Clássicos, Morris Marina: erro de ‘casting’
Não será agradável reunir tanto consenso nesta matéria como obteve o Morris Marina. Construído pela Morris, o modelo inglês ficou conhecido como um poço de problemas, além do facto de ter prestações pouco mais que ridículas. Segundo os críticos, o Marina era um carro antiquado, sem qualidade, com um estilo anónimo e um comportamento semelhante a um barco. O curioso é que o seu sucessor, o Ital, foi anunciado como uma versão muito melhorada, mas acabou a receber as mesmas críticas. Um verdadeiro erro de “casting”.
Em produção entre 1971 e 1980 com extensão até 1984 com o Ital, ano da morte da Morris, o Marina era uma amálgama de peças oriundas de outros modelos da British Leyland (BL), nomeadamente do Morris Minor e do MGB, e a transmissão e suspensões do Triumph Dolomite. Olhado pela BL como um carro para preencher uma lacuna na gama até à chegada de novos modelos, o Marina foi desenhado pelo mesmo homem que traçou as linhas do Ford Cortina Mark II, Roy Haynes. O inglês experimentou uma técnica comum há muito, a partilha de plataformas. Curiosamente, a direção da BL achou que a ideia era demasiado avançada e rapidamente colocou Haynes na “prateleira” dando a Henry Webster, o estilista da Triumph, a missão de levar por diante o projeto ADO28, o Morris Marina.
Tudo começou mal quando os motores escolhidos foram os veneráveis Série A e Série B, nas versões 1.3 e 1.8 litros, com tração traseira fixada num eixo rígido. Chegou a ser oferecido com um bloco Diesel de 1.5 litros incrivelmente lento. A chegada de modelos mais modernos, como o VW Golf, deu a entender que máquinas tão rudimentares tinham os seus dias contados.
Infelizmente, o sucessor do Marina foi sendo adiado e apenas surgiu entre 1983 e 1984, na forma da dupla Austin Maestro/Austin Montego. Em 1975 surgiu um”facelift”, com novos revestimentos e instrumentos no interior,
melhoria na insonorização, recebendo um motor série O com 1.7 litros e, em 1978, também um bloco Série B de 1.8 litros. A verdade é que tudo o que foi feito não alterou a forma das pessoas verem o Marina: feio, lento e poluidor. Os problemas de dinheiro da BL levaram a pedir ajuda à Ital Design de Giorgetto Giugiaro, nascendo assim o Ital Marina.
Infelizmente, o desenho não era da Ital e todos os problemas de sempre do modelo inglês mantiveram-se, até o carro desaparecer de vez em 1984. Apesar de ser considerado como um dos piores carros do Mundo, a verdade é que o Marina tem uma legião de admiradores, tendo mesmo no passado ocupado o segundo lugar de vendas atrás do Ford Cortina. O que é ainda mais curioso é que o Marina, lento e ineficaz como poucos, foi usado na competição. Donald Stokes, presidente da BMC, ordenou a criação do departamento de competição da BMC e quando o Marina chegou, foi usado. Sem dinheiro, sem mecânicos e sem engenheiros de desenvolvimento,
um grupo de entusiastas da marca liderados por Brian Culcheth (piloto) criou o Marina 1.3 Coupé de ralis financiado pelos lucros da venda de peças especiais no “Special Tunning” da BL. Obviamente que o sucesso foi reduzido embora, por falta de comparência de outras marcas, a BL tenha ganho a classe 1.3 nos ralis ingleses de 1978. Um a vitória de Pirro, pois o Marina desapareceu pouco depois, ficando apenas um clube de fãs ingleses que se reúnem várias vezes para comparar os seus Marina.
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