Como a Volvo está a reduzir a pegada de carbono?
Não é novidade para ninguém que a ‘contagem’ de emissões de dióxido de carbono para a atmosfera são ‘contadas’ no escape, mas não é essa a forma correta de o fazer. O fabrico de um carro novo também gera poluição. Essa pegada de carbono do fabrico de um automóvel é complexa, começa pela extração de minério, a sua transformação em peças, tudo o resto de que é composto um veículo, também, pneus, painéis de plástico, pintura, etc, quase nada é feito ‘in loco’ pelo que tudo isto implica transporte das peças por todo o mundo.
Segue-se a montagem. Enfim, tudo contribui. E tudo isto tem que ser tido em conta.
Portanto, quando perguntamos “Qual a quantidade de dióxido de carbono que um carro produz?” deve-se ter em consideração não apenas as emissões de CO2 durante o uso do automóvel, mas também as emissões causadas pela sua produção e eliminação.
Resumindo, todos os automóveis têm uma pegada muito maior do que se pensa. E onde queremos chegar?
O que estão a fazer os fabricantes de automóveis para atenuar esta questão? O que podem fazer?
A Volvo, por exemplo, anunciou agora que o seu novo EX30 será o automóvel da sua marca com menor pegada de carbono de sempre. E como?
Gerindo as emissões produzidas ao longo de todo o ciclo de produção e de vida do EX30, a Volvo conseguiu reduzir a sua pegada de carbono total ao longo de 200.000 km de condução para menos de 30 toneladas. Trata-se de uma redução de 25% em comparação com os outros dois modelos 100% elétricos, o Volvo C40 e o Volvo XC40. São estes passos que os construtores têm de dar…
Reduzir a pegada de carbono global de um automóvel, a eletrificação por si só não será suficiente.
Um automóvel não é apenas conduzido, é também projetado, desenvolvido, construído e transportado – e todas estas etapas constituem oportunidades para reduzir ainda mais as emissões de gases com efeito de estufa.
E como conseguiu a Volvo Cars reduzir a pegada de CO2 do Volvo EX30 para 75% face aos seus atuais modelos elétricos? Em primeiro lugar, produzir um automóvel mais pequeno significa que será necessário menos material, menos alumínio e aço, dois dos maiores causadores de emissões de CO2 relacionadas com a produção.
Por outro lado, ao passo que utilizou menos aço e alumínio na produção do novo pequeno SUV, a Volvo utilizou também mais material reciclado. Cerca de um quarto de todo o alumínio utilizado na construção do automóvel é reciclado, tal como cerca de 17% de todo o aço utilizado, o que permitiu reduzir ainda mais o impacto ambiental desses materiais.
Esta abordagem continua no interior, porque o componente mais sustentável é aquele que não existe. Ao utilizar a otimização como princípio orientador do design sustentável, os designers da Volvo conseguiram combinar múltiplas funções no interior do Volvo EX30 num só componente. Isto reduz o número de peças necessárias no interior sem comprometer a funcionalidade.
O material utilizado no Volvo EX30 é outro contributo para uma forma mais sustentável de produzir novos automóveis. Cerca de 17% de todos os plásticos do automóvel, desde os componentes interiores aos para-choques exteriores, são reciclados – a percentagem mais elevada comparando com qualquer outro automóvel Volvo até à data.
Outra área crucial para a redução de emissões é a cadeia de fabrico onde o fornecimento de energia limpa desempenha um papel preponderante. O Volvo EX30 será construído numa fábrica alimentada por elevados níveis de energia ambientalmente neutra, onde se incluindo 100% da eletricidade utilizada.
Quanto à cadeia de fornecimento, a Volvo contactou os seus fornecedores tendo 95% assumido o compromisso de utilizar energia 100% renovável na sua produção até 2025 – estando muitos desde já a fazê-lo. Isto reflete a ambição da marca para não só reduzir as emissões nas suas próprias operações, mas também de encorajar os seus parceiros a fazer o mesmo.
O processo de fabrico do Volvo EX30 foi também otimizado. Isto significa que o automóvel representa uma das taxas mais elevadas de sempre de utilização de material em peças estampadas da carroçaria durante o fabrico.
E, à medida que a Volvo continua a enfrentar o desafio do rastreio dos materiais, especialmente quando produz as baterias para o Volvo EX30, a tecnologia blockchain assume o seu papel ajudando a rastrear a origem de matérias-primas críticas, que agora incluem lítio, manganês, cobalto, grafite e níquel.
Materiais mais inteligentes e mais sustentáveis
No interior, a Volvo Cars utilizou uma vasta gama de materiais reciclados e renováveis para os bancos, para o tablier, e para as portas, incluindo materiais como a ganga, o linho e uma mistura de lã que também contém cerca de 70% de poliéster reciclado. A ganga é, em particular, um bom exemplo de como utilizar materiais de forma mais inteligente e mais sustentável.
Para criar a decoração interior em ganga, a Volvo utilizou fibras que, de outra forma, seriam resíduos do processo de reciclagem. Quando as calças de ganga são recicladas, as fibras desfiadas são torcidas num fio e as fibras longas ligam-se umas às outras. As fibras curtas, são normalmente desperdiçadas – mas não neste caso pois a Volvo utilizou-as para o design dos interiores.
Tudo isto se traduz num automóvel que tem um impacto de CO2 estimado de 18 toneladas.
A expressão “do berço ao portão” descreve o impacto de CO2 desde a extração de matérias-primas até à chegada do automóvel ao concessionário, ou seja, antes de ser conduzido.
É por aqui que se começa…
FOTO Freepik
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