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Brembo compra capital da Pirelli, mas não pensa em fusões

By on 2 Abril, 2020

A marca italiana de travões, fornecedora de marcas de topo e da competição automóvel, adquiriu uma posição de longo termo no capital da Pirelli.

A Brembo anunciou a aquisição de 2,43% do capital, direta e indiretamente através da empresa Nuova FourB detida pela casa italiana especialista na travagem. Segundo comunicado lançado pela Brembo, esta decisão de aquisição “não é especulativa, mas de longo prazo e foi feita de forma autónoma e não concertada com ninguém.”

Esta comunicação foi essencial para que não sobrassem dúvidas desta aquisição, pois as ações da Pirelli caíram bastante e são negociadas na bolsa de Milão nos valores mais baixos desde que a empresa italiana entrou em bolsa em 2017, depois de ter saído devido à aquisição por parte da ChemChina. 

A Brembo comprou este capital da Pirelli sem comunicar nada á empresa de Milão. Além de uma oportunidade de negócio, a Brembo “cola-se” à Pirelli que além de fornecer pneus para a Fórmula 1, está cada vez mais posicionada como marca fornecedora de pneus a construtores Premium.

Para Marco Tronchetti Provera, CEO da Pirelli, esta aquisição é vista com bons olhos e a chegada de parceiros de qualidade com capital fresco numa altura de grande depressão económica, oferece a imagem de empresa desejável para os investidores, provando solidez. A Pirelli, apesar de toda a turbulência vivida em Itália, assegurou já um financiamento a cinco anos de 800 milhões de euros que será usado, essencialmente, para pagar a dívida da empresa.

Por seu turno, Matteo Tiraboschi, presidente executivo da Brembo, já tinha avisado o ano passado que estava a sua empresa (valorizada em bolsa em 2,25 mil milhões de euros) a preparar uma aquisição de tamanho significativo, talvez do tamanho da própria Brembo. Além disso, o presidente aprovou um esquema que permite à família que controla a empresa não possa perder esse controlo mesmo que a sua parte do capital baixe dos 50%.

Recordamos que a Pirelli tinha um valor bolsista de 3,3 mil milhões de euros, sendo controlada pela ChemCHina e pelo Silk Road Fund, que juntos detêm 45,4% do capital, com a italiana Camfin a deter 10%. A Brenbo passa a ser outro acionista de referencia com os 2,43% que agora detém.

Apesar de todos estes movimentos, a Pirelli deixou claro que acolher o investimento da Brembo não significa qualquer ideia de fusão. O CEO da Pirelli, Marco Tronchetti Provera é o responsável da Camfin, o veículo de investimento da sua família e que detém 10% do capital da Pirelli. Está a preparar, juntamente com o magnata dos pneus Niu Yshen, uma empresa de capital de risco que vá adquirir mais 10% do capital da Pirelli. Ou seja, tenta defender o construtor de pneus de ataques bolsistas como o da Brembo. Para Niu Yshen, seria aumentar valor para o seu negócio e estender a sua ação desde os segmentos mais baixos até ao segmento Premium. 

O CEO da Pirelli deixou claro que “não há nenhum plano para a fusão com a Brembo. Fizeram um investimento e estamos felizes com isso” acrescentando que “sabia tudo sobre a operação da Brembo e quando foi feita. Por isso não a considero hostil, pois eu tenho confiança neles e eles em nós.”

Alguns analistas dizem que a fusão entre a Pirelli e a Brembo faria toda o sentido. A contração da respetiva valorização em bolsa e o posicionamento Premium de ambas as empresas, tornam como viável essa fusão.

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