Suzuki Ignis 1.2 GLX SHVS – Ensaio
Texto: André Duarte
Na vanguarda das tendências
Certamente poucas são as vezes em que a afirmação “bom e barato” realmente se aplica. No caso do Ignis, estamos inegavelmente perante uma delas…
O Suzuki Ignis surge com medidas compactas (3700 mm de comprimento, 1690 mm de largura e 1595 mm de altura) bem ao jeito das exigências de um citadino. A sua forma ‘aquadradada’, de linhas direitas, dilui-se pela sensação de prazer visual do conjunto, de tendência elevada, a que a altura ao solo de 180 mm lhe atribui a compostura de ‘mini’ SUV. À luz das tendências e requisitos atuais, surge com várias possibilidades de personalização, que vão desde a cor das barras de tejadilho, capas dos retrovisores, contornos dos grupos óticos, grelha, e faróis de nevoeiro dianteiros, que contrastam com a cor da carroçaria. A tendência é seguida no interior, com os puxadores das portas, cores dos plásticos na consola central, portas e tablier, assim como nos contornos das saídas de ar condicionado, a encontrarem-se em sintonia com a tonalidade exterior. Após o primeiro olhar, percebemos que estamos perante um produto de imagem jovial e refrescante, como um ‘miúdo’ imbuído pelo espírito das novas tendências. Enlevados por esta aura, fomos conhecê-lo em estrada…
Um prazer
Logo após um breve contacto, cedo ficamos rendidos. O Ignis é aquele adolescente endiabrado que quer mostrar-se, tirar partido da vida e isso sente-se ao volante. A potência de 90 cv adequa-se perfeitamente à sua estrutura e vocação, a que se junta uma caixa manual de 5 relações com um escalonamento a rigor. No processo de condução, o sistema híbrido SHVS (Smart Hybrid Vehicle by Suzuki) fornece até 4 cv extra, tendo por base uma bateria de iões de lítio de 3kWh que apoia o motor a gasolina de acordo com as necessidades de aceleração, com a bateria a ser recarregada em todos os momentos de travagem ou desaceleração. Na prática, revela-se uma ajuda subtil no trabalho do motor de combustão, garantindo-lhe um ligeiro ‘aconchego’ na realização da sua tarefa de propulsão e contribuindo para a otimização dos consumos. Este conseguem-se cifrar na casa dos 5l/100 km/h, um registo perfeitamente adequado a um modelo previsivelmente direcionado a uma utilização maioritariamente urbana.
A suspensão permite encararmos o dia a dia com tranquilidade, apesar de em pisos mais degradados se sentir alguma rigidez. Já o seu baixo peso, de 835 kg, revela-se uma grande mais valia em termos de maneabilidade e agilidade em estrada, sendo um carro de comportamento muito honesto e perceptível nas reações.
Apresenta ainda uma interessante particularidade, cada vez mais ausente nos dias que correm – ‘feeling’ de condução. Sentimos que temos um carro nas mãos, algo que paulatinamente se tem vindo a perder, fruto da evolução tecnológica, que, na maioria dos modelos, suprime de tal maneira todas as perturbações e ruídos que muitas vezes mudamos de modelos e dificilmente conseguimos encontrar algo que os diferencie e lhes atribua um toque de personalidade própria, de que, independentemente dos gostos, o Ignis é possuidor.
Bom companheiro
Depois de com ele melhor privarmos, avalizamos a ideia inicial – o Ignis revela-se aquele amigo que encanta desde o primeiro momento, pronto para nos acompanhar no dia a dia e que nunca desilude. Uma proposta perfeitamente enquadrada para os desafios citadinos, mas que permite viagens mais longas sem as tornar desconfortáveis para o corpo.
Tudo, enquanto circulamos num habitáculo focado na funcionalidade, com vários espaços de arrumação e, na medida certa, talhado para a comodidade que uma utilização diária e pragmática requerem, sem descurar as tecnologias que hoje são um ‘habitué’: ecrã tátil na consola central com um toque muito agradável; ligação para smartphones; câmara de visão traseira; sistema de navegação; bancos dianteiros aquecidos; controlo e limitador de velocidade; volante multifunções; faróis automáticos e luzes diurnas LED; alerta de mudança de faixa; travagem de emergência autónoma e alerta anti fadiga.
Relação qualidade/preço
Na despedida, o Ignis deixa-nos… um grande satisfação. É divertido e está na moda. É um pequeno modelo que surge perfeitamente consciente e enquadrado às exigências da atualidade e se encontra de acordo com as prerrogativas do que se pretende de um automóvel para o dia a dia, trazendo com ele um grande bónus, o preço. Os 15.734€ da versão ensaiada (14.734€ com as campanhas em vigor) justificam-se na plenitude e garantem a aquisição de um produto que é um gosto de conduzir.
Mais: Preço; Imagem; Prazer de Condução
Menos: Alguns plásticos no interior
Ficha técnica
Motor 4 cil., injeção direta, 1.242 cc
Potência 90 cv/6000 rpm
Binário 120 Nm/4400 rpm
Transmissão dianteira, caixa manual de 5 vel.
Suspensão MacPherson com molas helicoidais à frente e eixo de torção com molas helicoidais atrás
Travagem DV/Tambor
Peso 910 kg (c/condutor 75 kg)
Mala 260l
Depósito 32l
Vel. Máx. 170 km/h
Aceleração 0 aos 100 km/h 11,8s
Consumo médio 4,3l/100 km
Consumo médio AutoSport 5l/100 km
Emissões CO2 97 g/km
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