21% podem optar por leasing em vez de comprar uma viatura
Um estudo publicado no Circular Economy Book, levado a cabo pelo Echangeur, um dos centros de investigação económica do departamento Prospetivo do Cetelem – BNP Paribas Personal Finance, revela novas conclusões sobre o envolvimento dos consumidores na Economia Circular, com especial destaque no setor automóvel: na principal conclusão, fica a saber-se que 21% dos portugueses optariam por leasing em vez de comprar uma viatura.
As conclusões constam do Circular Economy Book, divulgado este mês, e tem por base os dados do Access Panel, plataforma que reuniu respostas de 14 000 indivíduos na Bélgica, Espanha, França e Portugal em 2020.
De acordo com o estudo europeu, 21% dos portugueses estariam disponíveis a realizar um contrato de locação financeira (leasing), em vez de comprar uma viatura. Entre os 10 perfis de consumo avaliados, a que corresponderão os estilos de vida mais comuns em Portugal, as Famílias Abastadas (25%) estão entre as que mais optariam por esta solução em vez da compra, por estarem fortemente envolvidas num consumo sustentável. Por razão oposta, a poupança seria o principal incentivo para as Famílias Pressionadas (24%) optarem pela locação, principalmente para contrabalançar as dificuldades financeiras com as quais lidam, embora a sua baixa taxa de esforço possa mantê-los afastados dessa possibilidade.
Já 26% dos Seniores, que de forma geral parecerem estar distantes dos serviços de aluguer em geral, em comparação com os outros perfis, preferindo a propriedade, parecem abrir uma exceção aos automóveis. Algumas das Famílias Estrategas (25%) também aparentam apetência para este tipo de soluções de mobilidade, se isso também significar economias.
Para identificar os 10 perfis de consumo foi realizado o cruzamento de critérios sociodemográficos – como idade, número de elementos por habitação – com critérios orçamentais: rendimento líquido, restrições orçamentais, entre outros.
Jovens adultos mais propensos a partilhar carro
Para terem novas fontes de receitas, 28% dos portugueses parecem estar igualmente prontos para abraçar serviços inovadores ligados à mobilidade, como colocar a sua viatura para aluguer.
Neste domínio, as Famílias Abastadas são uma vez mais as campeãs, com 44% a afirmarem que o fariam. Seguem-lhes as Famílias Estrategas (36%), os Jovens Adultos Despreocupados e as Famílias Pressionadas (34% em ambos). Os Casais Jovens (33%) completam o Top 5 dos agregados familiares com mais inclinação para esta possibilidade.
O estudo verifica ainda uma clara predominância dos mais jovens no que à adesão destes serviços inovadores de mobilidade diz respeito, com 7% dos Jovens Adultos a revelar que partilhariam um carro com alguém que não conhecem, assim como os casais jovens (6%). Um padrão que se repete quando avaliada a predisposição de utilizar um serviço de bicicletas ou carro partilhado. Os mais velhos, casais reformados e seniores solitários, devido a questões geracionais, são aqueles que demonstram menos propensão para serviços de mobilidade inovadores, manifestando apenas 1% das intenções nos domínios referidos.
10 perfis e a economia circular
Famílias Abastadas: Campeãs da economia circular
As famílias abastadas aparecem como campeãs da economia circular, pois são o perfil que adotou a economia circular mais profundamente nos seus hábitos. Como beneficiam de margens orçamentais, estão na vanguarda do consumo e podem integrar práticas mais circulares. Estas famílias não hesitam em comprar produtos caros que parecem ser os melhores em termos de qualidade, impacto ambiental e saúde.
Jovens Adultos, Casais Jovens, Famílias Estrategas e Casais Ouro de Meia-Idade
Simpatizantes da economia circular
Encarando a economia circular como uma forma de reduzir custos, enquanto vivem experiências de vidas gratificantes, os jovens adultos despreocupados, os casais jovens, as famílias estrategas e os casais ouro de meia-idade são simpatizantes da economia circular. Regra geral, não são proprietários e demonstram interesse pelos serviços de aluguer, sendo também atraídos pelas compras a outros indivíduos (CtoC). Estes encontram-se, também, bastante preocupados com as questões ambientais.
Os jovens adultos despreocupados têm um orçamento reduzido e, por isso, favorecem os serviços CtoC como a compra ou venda em segunda mão (26%), assim como sites de reservas na Internet ou troca de alojamento (29%). São pró-consumo sustentável, mas a preocupação com os preços dificulta um compromisso mais profundo com a sustentabilidade nas decisões de compra. Contudo, no que toca à tecnologia os jovens adultos estão dispostos a pagar preços mais elevados por artigos de melhor qualidade e duráveis (44%).
Os casais jovens lidam com economia circular como um meio para moldar o futuro do seu agregado familiar com redução de custos, enquanto vivem experiências. Estes incorporaram fortemente os serviços CtoC nas suas práticas, principalmente para fazer face às despesas a que estão sujeitos. De facto, a compra e venda, em segunda mão (32%), sites de reservas na Internet ou troca de alojamento (26%) são muito populares entre este grupo.
As famílias estrategas parecem estar prontas à compra ou venda em segunda mão (30%), pois permite-lhes ter produtos de qualidade a um preço mais baixo. Apesar de estarem conscientes do papel que têm a desempenhar a nível ambiental, não dão prioridade à sustentabilidade quando compram um produto, nomeadamente por razões orçamentais.
Os casais ouro de meia-idade possuem os rendimentos e bens mais elevados de todos os perfis e têm uma capacidade de poupança significativa. Mesmo que a sustentabilidade nas decisões de compra não surja como uma grande preocupação, quando compram um produto são muito sensíveis à boa qualidade e estão dispostos a pagar por isso.
Famílias Pressionadas, Trabalhadores Solteiros e Modestos de Meia-Idade
Indivíduos que estão um pouco envolvidos nas práticas de economia circular
Entendendo a economia circular como um meio para economizar custos e fazer face ao elevado peso das despesas pré-alocadas a que se submetem, as famílias pressionadas, os trabalhadores solteiros e os modestos de meia-idade, aparecem como pouco empenhados na economia circular.
As famílias pressionadas são o perfil mais limitado em termos de orçamento e veem a economia circular como um meio de redução de custos. A sustentabilidade nas decisões de compra não é uma preocupação para estas famílias, pois não se encontram numa posição em que possam comprar produtos de menor impacto ambiental, por terem um preço mais elevado.
Dentro dos trabalhadores solteiros existem dois grupos: os 30-44 anos e os 45-59 anos. Estão ambos ligados por um traço comum que é o de viverem sozinhos e suportarem as despesas pré-alocadas. Estas duas subpopulações, devido ao seu intervalo geracional, têm hábitos distintos, o que altera a forma como se envolverem na economia circular. Ambos parecem considerar a sustentabilidade como um critério importante na compra de um produto. No entanto, como têm muitas despesas, o preço surge, especialmente para aqueles com mais de 45 anos, como um critério importante nas suas decisões de compra.
Os modestos de meia-idade são indivíduos com baixo rendimento, com bastantes despesas e uma capacidade de poupança limitada. São fiéis ao consumo mais tradicional e não parecem mudar para se envolverem em práticas de economia circular, até porque estão menos envolvidos digitalmente. Apesar de parecerem sensíveis à compra de produtos locais diretamente aos produtores (39%), o seu baixo rendimento impede-os, de considerarem a sustentabilidade como um critério nas decisões de compra (dando preferência a produtos de baixa qualidade).
Os Casais Reformados e os Seniores Solitários
Idosos não são atraídos por serviços ligados à economia circular
Estando mais inclinados para o consumo mais tradicional, onde a propriedade é importante, os casais reformados e os seniores solitários não aparecem como alvos estratégicos dos serviços de economia circular, nomeadamente por razões geracionais.
Contudo, como os casais reformados estão ligados à sustentabilidade, os princípios da economia circular estão bem enraizados na sua mentalidade. Os casais reformados e os seniores solitários estão longe do uso do CtoC, em comparação com os outros perfis.
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