Clássicos, Talbot Sunbeam: Improvável fama nos ralis
Há carros que não ficam na história do automóvel, seja pela falta de qualidade, seja pelo seu anonimato.
O Chrysler Sunbeam é um desses casos. Nascido pela vontade do governo britânico em manter a fábrica de Linwood, o modelo era um utilitário de 3 portas, com estilo perfeitamente anónimo e base no maior Hillman Avenger. Quando o grupo PSA tomou conta das operações da Chrysler na Europa, o modelo manteve-se em comercialização, mas com o nome Talbot Sunbeam.
O ano de 1976 marcou o início da vida do Chrysler Sunbeam, com responsabilidades em termos de engenharia de uma equipa inglesa, enquanto, no respeitante ao estilo, foi o departamento de estilo da Chrysler liderado por Roy Axe quem assumiu as rédeas. Condicionantes em termos de tempo, orçamento e a obrigação – pelo facto de ser o Estado britânico pagar o desenvolvimento, ao abrigo do Ryder Report, tentativa de salvar a indústria automóvel inglesa – de usar o maior número de peças britânicas, deram origem a um carro pouco interessante.
Tecnicamente usava a base do Avenger, encurtada em quase 8 centímetros, tracção traseira e o motor do Hilman Imp com 928 cc. O carro apenas foi comercializado na versão de 3 portas, com um portão traseiro totalmente em vidro. Detalhes estéticos eram poucos, a maioria fruto de compromissos: os faróis eram os do Avenger, logo tiveram de receber uma moldura pouco estética e o estilo demasiado rectilíneo e pouco inspirado. A utilização do portão de vidro obrigou a uma altura de acesso demasiado elevada e nada prática.
Para se perceber o desnorte que reinava na filial europeia da Chrysler – restos do grupo Roots – o nome do carro foi encontrado pela junção de Chrysler com o nome que a marca queria acabar. Ou seja, o Chrysler Sunbeam tinha um nome que a Chrysler queria exterminar para apagar as origens do grupo Roots… Algumas gerações do modelo foram criadas entretanto (com os motores a subirem até aos 1.6 litros de cilindrada), até que uma ideia luminosa perpassou pela mente dos gestores da Chrysler: encomendar à Lotus a realização de uma versão para os ralis aproveitando o Sunbeam. O que fez a Lotus? Colocou suspensões mais duras, alargou as vias aplicando alargamentos nas cavas das rodas, barras estabilizadoras mais grossas e uma caixa de velocidades mais robusta. Além disso a Lotus aplicou uma versão de 2.2 litros do bloco de quatro cilindros e 16v da casa de Hethel e uma caixa de velocidades ZF. O carro de competição daí extrapolado ficou pronto mais cedo que o modelo de série.
Isto porque a Chrysler foi absorvida pelo Grupo PSA e o carro mudou para Talbot Sunbeam Lotus. A verdade é que o carro foi um sucesso e Henri Toivonen venceu o Rali RAC em 1980 e, no ano seguinte, o Talbot Sunbeam Lotus deu o título de construtores à marca.
Hoje as versões Lotus continuam a ser altamente cobiçadas, mas há muito poucas, pois as vendas do carro de série não foram muito elevadas e a esmagadora maioria acabou e está nos ralis ‘Slowly Sideways’. Quanto ao Chrysler Sunbeam, o seu valor hoje pode variar muito, dependendo do estado do carro, do ano de fabrico e da versão. Em geral, um Sunbeam em boas condições pode custar entre 10.000 e 20.000 euros. Os modelos mais raros ou com um histórico de sucesso nos ralis podem valer infinitamente mais.
Aqui estão alguns exemplos de preços de Sunbeam clássicos: Sunbeam 1300 (1970): 10.000-20.000 euros; Sunbeam 1600 (1973): 15.000-25.000 euros; Sunbeam Lotus (1976): 20.000-30.000 euros; Sunbeam Tiger (1964): 50.000-100.000 euros.
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