Como já mudava o mercado automóvel há 15 anos: a procura do ‘Santo Graal’
Há 15 anos, o mercado automóvel era diametralmente diferente do que temos hoje mas nessa altura já se falava muito de energias alternativas, e da demanda pelo “Santo Graal”.
Reconhecido como sendo um dos principais fatores de poluição mundial, há 15 anos a indústria automóvel tinha uma boa quota-parte de responsabilidade no cenário e, mais importante ainda, o dever de contribuir para a sua resolução. Ao longo de mais de um século, o automóvel evoluiu muito visando um melhor rendimento, ou seja, melhor aproveitamento da energia contida no combustível.
Mas na realidade, olhando ao progresso realizado noutros domínios da tecnologia, a indústria automóvel encontrava-se há 15 anos ainda bastante atrasada. A generalidade dos automóveis ainda era alimentada pelos dois combustíveis tradicionais, gasolina a gasóleo, e por muito que o consumo individual de cada automóvel, ou mesmo o impacto ambiental que cada carro gerava fosse claramente diminuto face ao passado, o galopante aumento do número de automóveis impedia que o futuro fosse sustentável. Como se prova.
De facto, enquanto mercados maduros como o Europeu e o Norte-americano estavam relativamente estáveis, mercados emergentes como o indiano, chinês e até mesmo o africano, prometiam ser, em pouco anos, os maiores consumidores automóveis a nível mundial. Novamente como se provou. E não seria minimamente justo, nem sequer possível, impedir que também estes países pudessem ter direito à mobilidade individual, pelo que o melhor era apontar as baterias ao há muito anunciado, mas pouco concretizado, plano de produzir em massa veículos dotados de energias ditas alternativas.
Esta era há 15 anos a única saída possível e uma coisa era certa: de todos os construtores, quem mais cedo investisse, mais cedo recolheria os frutos desta aposta estratégica.
Poucos mas competentes
Mas afinal, em 2008 quais eram os automóveis com energias alternativas no mercado? Ainda antes de desenvolver outras energias alternativas, a indústria encontrou algumas soluções, mais simples e pragmáticas, que conseguiram melhorar razoavelmente a eficiência de um motor tradicional. A BMW deu um significativo passo neste sentido com a tecnologia Efficient Dynamics. Não foi uma revolução, mas antes uma inteligente reconversão energética de um motor, visando a diminuição do consumo.
O maior passo neste sentido foi dado pelo sistema Start-Stop do motor. Era tão simples – e ainda é – como um automatismo que desligava o motor sempre que o condutor parava a marcha, num semáforo ou numa fila por exemplo voltando a ligá-lo assim que este engrena a primeira na caixa de velocidades. Acrescia o facto da BMW conseguir recuperar a energia cinética inerente ao movimento do veículo, a cada vez que o condutor abrandava ou travava. Esta energia era convertida em eletricidade, mantendo a bateria carregada. Por isso, nos períodos de aceleração, altura em que era pedido mais esforço ao motor, e por isso maior consumo, alguns componentes mecânicos eram desacoplados. Aliviado desta sobrecarga, o motor podia “respirar” com mais tranquilidade. Este sistema era completado com pneus de menor atrito ao rolamento e uma grelha dianteira fechada por aletas móveis, sempre que não é necessária, evitando a turbulência aerodinâmica gerada pela alta velocidade.
Este conceito foi estreado pela BMW com um enorme sucesso pois coincidiu com a entrada em cena de uma nova taxação automóvel fortemente dependente das emissões de dióxido de carbono, proporcionais ao consumo.
A proteção fiscal estendia-se, por exemplo, ao GPL, facto que motivou a Subaru a apostar oficialmente neste combustível para as gamas Forester e Legacy. Rodar a bem menos de metade do preço face à gasolina, mesmo sabendo que a transformação GLP podia ter os inconvenientes, era uma opção que fazia todo o sentido, como ainda faz hoje em dia, volvidos 15 anos.
Existiam já também alguns modelos ditos “ecológicos”, precursores de toda uma nova geração que se avizinhava. Neste jogo, o pontapé de saída foi dado pela Honda, que no final dos anos 90 iniciou a comercialização do Insight. Os poucos que chegaram, foram adquiridos por colecionadores, mas o Civic IMA e o Hydrid, levaram a marca a excelentes níveis de vendas. Mais complexo, o Prius da Toyota também conquistava terreno, mas era
com os Lexus RX400h e LS600h que se viam as reais potencialidades desta tecnologia. Era neste sentido que se projetava darem-se os próximos passos, com reais mais-valias para os clientes e meio-ambiente.
Tal como se veio a comprovar…
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