Conheça os carros que algumas marcas preferiam nunca ter feito! (Parte 2)
Todas as marcas automóveis, maiores ou mais pequenas, tiveram os seus dias maus (algumas têm anos… enfim) e lançaram modelos de que não se orgulham e, muitas delas, preferem esquecer que alguma vez existiram. Nesta galeria de fotos poderá ficar a conhecer alguns deles. Basta seguir o texto e passar as fotos para ficar a saber as nódoas que caíram no melhor pano.
Alfa Romeo Arna (1983)
A inveja é um dos sets pecados mortais e este carro é fruto desse mesmo pecado. Invejando o sucesso da Volkswagen com o Golf nos anos 70 e 80, a Alfa Romeo foi ao bolso e de lá saiu uma traça. Empurrada pela inveja, a casa do Biscione cometeu um dos maiores erros da sua história ao alinhar com a Nissan para criar um carro barato e que pudesse ser colocado à venda rapidamente. Foi assim que nasceu o Arna (acrónimo de Alfa Romeo Nissan Autoveicoli) em 1983, pouco mais que um Nissan Cherry, com uma nova grelha e a mecânica do Alfasud. Não faz sentido hoje e não fazia sentido ontem e por isso o Arna passou anónimo pela história da industria automóvel, abafado pelo mais carro, mas ainda assim melhor, Alfa Romeo 33. Curiosamente, os responsáveis da Alfa Romeo ainda tentaram melhorar o carro, mas a Fiat cancelou imediatamente o projeto que entre 1983 e 1987 produziu 53 047 unidades. Foi um dos carros que levou o Istituto per la Riconstruzione Industriale a vender a casa do Biscione, depois de perdas pesadas.
Pontiac Fiero (1984)
A avareza é outro pecado mortal e o Fiero é o exemplo de como não se deve fazer um carro para provocar os europeus. A General Motors quis criar um desportivo acessível que conseguisse fazer a vida difícil aos modelos desportivos europeus e japoneses, com a Pontiac a olhar com inveja para o Fiat X 1/9, do qual beber inspiração para o Fiero. Tudo parecia certo, no papel, mas a verdade é que a avareza da GM atirou o modelo para a lama. Para poupar, recorreu aos componentes utilizados nos carros mais baratos da GM nos anos 80 (muito maus, diga-se!) e colocou um motor horrível no Fiero, o bloco de 4 cilindros com 2.5 litros e… 95 CV! Andava mais depressa parado que em andamento!!! Para piorar a situação, o Fiero tinha uma forte tendência para se incendiar. Ainda viveu cinco anos e conheceu algumas melhorias, mas era tão mau que desapareceu depois de vender 136 840 unidades em 1984, 76 371 em 1985, 83 974 carros em 1986, 46 581 unidades em 1987 e 26 402 carros em 1988.
Cadillac Alllanté (1987)
Mais uma vez a inveja a deturpar o pensamento e, uma vez mais, nos americanos da Cadillac. O domínio do Mercedes SL no segmento dos roadster de luxo, irritou a Cadillac – a guardiã do luxo norte americano – e em 1987 decidiram acabar com essa situação. Foi assim que nasceu o Allanté, um roadster desenhado e construído pela Pininfarina, em Turim, sendo enviadas as carroçarias para Detroit, onde “casavam” com a mecânica. Pensaram os homens da Cadillac que o custo de produzir a carroçaria em Itália, aportando-lhe o nome Pininfarina, iria ser justificado e traria mais prestigio ao Allanté. De peito cheio, a Cadillac pedia quase tanto dinheiro pelo Allanté que a Mercedes pelo SL (54.700 dólares contra 55.300 dólares). Mas o Allanté era menos potente (170 contra 240 CV) que o SL, tinha tração dianteira e a qualidade ficava a léguas do Mercedes. Por exemplo, os primeiros modelos tinham entradas de água na capota. Um perfeito desastre que ainda durou sete anos, até a GM acabar com um carro que sempre deu amplo prejuízo em cada uma das 21 430 unidades produzidas.
Lotus Elan M100 (1989)
Há coisas que não se conseguem perceber e este Elan é um desses casos. Errática, a Lotus sempre foi uma marca de nicho, mas debaixo da propriedade da General Motors encheu-se de brios e entendeu que estava na hora de recriar o Lotus Elan, tendo como objetivo sair da penumbra das ilhas britânicas e conquistar terreno no continente norte americano. Como se faz isso? Na opinião dos responsáveis da Lotus e da General Motors, criando um roadster com um estilo arredondado e em cunha e com tração dianteira. Ou seja, tudo aquilo que a Lotus nunca fez! Aliás, o Elan foi o primeiro, o último e o único tração dianteira na historia da marca de Hethel. Os adeptos quiseram ajudar e acolheram bem o Elan, mas o Mazda Miata fazia o mesmo por uma fração do preço (e com tração traseira) e o brutal investimento da Lotus no Elan começou a perder-se num poço que cada vez mais tinha aparência de areia movediça. O custo de fabricação do tabliê do Elan era maior que o curto total de fabricar um Lotus Excel! Estes erros absurdos foram espelhados nos números de produção: 3 855 unidades entre novembro de 1989 e julho de 1992. O Elan ainda foi comprado Kia que fez um milhar de unidades até mandar o projeto para o caixote do lixo.
Porsche 911 996 (1997)
A geração 996 do Porsche 911 foi um passo em falso da Porsche que poderia ter afetado a reputação do coupé da casa de Zuffenhausen. Os responsáveis da casa alemã decidiram trocar o motor refrigerado a ar por um “boxer” com refrigeração líquida. Isso foi uma facada no coração dos puristas da Porsche, mas acabaria por se manter desde essa altura, pois com as regras de emissões e nível de ruído, o 911 tinha de mudar. O outro erro foi pegar na frente do Boxster e aplicá-la ao 911. Ninguém gostou, ou gosta, deste 996 que, para complicar as coisas, ainda tinha um problema mecânico crónico. Tudo isto deu uma má reputação ao 996 que é, hoje, dos Porsche 911 menos valorizados. A partir dai, nunca mais a Porsche reviu o 911 sem ter o devido cuidado nas alterações.
Fiat Multipla (1998)
A teoria da função sobrepor-se à forma nunca viveu confortavelmente no universo automóvel. Quando conseguiu, o resultado foi… o Fiat Multipla. O original 600D Multipla dividia opinião pelo seu formato estranho, mas que funcionava, a ressurreição do modelo deu-se em 1998, mas com menos polémica: unanimemente, era considerado um carro feio, horrível! Sendo italiano, esperava-se algo mais desta ressurreição do Multipla. Porém, o seu grande trunfo era o chassis de excelente qualidade e um habitáculo que tinha verdadeiros seis lugares, aninhados em duas filas de bancos individuais. O espaço era imenso, a bagageira generosa, recebeu uma remodelação (2004) que lhe retirou o fator surpresa e juntou mais uns ódios devido á forma ainda menos feliz da renovação e desapareceu em 2010. Foi este o modelo que inspirou o Honda FR-V, tão ou mais polémico que o Multipla.
Pontiac Aztek (2000)
Este é um carro que, certamente, foi afetado pelo “bug” do milénio. Apresentado como protótipo em 1999, o Aztek conseguiu superar a barreira do salão até á produção em série. Feio que metia medo, o Aztek tinha algumas qualidades que o estilo absolutamente horrível, escondia. Onde é que os responsáveis da Pontiac tinham a cabeça?! Era um carro sem alma, sem qualidade e com algumas dificuldades no comportamento. Saiu de cena em 2005. A febre dos crossover tinha tomado conta do mercado e set cruzamento falhado entre um SUV e uma carrinha só pode ter saído assim devido ao “bug” do milénio.
Renault Avantime (2001)
Costuma-se dizer “não consertes aquilo que está consertado” e “não respondas a perguntas que não existem”. Ora, a Renault ignorou este último adágio e pegando numa Espace, tirou-lhe duas portas, mandou fazer dois portões com dobradiças gigantescas e disse “aqui está a resposta para um SUV de topo com apenas duas portas.” O estilo era desequilibrado e as duas portas deram muitas dores de cabeça, num modelo que não servia para nada. Ainda por cima, a Renault decidiu iniciar a comercialização do Vel Satis ao mesmo tempo. Afinal, tinha a Renault dois topos de gama? Uma imensa trapalhada e o Avantime é hoje uma peça de coleção, pois há poucos apenas 8557 unidades produzidas em 22 meses de vida.
Jaguar X-Type (2001)
Este Ford Mondeo de luxo era um carro interessante que surgiu na hora errada e com quase tudo errado. Combater os alemães da BMW (Série 3) e Mercedes (Classe C) com um tração dianteira, foi o primeiro passo em falso. Depois, tentando esconder que estávamos perante um Mondeo “fancy”, a Jaguar lançou o carro com um motor V6, tração integral e sem motores diesel. Pois, logo na época do “boom” do gasóleo no Velho Continente e apetência para carros de tração traseira. De nada valeu ser o primeiro carro a ter um ecrã sensível ao toque.
Aston Martin Cygnet (2011)
Ulrich Bez, CEO da Aston Martin na época, apresentou pomposamente o Cygnet que não era mais que uma tentativa de baixar a média de emissões da marca. A base era um Toyota iQ e tinha um motor da marca japonesa com 100 CV. Dizia Ulrich Bez que esperava vender 4 mil unidades por ano. Estupidamente caro, o Cygnet não foi além das 300 unidades. Um absoluto “flop”.
Ensaios: consulte os testes aos novos carros feitos pelos jornalistas do Auto+ (Clique AQUI)
0 comentários