Leapmotor: B10 lançado no Salão de Paris
As novidades da Citroën no Salão de Paris

BMW Série 3: uma história com 43 anos

By on 1 Outubro, 2018

Mais de 12 milhões de unidades vendidas medem o seu sucesso desde que foi lançado, em 1975, o Série 3. Representa cerca de 30% das vendas globais da BMW e quando o Salão de Paris abrir portas, será revelada uma nova geração. Será a sétima geração do BMW Série 3, uma gama de modelos já com 43 anos. Mas cujo começo foi um pouco antes, em 1966 com o Série 02.

Série 02 (1966 – 1977)

Este foi o carro que origem de tudo. Simples, económico e já com um gostinho desportivo, tinha a designação do seu motor, ou seja, com o bloco 1500 c.c. chama-se 1502, com o 1600 c.c., 1602, 1802 e 2002, declinando-se depois em outras denominações famosas que tinham como base o bloco M10 com 2.0 litros que Helmut Werner Bonsch, diretor de produção da BMW em Munique, e Alex von Falkenhausen, engenheiro que projetou o motor M10, colocaram dentro de um 1602. O bloco base com carburadores tinha 101 CV, depois recebeu duplo carburador e elevou a potência para os 120 CV (2002 ti) e, mais tarde, com injeção chegou aos 130 CV (2002 tii). Em 1973, no Salão de Frankfurt, a BMW deixou todos de boca aberta com o 2002 Turbo, o primeiro carro da marca alemão com turbocompressor e o primeiro a ser oferecido de série depois da GM ter colocado de forma breve um par de modelos com essa tecnologia. Com um tempo de resposta incrivelmente longo, o bloco M10 ficava com 170 CV e 240 Nm. O turbo KKK forçava uma taxa de compressão de apenas 6,9:1, o que fazia dele um gastador inveterado. Surgido o mercado imediatamente antes da crise do petróleo, foi um fracasso e só foram produzidas 1672 unidades. Hoje é um carro raro e muito valorizado. Estando a recuperar de anos de muitas dificuldades nos anos 50 do século passado, a BMW acabou por ser salva por este Série 02, colocando a marca bávara no caminho do sucesso que experimenta hoje.

E21: o primeiro Série 3 (1975 – 1983)

A primeira geração surgiu em 1975, há 43 anos, para substituir o modelo que deu origem a tudo, o Série 02. Conhecido internamente como E21, só estava disponível com três portas, algo que não era muito comum, mas que mantinha o espirito desportivo da BMW. O ano de lançamento do E21 foi o ano em que a BMW abriu o primeiro concessionário nos EUA, um mercado enorme que era absolutamente crucial para o futuro da BMW. Os primeiros dois anos de vida do E21 foram vividos com motores de quatro cilindros, com carburador e a partir do final de 1975 também com injeção, até que em 1977 surgiu o bloco de seis cilindros em linha. Um cabriolet feito pela Baur foi produzido entre 1978 e 1981. No total, foram produzidos 1,36 milhões de unidades do E21.

E30: o mais famoso dos Série 3 (1982 – 1992)

O primeiro Série 3 não durou uma dezena de anos, tomando o seu lugar um dos carros mais elegantes de sempre e o Série 3 que ficará na história, pela qualidade que exibia, mas também pelo fabuloso M3. O Série 3 E30 foi oferecido, além da inicial variante de 2 portas, surgindo o 4 portas em 1985 e a carrinha em 1987. Juntaram-se, depois, o Touring de três portas e, ainda, os cabriolet com variantes BMW e Baur. Estreou motores a gasóleo e tração integral (versão 325 iX). Do E30 nasceu o primeiro Z4. Quanto ao M3, é uma verdadeira obra de arte. Equipado com o bloco de quatro cilindros S14 muito rotativo que debitava 235 CV, tinha a base do E30, mas altamente modificada. Foi o primeiro verdadeiro carro de série da divisão M e, para muitos, continua a ser o melhor carro desportivo que a BMW jamais produziu. O som do quatro cilindros a fundo era, simplesmente orgástico. Existia uma versão que, ainda hoje, é famosa entre os amantes do E30, o 318 iS. O modelo com um quatro cilindros com 1.8 litros, dupla árvore de cames à cabeça e quatro válvulas por cilindro, ficou com a reputação do “M3 dos pobres”. O E30 da BMW foi um enorme sucesso e foram produzidos 2,3 milhões de unidades.

E36: terceira geração aburguesou-se (1992 – 1998)

Uma década depois do E30, a BMW lançou um carro mais aburguesado, com mais qualidade e outras aspirações. Foi lançado com carroçaria de 4 portas, surgindo mais tarde o coupé, carrinha (conhecida como Touring), descapotável e, até um três portas conhecido como Compact que, na primeira geração, tinha a base do E30. Foi o primeiro Série 3 a ter caixa de seis velocidades (no M3 de 1996), caixa automática de 5 velocidades e um motor turbodiesel de quatro cilindros. A maior novidade face ao E30 residia na suspensão traseira independente multibraços. A segunda geração do Z3 estava baseada no E36 e o M3 passou a ter dois motores diferentes e versões de 2 e 4 portas e descapotável. A verdade é que o E36 não recebeu os aplausos do E21 ou do E30, pois era um carro menos divertido de conduzir, mesmo que deixasse a anos luz os rivais Mercedes 190 e o primeiro Classe C. Era um carro com um nível de refinamento raro no segmento. Mesmo assim, o BMW Série 3 E36 vendeu 2,7 milhões de unidades.

E46: quarta geração (1998 – 2005)

A necessidade de oferecer um carro mais evoluído que o E36, trouxe para a arena o E46 com uma aproximação diferente ao segmento. Não foi um carro feito a partir de uma folha em branco como o E36, apesar da plataforma ser nova, mas ter muita coisa herdada do E36, nomeadamente, a suspensão traseira. O Compact foi continuado nesta terceira geração do Série 3, agora com base no E36. Não foram acrescentadas versões nesta geração, pois a BMW concentrou-se em baixar o peso, aumentar a rigidez torsional e melhorar a aerodinâmica. O E46 trazia consigo uma série de tecnologia que hoje, quase todos, oferecem. Falamos do sistema de navegação, distribuição eletrónica da força de travagem, sensores de chuva e luz e luzes LED nos farolins traseiros. A tração integral, que se estreou no E30 e desapareceu do catalogo, reapareceu no E46, disponível no 325xi e 330 xi, nas versões de quatro portas e carrinha. O sistema Valvetronic, a variação do tempo de abertura das válvulas, estreou-se no E46. O M3 da série E46 estava equipado com o motor S54 com seis cilindros (atmosférico chega às 8000 rpm e debitava 345 CV) e estava disponível como coupé ou sedan de 4 portas e, também, cabriolet. Mais tarde surgiu uma versão muito especial, o M3 CSL, com caixa SMG, menos 110 kg de peso, tejadilho de carbono, suspensão mais dura e mais 20 CV. Hoje, um carro raro, pois só foram feitas 1400 unidades. A caixa SMG-II, sequencial de 6 velocidades estreou-se no M3. Mas uma das grandes evoluções foi o motor turbodiesel com 2.0 litros que equipava o 320d. Capaz de performances de desportivo com consumo de carro citadino, foi uma verdadeira pedrada no charco. O 330d conseguia chegar dos 0-100 km/h em 8 segundos e chegava aos 225 km/h! Algo que era impensável, até essa altura, para um carro a gasóleo. Sem surpresa, foi o 320d foi o modelo mais vendido da geração E46. No total, a geração E46 vendeu 3,3 milhões de unidades.

E90/E91/E92/E93: quinta geração (2005 – 2011)

Com as vendas a declinarem, chegava a hora de mais uma geração para o Série 3. Porém, a BMW seguiu aquele velho adágio “não arranjes aquilo que não está estragado” e trouxe a quarta geração denominada E90 sem estragar a formula do E36 e E46. A única alteração á gama foi a introdução de um tejadilho rígido retrátil no cabriolet. Também as preocupações com a economia tomaram a dianteira face à performance e comportamento. Ainda assim, existiram alguns “lobos em pele de cordeiro” como o 335i que, com um aspeto semelhante ao do 330d, exibia mais de 300 CV e performances espantosas. Este 335i foi o primeiro modelo turbo a gasolina no Série 3. Foi nesta geração que apareceram, pela primeira vez, os pneus “runflat”. Foi nesta geração que o M3 ganhou músculo com um fabuloso V8 com 4.0 litros e que o Série 3 turbodiesel ganhou um seis cilindros com 3 litros e 290 CV (335d), a mesma potência que 10 anos antes, o V8 de 4.4 litros a gasolina debitava. A BMW vendeu 3,1 milhões de unidades do E90/E91/E92/E93.

F30/F31/F34: sexta geração (2011 – 2019)

Após tantos anos a evoluir o conceito sem estragar a fórmula, estava chegada a hora de tirar um coelho da cartola e oferecer o Série 3 mais revolucionário desde o E36, com claras preocupações com o consumo de combustível e as emissões, além da qualidade. Por isso mesmo é que os motores exóticos diminuíram a sua presença e o 328i deixou de ser um seis cilindros para se contentar com um quatro cilindros. Apenas o 335i, o 330d e o 335d, tinham blocos de seis cilindros. Até o M3 deixou o V8 em favor de um seis cilindros sobrealimentado. A BMW introduziu uma nova variante, o Série 3 GT com cinco portas. Foi nesta geração que apareceu o primeiro híbrido (330e) e que a BMW dividiu as águas com o coupé a ser denominado Série 4 que, entretanto, ganhou uma versão de quatro portas. Em 2016 foi usado, pela primeira vez, um motor de 3 cilindros no Série 3. O M3 tem um motor de seis cilindros sobrealimentado.

G20: sétima geração (2019 – )

O Salão de Paris vai ser o palco para revelar a sétima geração do Série 3, um carro que promete muito e que a BMW diz que regressa às origens da BMW, ou seja, performances e comportamento. O veredicto do AUTOMAIS será conhecido dentro em breve.

Ensaios: consulte os testes aos novos carros feitos pelos jornalistas do Auto+ (Clique AQUI)