Citroën 2 CV faz 75 anos: legado que perdura
O Citroën 2CV nasceu há 75 anos, da visão de um homem atento às necessidades básicas de uma população empobrecida. Ao longo dos anos, transformou-se no ícone que é hoje. Este icónico carro francês foi apresentado pela primeira vez em 1948 e rapidamente se tornou um sucesso mundial. Era conhecido pela sua simplicidade, robustez e versatilidade, tornando-o o carro ideal para uma grande variedade de usos. Teve um enorme sucesso comercial, deixou de ser produzido em 1990, faria agora 75 anos. Marcou uma era e continua a ser um ícone da cultura francesa. O carro é um testemunho da criatividade e do engenho da Citroën e é um legado que vai perdurar por muitos anos.
Mais que um carro, é um estilo de vida – assim rezava o “leitmotiv” publicitário que, em plenos anos 40, ecoava as vantagens que uma criatura ainda imberbe fazia deslizar pelas tortuosas tiras asfálticas das incipientes estradas europeias de então.
Essa criatura (pois assim pode chamar-se, graças à vida que foi ganhando ao longo dos anos e que a transmudaram para lá da frieza simplista de um conjunto de metais prensados) nascera a 7 de Outurbo de 1948, sob a égide da Citroën. O seu nome foi, desde os primeiros “vagidos”, 2 CV.
Não foi, no entanto, aquele que o seu pai e projectista tinha em mente, quando decidiu fazer face à crise económica que então assolava a Europa, pressagiando o estalar do segundo conflito mundial do século XX.
De facto, Pierre-Jules Boulanger, o homem que já antes tinha criado o Traction, lançou, em 1936, um projecto a que chamou, muito prosaicamente, de TPV (“Très petite voiture”). E era-o, de facto: o caderno de encargos
colocado frente à equipa de Boulanger, onde se incluiam talentos como Flaminio Bertoni e André Lefebvre, exigia um carro pequeno, compacto, robusto, prático e, principalmente, barato.
Os primeiros passos O primeiro protótipo surgiu em 1937, com um motor de moto de 500cc. Mas, antes que a produção tivesse início, começou a guerra e os técnicos franceses viram-se obrigados a esconder os moldes em sítios dispersos, tão inócuos como palheiros e quintas, um pouco por toda a França, para evitar a cobiça dos invasores alemães. Mesmo assim, durante o conflito Boulanger conseguiu acrescentar algumas evoluções ao projecto original. E, mal as hostilidades terminaram, o 2 CV… começou!
Os testes tiveram início logo em 1946 e, para que fossem secretos, Boulanger comprou um terreno nos arredores de Paris, onde até hoje a Citroën se mantém. Por isso, tão grande foi a sensação que o carro criou, quando foi desvendado no Salão Automóvel de Paris, fez agora 60 anos. Ninguém ficou indiferente – e esse foi o princípio de um longo caminho em direcção ao sucesso. Engenhoso e económico, o 2 CV manteve intactas essas características ao longo dos anos, com uma pureza que nem as últimas evoluções conseguiram enfraquecer. Afinal, os ídolos são mesmo assim!
Pop Cross era fenómeno de popularidade
Muito populares no nosso país eram as corridas de Autocross com os Citroën 2CV modificados, o chamado Pop Cross. Milhares de espectadores acorriam às artesanais pistas de Autocross das décadas de 70 e 80 para ver
estas pequenas máquinas num espetáculo “sui generis”. Num passado recente, Lousada e Foz Côa receberam duas corridas de demonstração que serviram para mostrar o que era o Pop Cross de antigamente. Para 2009 há um projeto da empresa Desigual Eventos que pretende recuperar um troféu de Offroad com os Citroën 2CV. Mas realmente impressionantes eram os raids Paris-Cabul em 2CV nos anos 70, num percurso de 16.500 quilómetros entre as capitais de França e do Afeganistão. As expedições, muitas delas com mais de 400 carros, atravessavam França, Suíça, Itália, Jugoslávia, Bulgária, Turquia, Irão e Afeganistão!
Datas & Números
07/10/1948 – Lançamento do 2 Cv, no Salão Automóvel de Paris. 09/10/1958 – A data de partida da Volta ao Mundo feita por dois franceses, com partida e chegada em Paris.
11/11/1959 – Chegada da expedição anterior, após mais de 100 mil quilómetros percorridos, 5 mil litros de gasolina e 36 pneus gastos.
1974 – O ano de maior produção de 2 CV, por causa da crise petrolífera mundial.
1981 – Introdução de travões de disco nas rodas dianteiras.
27/07/1990 – Saída da linha de produção, às 4 horas da tarde, em Mangualde, do último 2 CV.
3.868.633 – A quantidade de 2 CV que foram produzidos.
1.246.306 – A quantidade de carrinhas 2 CV produzidas, número que não está incluído no anterior.
694 – A quantidade de Sahara que foram produzidos, entre 1960 e 1971. O Sahara era um 2 cv com tracção às quatro rodas.
652 – A cilindrada mais elevada dos motores que equiparam os 2 CV
400 – O número de unidades produzidas por dia em 1950.
375 – A cilindrada do motor do primeiro 2 CV
200 – O número de Yagán utilizados após o golpe de Estado de 1973 no Chile. O Yagan era pequeno “jeep” derivado do 2 cv e que estava equipado com canhões de 106mm.
65 – A velocidade alcançada, em km/h, pelo primeiro 2 CV.
5 – Os protótipos do TPV que foram escondidos durante a Segunda Grande Guerra. Três deles apenas foram descobertos em 1994.
4,5 – O consumo, em litros por cada 100 quilómetros, do primeiro 2 CV.
4 – O número de unidades produzidas diariamente em 1949.
3,83 – O comprimento, em metros, do 2 CV de 1948.
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