Afinal, o tamanho (do carro) importa
A moda dos SUV continua forte e os condutores apostam cada vez mais neste tipo de veículos. Mas, segundo a Green NCAP, essa preferência é nefasta para o ambiente.
É uma conclusão lógica, mas que agora foi quantificada pela Green NCAP (uma iniciativa independente que promove o desenvolvimento de automóveis que sejam limpos, energeticamente eficientes e causem o mínimo dano ao ambiente possível). Num relatório publicado recentemente, foram apresentados os valores dos testes feitos a 34 automóveis com diferentes tipos de grupos propulsores: elétricos a bateria, elétricos híbridos, convencionais a gasolina e gasóleo, e um veículo, o Ford Puma, com combustível alternativo. Os cálculos são feitos com base no mix energético médio dos 27 Estados-Membros da UE e do Reino Unido, e numa quilometragem média de 240.000 km ao longo de 16 anos.
A tendência atual e contínua para carros maiores e mais pesados, aumenta significativamente o impacto negativo no clima e na procura de energia. Isto conduz não só a um aumento no consumo de combustível e energia elétrica, mas também cria uma maior pegada de carbono na produção de veículos e baterias.
Estes estudos mostram que os três tipos de grupos propulsores (Elétrico a baterias, híbrido não recarregável e motor a combustão convencional), quando a sua massa aumenta, têm o mesmo aumento relativo no consumo de energia de cerca de 2% por 100 kg. No entanto, os seus valores absolutos de consumo são muito diferentes. Além disso, a maior massa é um fator importante no impacto ambiental da produção de veículos. Com base nas estimativas atuais, um aumento de massa líquida de 100 kg resulta potencialmente em 500-650 kg adicionais de emissões de Gases de Estufa e 1,9-2,4 MWh de consumo de energia na produção de veículos (sem bateria, incluindo a reciclagem).
Os resultados dos 34 carros testados mostram que os veículos elétricos a bateria estão à frente na redução de gases com efeito de estufa com 40-50% menos emissões em comparação com os carros a gasolina convencionais, dependendo do modelo escolhido. Em termos de procura de energia primária, as diferenças entre carros elétricos e convencionais são menores.
Durante os últimos dez anos, o peso médio dos veículos vendidos aumentou cerca de 9% ou cerca de 100 kg. As vendas de pequenos SUV aumentaram cinco vezes, tornando-se os veículos mais vendidos em 2022, com cerca de quatro milhões de automóveis vendidos em toda a Europa. As vendas de SUV maiores aumentaram sete vezes, levando a um número total de vendas de cerca de 700.000 automóveis. Considerando o impacto do peso nas emissões de gases poluente e da exigência de energia para a produção, o aumento médio de 100 kg no peso é responsável por cerca de 1,4 toneladas de emissões adicionais de gases com efeito de estufa e 5,7 MWh de energia extra utilizada. De acordo com a Associação Europeia de Fabricantes de Automóveis (ACEA), em 2022, foram vendidos 9,3 milhões de veículos, dos quais 12,2% eram elétricos a bateria. Isto leva a um cálculo revelador – supondo que oito milhões de veículos são em média 100 kg mais pesados, o impacto deste aumento de peso no clima é o equivalente a cerca de 200.000 carros extra nas estradas europeias.
Pode ver os resultados do estudo AQUI
Ensaios: consulte os testes aos novos carros feitos pelos jornalistas do Auto+ (Clique AQUI)
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