Acusações a Carlos Ghosn sobem de gravidade e podem atirá-lo para prisão efetiva
Decididamente, Carlos Ghosn tem muito para explicar ás autoridades japonesas, que juntam uma quarta acusação, desta feita muito mais grave que mau comportamento ético ou excesso de recebimentos. A justiça japonesa acusa-o de ter desviado 5 milhões de dólares da Nissan para as suas contas pessoais. Ou seja, Carlos Ghosn é acusado de roubo!
Perante esta acusação, gravíssima, a narrativa de Carlos Ghosn pode ter ido pelo esgoto, pois o executivo brasileiro sempre defendeu que estava a ser vítima de uma intriga corporativa por parte da Nissan.
Alegadamente, Ghosn usou empresas estrangeiras para, entre 2017 e 2018, canalizar dinheiro da Nissan para as suas contas. É esta a acusação dos procuradores japoneses, prontamente negada por Ghosn umas horas depois, num comunicado. É a primeira acusação feita diretamente ao ex-CEO da Nissan, Renault e Mitsubishi, de desvio de fundos da Nissan em benefício próprio.
Recordamos que Carlos Ghosn foi detido, pela primeira vez, em novembro do ano passado, sob a acusação de má conduta financeira e por prémios de vencimento não justificados. Depois, foi descoberto que Carlos Ghosn, através de empresas sediadas em Oman e no Líbano, usou recursos da Nissan em proveito próprio, na compra de um barco e no financiamento da “startup” do seu filho. Sabe-se, agora, que a Good Faith Investments, sediada em Beirute, no Líbano, fez transferências de dinheiro para Anthony Ghosn, filho do executivo brasileiro nascido no Líbano.
A acusação mais recente é mais grave, pois a acusação diz que ele usou o dinheiro desviado pelas empresas de Oman e do Líbano para as suas contas e que beneficiou desse dinheiro desviado. Ou seja, não estamos a falar de peculato, mas sim de roubo e uma acusação muito mais grave do que aquelas que tinham sido feitas até agora.
Claro está que Carlos Ghosn voltou a clamar inocência, argumentando que os procuradores estavam a ser “ajudados e conduzidos por alguns conspiradores da Nissan.”
Lembramos que a defesa de Carlos Ghosn se baseava na impossibilidade de ilícito na questão dos salários, pois os executivos da Nissan assinaram as autorizações, estando agora a conspirar contra si porque temiam a perda dos empregos e da influencia na empresa, caso a Nissan acabasse numa fusão com a Renault.
Ora, com esta nova acusação de desvio de fundos em proveito próprio, os procuradores desmontaram a teoria de Carlos Ghosn que, aos 65 anos, enfrenta uma longa batalha jurídica onde é acusado de ter agido gananciosamente em seu favor e da sua família.
Os advogados já pediram a libertação debaixo de caução, tendo os advogados clamado inocência desde que o universo automóvel foi sacudido com a notícia da detenção de Carlos Ghosn em novembro passado.
O executivo já passou 108 dias no carcere, depois de ser ter sido detido em novembro, tendo sido libertado no dia 6 de março com uma caução de mil milhões de yenes, qualquer coisa como 8,5 milhões de euros, tendo utilização restrita da internet e não podendo se ausentar do Japão. No dia 4 de abril voltou a ser preso, desta feita debaixo de outras acusações, mas nitidamente com o objetivo de não permitir que fizesse uma conferência de imprensa que anunciou dias antes, onde iria “contar toda a verdade”.
A verdade é que apesar de todas as acusações, há quem diga que este é um processo que está a extravasar a simples acusação judicial e o Comité das Nações Unidas contra a Tortura a expressar preocupação. O sistema judicial do Japão tem uma folha de serviço quase irrepreensível de acusações, mas levanta muitas dúvidas aos defensores dos direitos humanos, já que as contínuas prorrogações da detenção, o quase inexistente contacto com a família e com os advogados, colocam em causa esses direitos. A esposa de Ghosn conseguiu sair do Japão com um passaporte norte americano, e já apelou ao Governo francês – Ghosn tem nacionalidade francesa, também – para ajudar a libertar o ex-executivo para eu tenha um julgamento justo.
Este caso mediático tem estado a expor a justiça japonesa e não da melhor maneira e há já quem esteja a equacionar a forma de “aliviar” a imagem, com a libertação de Carlos Ghosn, apesar da férrea vontade dos procuradores japoneses e dos executivos da Nissan.
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