pela boca. As dores nas pernas, nas ancas, enfim, em todo o corpo, iam atrasando-me. O peso da mochila ia ficando insuportável e deu-me vontade de a mandar fora! Até que mais uma menina japonesa da Emirates me disse “não corra senhor, a porta vaio estar aberta até ás 22.45.”
Confesso que ouvi estas palavras como se estivesse num túnel, prestes a desmaiar tal o cansaço e as dores que sentia, suando em bica.
Dexei de correr, mas estuguei o passo até que, finalmente, me agarraram no baço, me tiraram a mochila e me sentaram. Estava tão perto do desmaio que, soube depois, tropeçava em mim próprio, mais parecendo bêbado. Recuperei, deram-me água e, finalmente, cheguei à porta. Mostrei o passaporte, o cartão de embarque e agradeci a ajuda que me deram.
Aproveitei para me tentar recompor no caminho até á manga, com outra pessoa do “staff” da Emirates a tentar ajudar-me. Mas já tinha recuperado o fôlego, apesar das muitas dores que percorriam o meu corpo.
Entrei no avião e… escadas?!!! Escadas?!!! Tinha entrada pela porta da frente do Airbus A380 e a classe Executiva é no primeiro andar do avião (lá está… voltei a lembrar que viajei em executiva e no A380… mete nojo absoluto). Acreditem, foi excruciante subir aqueles degraus até ao primeiro andar do avião. Dores, muitas dores e um cansaço enorme. Deixei a mochila no lugar e fui para a casa de banho com uma cara que fez as hospedeiras temerem pela minha saúde. Mas estava tudo bem, regressei ao meu banco e bebi, muito, até estabelecer a hidratação necessária.
Tinha planeado fazer algum trabalho, mas perante o esforço acabei por adormecer de forma profunda durante muitas das quase 12 horas de viagem entre Tóquio e o Dubai. Não posso deixar de agradecer à Emirantes que perante o caos instalado no acesso a Narita, decidiu atrasar, voluntariamente, o meu e outros voos. A hora e meia de atraso quase me deixava “pendurado” no Dubai, mas quando entrei na zona de acesso aos voos, mais uma funcionária da Emirates, que estava à minha espera, tranquilizou-me quando disse que o tinha muito tempo para apanhar o voo para Lisboa.
Deu para ir a uma espécie de bar americano, beber uma Budweiser e assistir á parte final do jogo quatro da final do Campeonato Mundial de Basebal, nome que os americanos dão ao campeonato do seu país desta modalidade. Cumprido o ritual lá fui para o avião e sete hoas e meia, estava a chegar a Lisboa.
Foi por pouco que não fiquei em Tóquio e por menos ainda tinha ficado por lá doente. Mas, tudo correu bem e foi uma belíssima semana passada no outro lado do mundo. Termina aqui este “Diário de um português em Tóquio com a Nissan” com estes “extras” tal como sucede num bom DVD. Até à próxima!
José Manuel Costa
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