Clássicos: Lancia Flaminia, ‘Italian Job’

By on 27 Junho, 2023

Construído entre 1957 e 1970, o Lancia Flaminia era um dos carros mais luxuosos da gama do construtor italiano, sendo o automóvel de eleição de personalidades, vedetas, famosos e… mafiosos.

Como sucedia na época, o Flaminia tinha uma gama muito completa com um sedan enorme, um coupé de estilo tipicamente italiano e um cabriolet.

O nome deste modelo foi encontrada como sucedia, na época, com todos os modelos Lancia: estradas romanas. Este modelo ficou com o nome da “Via Flaminia” que ligava Roma a Ariminum, atualmente a cidade de Rimini.

Mas ainda mais curioso é o facto de o Flaminia ser na base um chassis que servia para ser carroçado por alguns dos mais prestigiados designers e carroçadores italianos da época. Ou seja, um Flaminia era uma peça única e exclusiva pelo que hoje são dos automóveis mais desejados pelos colecionadores e dos mais caros, sendo presença assídua em concursos de elegância e em leilões. No total, foram produzidas 12 633 unidades, residindo

outra curiosidade no facto da produção de coupés ter superado largamente a das berlinas…

O chassis do Flaminia era baseado no Aurelia, recebendo inúmeras inovações. A suspensão dianteira passou a ser independente, com triângulos duplos e molas helicoidais com amortecedores telescópicos e barra estabilizadora. Igual à de muitos modelos atuais. Atrás surgiu uma ponte De Dion com a caixa montada no eixo traseiro. Nesta primeira série, o Flaminia ainda possuía travões de tambor, mas após 500 unidades produzidas

e muitas queixas recebidas, os modelos baseados neste chassis passaram a ter travões de disco.

A primeira carroçaria foi desenvolvida por Pininfarina, uma berlina de quatro portas que surgiu com grande pompa e circunstância no Salão de Turim de 1956, debaixo do nome Florida. No ano seguinte surgiu um novo protótipo de seu nome Florida, mas desta feita um coupé de linhas esbeltas e que ficou como carro pessoal de Battista Farina, o homem por trás da Pininfarina.

A Pininfarina tomou a responsabilidade de vários modelos do Flaminia, nomeadamente, a Berlina que se manteve em produção durante 13 anos, sendo construídos um total de 3 344 Flaminia Berlina.

O coupé, dos quais foram produzidos 5 236 unidades, também foi desenhado e no caso construído pela Pininfarina, sendo um clássico 2+2 muito semelhante em termos de estilo à Berlina.

Da autoria da Carrozzeria Touring, os Flaminia GT, GTL e Convertible eram radicalmente diferentes dos modelos Pininfarina. O GT tinha duplos faróis à frente e apenas dois lugares, sendo muito mais curto. Já o GTL tinha 2+2 lugares e o descapotável apenas dois.

O sucesso foi relativo tendo sido produzidos 847 cabriolets, 1718 unidades do GT e 300 do GTL. A Zagato também criou o seu Flaminia, o SuperSport de apenas dois lugares e o 593 Sport, mas uma vez mais o sucesso foi escasso e apenas 593 unidades foram produzidas.

O modelo mais estranho do Flaminia foi o Presidenziale, modelo desenhado e fabricado pela Pininfarina sob encomenda do Presidente de Itália para a visita da Rainha Isabel II à Itália. Foram produzidos cinco carros, um dos quais está no Museu Automóvel de Turim e os outros três na posse do Estado italiano. O quinto modelo desapareceu, existindo rumores que o dão como tendo sido oferecido à Rainha Isabel II.

Em termos mecânicos, o Flaminia era um carro avançado, pois estava equipado com a primeira evolução do primeiro motor V6 construído no Mundo e que tinha sido utilizado no Aurelia. Com cilindrada incrementada devido ao aumento do diâmetro e curso dos pistões, o V6 estava colocado longitudinalmente e transmitia o binário e a potência às rodas posteriores através de uma caixa de 4 velocidades montada no eixo traseiro ou em opção com uma caixa semi-automática Saxomat.

O motor V6 de 2.5 litros passou por diversos estágios de potência, entre os 102 e os 140 CV, este último com a ajuda de um carburador triplo. Versões com o V6 “esticado” até aos 2.8 litros surgiram no final da vida do Flaminia, nomeadamente, nas versões mais desportivas realizadas pela Touring e pela Zagato.

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