Corvette de motor central pode chamar-se Zora
Será a maior alteração em mais de 60 anos de história: o próximo Chevrolet Corvette, geração C8, terá motor central, entrará na liga dos superdesportivos e, segundo os papéis entregues para registar a patente do carro, poderá passar a chamar-se Zora.
Será, talvez, dos segredos mais mal guardados de toda a indústria automóvel mundial, sendo alimentado há meses. A Chevrolet iria, finalmente, ceder e construir um Corvette de motor central traseiro para apresentar no Salão de Detroit de 2019? Ou tudo não passava de uma ideia que não teria continuidade? A verdade é que a casa americana pertença da General Motors nunca deu uma resposta definitiva, oferecendo pasto virgem para o fogo dos adeptos da marca lavrar sem controlo.
Uns, guardiões da tradição, indignados com a ideia, outros, apaixonados pela competição, choraram de alegria a saber que poderia haver um Corvette de motor central traseiro. Alguns ficaram apenas tristes porque se hoje um Corvette Sting Ray moderno e com aquele aspeto a meio caminho entre um canivete suíço e uma réplica das naves do Star Wars, fica, nos EUA, por menos de 80 mil euros, o novo Zora será bem mais caro…
A evolução é assim mesmo e a Chevrolet tinha de fazer alguma coisa para dar ao Corvette mais dinâmica, mais poder, mais sedução, enfim, mais capacidade para lutar de igual para igual com as realizações de outros construtores.
Depois de muitos meses de testes e sempre pesadamente camuflado, eis que a Chevrolet “destapou” um pouco o véu sobre o Corvette C8 Zora. O habitáculo avançou, naturalmente, para dar espaço ao V8 colocado entre os bancos e o eixo traseiro. A frente é agressiva, o mesmo se passando com a lateral, em cunha, um pouco à imagem do que sempre foi o Corvette. Na traseira, o arranjo é muito semelhante ao do carro com motor central dianteiro.
Naturalmente que estão lá as entradas de ar generosas para refrigerar o motor, as cavas das rodas musculadas, o difusor traseiro com dupla saída de escape e o spoiler encurvado, tudo contribui para um estilo que se antevê agressivo, dinâmico e ágil.
Na casa das máquinas, lá estará o bom e velho V8, mas desta feita totalmente novo e com 6,2 litros de cilindrada. Terá compressor, tempo variável de abertura das válvulas e qualquer coisa como 700 CV. Depois, haverá a opção de um V8 de 4.2 litros mais calmo a debitar 500 CV e uma versão “hardcore” com o V8 de 5.5 litros, duplo turbo, que pode chegar aos 860 CV. A caixa será uma unidade de sete velocidades de dupla embraiagem feita pelos especialistas da Tremec, empresa mexicana que já hoje faz a caixa de sete velocidades manual do Corvette C7. Recordar que a Tremec comprou em dezembro de 2011 a empresa belga “Hoerbiger Drivetrain Mechatronics” especialista em caixas de dupla embraiagem. A Tremec ficou com o “know how” da empresa belga e desenhou e desenvolveu uma unidade de dupla embraiagem que encaixa até 900 Nm e até 9 mil rotações por minuto.
O novo Corvette não terá caixa manual, até porque os clientes do atua C7 optam, esmagadoramente, pela caixa automática, e o modelo mais radical do atual Corvette é mais veloz em pista, por exemplo, com caixa automática que com caixa manual. Portanto, a escolha da caixa automática foi apenas lógica para a Chevrolet.
O novo C8 é mais comprido, mais baixo e também tem um pouco mais de distância entre eixos, o normal para um carro de motor central traseiro. Quer isto dizer que o “velho” Corvette está morto? Não!
O atual Corvette C7 continuará a ser produzido até final de 2021, sendo que nessa altura será tomada uma decisão, olhando sempre ao comportamento comercial do carro face ao novo C8. Além disso, o novo Corvette será uma plataforma para a Chevrolet começara a olhar para o segmento dos desportivos elétricos, sendo que o primeiro passo pode ser uma mecânica híbrida com motor elétrico no eixo dianteiro, oferecendo, assim, a possibilidade de tração integral ao Corvette. E, curiosamente, a Chevrolet já patenteou o nome E-Ray. E como o nome “Manta Ray” também já foi patenteado, o novo carro poderia fazer a ligação ao “Sting Ray” com aquele nome, encaixando de forma perfeita o E-Ray na nomenclatura do novo modelo.
No entanto, a Chevrolet, desde 2014, que tem estado a registar o nome Zora. E de onde vem este nome? O engenheiro belga Zora Arkus-Duntov foi o responsável pelo primeiro Corvette e também pelo protótipo XP-819 que foi desenvolvido nos anos 60 do século passado. Protótipo esse que tinha o aspeto de um Corvette Sting Ray mas o motor V8 colocado atrás do eixo traseiro, um pouco á imagem do Porsche 911. Não iria longe, mas a Chevrolert acabaria por aproveitar esse projeto para fazer o menos bem sucedido Corvair que tinha o motor alojado atrás do eixo traseiro, libertando o habitáculo. Claramente desequilibrado, nunca foi um sucesso de vendas.
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