Aumento do IUC: que lógica há num carro que vale 2.000€ passar a pagar 300€ de imposto?
O Standvirtual realizou um webinar em que analisou as medidas no Orçamento de Estado que irão afetar o setor automóvel, nomeadamente o aumento do Imposto Único de Circulação (IUC) para os veículos e motociclos matriculados antes de julho de 2007. E na sequência do anúncio do governo para avançar com o agravamento do IUC, já detetou um aumento dos anúncios de venda de carros anteriores a 2007 nas últimas três a quatro semanas, segundo dados disponibilizados no evento pelo OLX, portal online para compra e venda de produtos e serviços.
Por outro lado, o Standvirtual não demonstrou alterações significativas, uma vez que se trata de uma plataforma maioritariamente de comércio de automóveis mais recentes.
O evento online contou com o contributo do responsável pela iniciativa STOP IUC, Hugo Reis, que afirma que “caso esta medida seja aprovada, todos os veículos vão sofrer um aumento no IUC.
Mas os carros com matrículas até 2007 vão pagar muito mais, ainda que o governo tenha assegurado que este aumento nunca será superior a 25 euros por ano face ao valor pago no anterior, não é algo que vai ficar, efetivamente, estipulado.
É que o cálculo do imposto a pagar deixa de ser feito apenas com base na cilindrada e passa a incluir as emissões de CO2. Isto podia não ser um problema, no entanto se considerarmos o nosso mercado e o nosso poder de compra, o valor dos carros abrangidos por esta alteração é muito maior que em outros países. No fundo, esta lei acaba por impactar profundamente o valor dos automóveis e leva mesmo a uma desvalorização dos mesmos”.
A reforma ambiental do IUC proposta para o Orçamento do Estado do próximo ano motivou a criação de uma petição, que neste momento já conta com mais de 400 mil assinaturas, muito além das 7.500 necessárias para que o tema seja levado a debate no Parlamento.
Esta medida do agravamento do IUC dos veículos e motociclos por via do aumento generalizado da taxa de inflação e da cobrança de uma componente ambiental é apresentada ainda pelo governo como uma forma de compensação para a redução do preço das portagens em seis autoestradas do Interior e Algarve.
“Se pensarmos nos carros que podem ter por exemplo um valor de mercado de 2.000 euros e que passam a pagar um IUC de 300 euros com esta medida é, sem dúvida, uma diferença significativa. Quando falamos em termos do incentivo do governo para trocar para um veículo elétrico, ou seja, 2.500 ou 3.000 euros são também valores consideráveis.
No entanto, a questão que se coloca é: será que uma pessoa que tem um carro com este valor de mercado dispõe de uma condição financeira que permite comprar um automóvel elétrico, que geralmente estão acima dos 30.000 euros?”, disse Nuno Castel-Branco, Diretor Geral do Standvirtual.
Ensaios: consulte os testes aos novos carros feitos pelos jornalistas do Auto+ (Clique AQUI)
0 comentários