Volvo XC60 T8 Plug-In Hybrid – Ensaio
Volvo XC60 T8 Plug-In Hybrid
Texto: João Tomé
Intensidade num SUV ligado à tomada
Mais elegante, luxuoso e moderno do que nunca, o Volvo XC60, surge na altura certa, já que a marca sueca prepara uma ofensiva elétrica sem precedentes. Testámos precisamente a versão T8, um híbrido de ligar à tomada que consegue ser elétrico durante 45 km. Silencioso, rápido e luxuoso!
A Volvo está bem e recomenda-se. Os seus novos veículos não só ostentam cada vez mais luxo e tecnologia convincente, como preparam agora uma ofensiva ‘elétrica’ de respeito, com o compromisso feito este ano: a partir de 2019 todos os Volvo vão ser híbridos ou elétricos.
Neste contexto, o XC60 – modelo de grande sucesso para a Volvo, com mais de um milhão de unidade vendidas –, inclui esta versão híbrida Plug-in, a T8 que, à semelhança do XC90 T8, integra já esta nova linha da marca.
Com espaço bem razoável para quatro ocupantes, fruto dos 4m69 de comprimento e 1m90 de largura, está ao nível de concorrentes como o Alfa Romeo Stelvio, Audi Q5, BMW X3 e Jaguar F-Pace. Nos bancos da frente é mesmo um dos melhores do segmento, a nível de espaço de ombros. O conforto, à semelhança da estética, também convence. Os bancos são muito confortáveis e permite grande regulação, apoio lombar para as curvas e até massagem, como opcional.
Os bancos de trás também têm bom nível, perdendo apenas para a referência (nesse domínio Lexus NX). Já os 468 litros da bagageira, não está ao nível dos melhores, mas não compromete.
Se no exterior a Volvo esmerou-se, seguindo a mesma linha do XC90. A versão que testámos vinha mesmo com o kit R-Design. O interior continua a mostrar qualidade, tecnologia, solidez global e atenção aos detalhes. Em destaque está o painel de instrumentos digital de 12,3 polegadas, bem como o sistema de entretenimento e conetividade concentrado no ecrã tátil de 9 polegadas, que mantém o melhor que a Volvo consegue, incluindo a já habitual experiência sonora semelhante à sala de concertos da orquestra de Gotemburgo (com colunas exuberantes Bowers & Wilkins).
Na base do XC60 está a inovadora plataforma modular SPA, o mesmo ponto de partida da série 90 (S90, V90 e XC90) e que tem dado bons frutos à marca. Neste caso, aumentou em 9 cm a distância entre eixos, relativamente à geração anterior.
Híbrido potente
A versão testada, a tal T8, é a mais potente e com arranque mais intenso. Ao motor frontal a gasolina de 320 cv (um 2.0 de quatro cilindros que é sobrealimentado e tem turbo) é associado outro, traseiro, elétrico, de 87 cv. No total oferece 407 cv de potência máxima. Nada mau! Muita potência, sem dúvida, mas não há nada particularmente revolucionário neste sistema de duplo motor da Volvo.
Já a bateria de 10,8 kWh permite uma autonomia em modo totalmente elétrico de 45 km, o que é razoável numa utilização normal. Para ligar o XC60 à tomada basta abrir a tampa junto à roda frontal junto, do lado do condutor, utilizar o cabo fornecido e ligar. Demora entre três ou quatro horas para ficar com as baterias carregadas.
Não está propriamente pensado para um uso exigente fora de estada, mas os mais de 21 cm de altura ao solo e a tração integral (de Borg-Wagner) do sistema híbrido ajudam a que tenha um comportamento sólido e decente.
Performance em silêncio
Atingir os 100 km/h em apenas 5,3 segundos (o que se atinge só com o modo Power ativado – explicamos o que é mais à frente) é um registo impressionante para qualquer SUV, quanto mais um híbrido. O que mais nos surpreendeu ao volante do XC60 T8 foi exatamente a resposta brusca do acelerador, que requer alguma dose de sensibilidade no pé e adaptação, mas demonstra também a potência que os dois motores (especialmente o elétrico, que coloca o binário logo todo disponível), produzem. A travagem, de forma a aproveitar a energia para as baterias, não é tão imediata quanto o normal mas é eficaz. A caixa automática de oito velocidades é suave nas passagens de velocidades, especialmente no modo híbrido.
O facto de ter menos 200 kg do que o irmão maior, XC90, permite não só tirar mais partido do motor nas acelerações e recuperações (ultrapassa como poucos), como também tornar-se mais ágil e fácil de conduzir. Apesar disso, não é particularmente leva, pelo peso das baterias. Nas curvas a carroçaria mantém-se equilibrada, já que a suspensão não é demasiado suave (embora seja bem confortável a absorver as irregularidades da estrada). A nível de comportamento, dinamismo, sensações ao volante e controlo da carroçaria não está ainda, no entanto, ao nível de modelos como Jaguar F-Pace e Porsche Macan.
No ambiente citadino é onde o sistema híbrido mais sentido faz, especialmente num Plug in que já nos permite circular em modo totalmente elétrico (durante os tais 45 km, se não abusarmos da aceleração). É na cidade que sentimos estar a conduzir um elétrico e podemos usufruir da experiência do silêncio absoluto (pelo menos no que ao motor diz respeito). Se formos para fora da cidade é fácil esgotarmos a bateria
Já fora do modo 100% elétrico, mesmo a conjugação dos dois motores mantém o ruído num nível baixo e agradável para os passageiros, o que não se pode dizer de todos os híbridos.
Modos variados
Um pormenor verdadeiramente luxuoso e original do XC60 T8 é a pequena manete da caixa automática, que é de vidro de cristal, iluminado no interior, e que é da empresa sueca (claro!) especializada em vidro, a Orrefors (com a devida referência gravada no vidro). “Parece quase uma pequena cascata que vem do painel de instrumentos e chega até ao centro do carro”, explicou há uns meses o diretor de design da Volvo, Steve Matting, que indica que o trabalho em vidro é uma tradição sueca antiga.
A parte menos simpática – pelo menos requereu alguma habituação – neste bonito pormenor é que ao contrário do que é habitual não dá para passar do chamado ‘Drive’ para o ‘Reverse’ (marcha atrás) num só movimento, são precisos dois. É um detalhe, mas para fazer manobras seria mais simples se desse para fazer marcha atrás num só movimento.
Existem depois cinco modos de condução, que variam consoante as necessidades: o híbrido, que é o standard, leva que a gestão do funcionamento dos dois motores seja gerida automaticamente, pelo computador e, de facto, a transição e conjugação de motores é muito suave neste modo; Pure electric: pode-se ativar se a bateria está completamente carregada para circular apenas em modo elétrico, com tração no eixo traseiro; Power mode: permite utilizar o máximo de potência dos dois motores; AWD, tração integral constante; Save: que permite tentar ‘guardar’ para outra altura a autonomia elétrica – por exemplo, para se usar depois em cidade, onde o modo totalmente elétrico ‘rende’ mais. Se já tivermos pouca bateria, o sistema aproveita o motor de combustão para recarregá-la, o que leva a um certo aumento do consumo.
Consumos ao alto
Conseguimos bons registos nos consumos na cidade, com os tais 45 km de autonomia máxima – a marca aponta mesmo para médias de 2,1 l/100 km. Mas fora da cidade, com algumas subidas pelo caminho, é fácil esgotar a bateria em menos de metade dos 45 km anunciados e, assim que isso acontece, é fácil gastar 10l/100 km num circuito misto.
Em conclusão
É rápido, silencioso, evoluído e desejável. Se for para um uso citadino, com postos de carregamento por perto e de uso fácil, este híbrido apresenta consumos impressionantes e faz pleno sentido. Mas uma utilização mais normal, sem os tais postos de carregamento por perto e fora da autonomia da bateria, pesa bastante nos consumos. Como clara vantagem deste híbrido para as empresas está o preço: dizem-nos na Volvo que pode custar menos de 50 mil euros.
FICHA TÉCNICA Volvo XC60 T8 PHEV
Motor
Motor gasolina – 4 cilindros em linha, injeção direta, turbo, sobrealimentado
Motor elétrico – 88 cv (total 407 cv)
Cilindrada (cm3) – 1969
Diâmetro x curso (mm) – 82,0 x 93,2
Taxa compressão – 10,3
Potência máxima gasolina (cv/rpm) – 320/5700
Binário máximo gasolina (Nm/rpm) – 400/2200-5400
Tracção, transmissão e suspensão
Tracção – integral (com os dois motores)
Tipo Transmissão – caixa automática de 8 vel.
Suspensão (fr/tr) – tipo triângulos duplos / multi-link
Prestações e consumos
Aceleração 0-100 km/h (s) – 5,3
Velocidade máxima (km/h) – 230
Consumos misto (l/100 km) – 2,1
Emissões de CO2 (g/km) – 49
Dimensões e pesos
Comp./largura/altura (mm) – 4688 / 1902 / 1658
Peso (kg) – 2700
Capacidade da bagageira (l) – 468
Depósito de combustível (l) – 50
Preços
Preço da versão ensaiada (Euros): 70159€
Preço da versão base (Euros): 68000€
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