Como o micro-ondas pode ser exemplo para os carros elétricos…
Apesar do forte aumento das vendas registado nos últimos anos, os automóveis elétricos (elétricos a bateria e híbridos plug-in) ainda representam apenas 1,5% do parque automóvel total da UE onde apenas três países têm uma quota de automóveis elétricos a bateria superior a 2%. Contudo, as vendas mostram que as coisas estão a mudar (uma coisa são as vendas, outra os carros existentes em circulação), e de acordo com um estudo da Bloomberg e ACEA, os carros elétricos já passaram um ponto de viragem crucial em 23 países, com o Canadá, Austrália, Espanha, Tailândia e Hungria a serem os mercados mais recentes a ultrapassar o limiar de ‘adoção’ de 5%.
E porquê este número é importante?
Como se pode calcular ao longo da história, muitas vezes novos produtos chegaram ao mercado e foram inicialmente alvo de desconfiança ou simplesmente tiveram por parte das pessoas muita parcimónia em adotá-los.
O micro-ondas pode servir de exemplo. Só após 20 anos de vendas modestas a tecnologia ‘rebentou’ Hoje, toda a gente no mundo mais industrializado tem um em casa.
E muitos mais exemplos poderiam ser dados, está mais do que estudada a curva de adoção, sendo que, como é lógico, há produtos que têm sucesso mais rapidamente.
E foi esta ‘curva’ de adoção de tecnologia que foi agora estudada relativamente aos veículos elétricos, e segundo uma análise da Bloomberg Green sobre as taxas de adoção em todo o mundo, há um ano, 19 países tinham ultrapassado o que se tornou um ponto crítico de viragem dos VE, que determina se essa tecnologia ou esse produto se vai massificar: 5% das vendas de automóveis novos movidos apenas a eletricidade.
Mas este ano mais cinco países deram o salto acima dos 5%, Canadá, Austrália, Espanha, Tailândia e Hungria juntaram-se a um grupo que também inclui os EUA, a China e a maior parte da Europa Ocidental.
O estudo refere mesmo que há a possibilidade desses 5% passarem a 25% dos automóveis novos em apenas quatro anos. Esta parte parece-nos mais complicada, pois há muita coisa a acontecer no mundo que tem muito mais potencial para atrasar o avanço do que para o acelerar.
Claro que o tempo que demora a chegar aos 5% varia muito de país para país, neste caso levará tempo a ultrapassar os desafios universais dos custos dos automóveis, da disponibilidade de carregadores e do ceticismo dos condutores, mas quando isso suceder, os carros elétricos irão massificar-se. Logicamente a velocidades diferentes como já sucede.
Nos EUA, o ponto de viragem dos VE chegou no final de 2021, porque os americanos precisam de mais autonomia pelos motivos que todos conhecemos.
Outra coisa que se sabe é que haverá sempre resistentes.
Na Noruega, o pioneiro mundial dos veículos elétricos, o crescimento parece estar a abrandar depois de ter atingido 80% dos veículos novos. Leu bem, 80%.
E isto está a suceder de formas diferentes em muitos países…
Na Europa, alguns foram rápidos a adotar os híbridos plug-in, mas nos EUA e a China, por exemplo, ignoraram os híbridos plug-in e passaram diretamente para os veículos totalmente elétricos.
Outro ponto importante é que o volume de vendas pode marcar um ponto de viragem. Depois de a Tesla ter começado a vender o Modelo 3 em 2017, a empresa quase foi à falência por não conseguir fabricar veículos com rapidez suficiente para reduzir os custos unitários de cada carro que fabricava, ou seja, melhorar a relação custo/benefício do investimento. O aumento da produção permitiu a redução dos custos e de aumento dos volumes, e por isso o crescimento dos veículos elétricos também depende da capacidade dos fabricantes de automóveis tradicionais e dos seus fornecedores para fazerem investimentos semelhantes de fé cega antes de a procura se materializar totalmente.
As fábricas têm de ser reequipadas e as cadeias de abastecimento reconfiguradas. Para obter o máximo de poupança, todo o veículo deve ser redesenhado tendo em mente a eletrificação. Muitos estão a fazê-lo, mas o risco é enorme até que as vendas se generalizem.
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