Clássicos, Ferrari Dino: Em honra do filho
Chamava-se Alfredo “Dino” Ferrari o filho de Enzo Ferrari, desaparecido muito cedo (existe outro descendente, chamado Piero Lardi Ferrari, hoje na administração da Ferrari) e que era o dileto do “Comendatore”, creditando-se ao seu talento a criação do motor V6 Ferrari, utilizado em vários modelos e no Lancia Stratos. Homenagear a sua memória esteve por trás da motivação para dar o nome Dino aos Ferrari, digamos, mais modestos. Na realidade, alem de homenagear o filho do patrão, o departamento de marketing tentou uma jogada pouco inteligente para reservar o nome Ferrari para os modelos equipados com o bloco V12 ou o 12 cilindros horizontais opostos. De 1968 a 1976 nasceram assim alguns Ferrari conhecidos por Dino Ferrari, posteriormente Ferarri Dino, até que ao se aperceberem que a estratégia estava errada, passaram a chamar-se apenas Ferrari. A tentativa de produzir um desportivo de baixo preço utilizando componentes de outros modelos – hoje em dia tão comum e banal – não correu bem.
Isto porque a própria Ferrari deu alguns tiros no pé, como dizer nos catálogos que este era “quase um Ferrari” e quando se apercebeu que para homologar o V6 para as corridas tinha de produzir 500 unidades, pediu à Fiat para fazer um Fiat Dino (motor à frente e tracção atrás) para que a marca homologasse o motor.
O rival do Porsche 911 nasceu algo atribulado, pois a decisão sobre a colocação do motor criou polémica interna, já que Enzo Ferrari tinha receio que uma arquitetura de motor central colocasse em perigo os clientes que comprassem o Dino. Nem mesmo a existência do bem sucedido Lamborghini Miura (motor central, tração traseira) demoveu Enzo Ferrari que o mais que permitiu foi Sergio Pininfarina desenhar um protótipo de motor central traseiro com base no Dino para mostrar no Salão de Paris de 1968.
Claro está que a reação foi tão boa que nada mais restou à Ferrari que produzir o modelo, acreditando que o V6 com menor potência que os V8 e V12 não criasse problemas. O nome dos modelos utilizava a nomenclatura habitual na marca: os primeiros dois dígitos traduziam a cilindrada, o terceiro o número de cilindros. Ou seja, um Dino 246 tinha 2,4 litros e seis cilindros, um Dino 308 tinha um V8 de 3.0 litros. A verdade é que apesar
de tudo, as linhas esguias e sensuais do Ferrari Dino, o excelente desempenho e comportamento conquistaram os “tifosi” que podiam comprar um Ferrari – sim, que apesar de mais barato que os V12, não era nenhuma pechincha – colocando o modelo como o primeiro Ferrari a ser produzido em números elevados.
A qualidade do comportamento e das prestações do Dino era de tal forma elevada que chegou a ser considerado como um os 10 melhores Ferrari de sempre. O modelo com maior produção foi o Dino 246 GT e GTS que entre
1969 e 1974 acumulou nada menos de 3 761 unidades. Recordar que o Dino 246 GT e GTS tinham um bloco V6 de 2.4 litros com 195 CV, alcançando os 235 km/h, tendo sido este o motor que foi utilizado pelo Lancia Stratos. Outras versões do modelo incluíam um bloco V8 de 3.0 litros e um chassis com dois mais dois lugares.
Hoje, a cotação dos Ferrari Dino não é tão elevada como a dos restantes modelos, sendo uma forma mais acessível de se tornar dono de um Ferrari e penetrar no universo ferrarista.
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